MARCELO ROCHA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A Polícia Federal prendeu em Brasília na noite desta terça-feira (6) Milton Baldin, empresário de Mato Grosso que convocou atiradores e caminhoneiros a participarem de protestos em apoio a Jair Bolsonaro (PL).
Baldin foi preso por volta das 20h no acampamento bolsonarista montado em frente ao QG do Exército na capital do país. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator de investigações sobre a organização e o financiamento de manifestações antidemocráticas.
O empresário foi levado pelos policiais para prestar depoimento na Superintendência da PF em Brasília.
Apoiadores de Bolsonaro cobram as Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro teve uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país. O ato em frente ao QG em Brasília é um desses pelo país.
“Gostaria de pedir ao agronegócio, a todos empresários, que deem férias aos caminhoneiros e mandem os caminhoneiros vir para Brasília, que nós estamos precisamos de peso e de força aqui”, disse ele, em vídeo divulgado nas redes sociais no último dia 26 de novembro.
“São só 15 dias, não vai fazer diferença. E também queria pedir aos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores), que têm armas legais, hoje nós somos, inclusive eu, 900 mil atiradores, venham aqui mostrar presença.”
Usando um microfone e falando para um grupo de manifestantes de cima de um palco improvisado próximo ao quartel, ele questionou o que ocorreria no próximo dia 19 -data limite para a diplomação de Lula, após a vitória na disputa presidencial.
“Se nós perdermos essa batalha, o que vocês acham que vai acontecer dia 19? Vão entregar as armas. E aí o que vão falar? ‘Perdeu, mané.’ E como nós vamos defender a nossa propriedade e a nossa família?”
O acampamento nas imediações do QG do Exército foi montado após a derrota de Bolsonaro no segundo turno das eleições. As primeiras manifestações ocorreram em rodovias federais. Foram registradas centenas de bloqueios e interdições nas cinco regiões do país.
Por ordem de Moraes, que cogitou mandar prender o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, pela inação do departamento nas primeiras 24 horas de protestos, os agentes rodoviários atuaram para liberar as estradas.
As proximidades de unidades das Forças Armadas, principalmente do Exército, passaram, então, a ser os principais pontos de concentração de bolsonaristas inconformados com o resultado das urnas.
A indignação diante da derrota -não aceita, pois a crença geral é que houve fraude- intensificou o agrupamento dos bolsonaristas mais radicais em torno de teorias conspiratórias, que não ficaram restritas a fóruns fechados, como antigamente, mas expostas em grupos abertos de Telegram, nas redes sociais, em lives com milhares de visualizações e nas ruas.
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A REALIDADE PARALELA DE GRUPOS ANTIDEMOCRÁTICOS
– A ideia difundida é que o artigo 142 da Constituição Federal serviria para apoiar uma intervenção federal, solicitada por Bolsonaro para acalmar os ânimos da população. Para juristas, esse artigo serve justamente para impedir um golpe
– Protestos teriam que durar no mínimo 72 horas para que as Forças Armadas atuassem
– Bolsonaro estaria impedido de falar publicamente que apoia intervenção, portanto emitiria códigos, como o brasão do Exército em uma live e um erro proposital de português que gerou um SOS
– É preciso inundar as redes oficiais das Forças Armadas com pedidos de ajuda, assim elas estão aptas a agir
– A mídia internacional estaria ciente da fraude eleitoral no Brasil
– A eleição teria sido fraudada, seja por problema nas urnas ou pelo suposto conluio político das autoridades e do PT
– Alexandre de Moraes teria sido preso três dias depois do segundo turno
– Relatório sobre fraude atribuído às Forças Armadas durante a semana passou a ser ligado a uma consultoria de direita argentina