Bola

Viajando nas páginas do mundo da bola

A proprietária da Fox, Débora Miranda, de 63 anos, em conversa com a reportagem, justificou a ínfima quantidade de produtos relacionados ao Mundial. "A procura é muito pequena", disse. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
A proprietária da Fox, Débora Miranda, de 63 anos, em conversa com a reportagem, justificou a ínfima quantidade de produtos relacionados ao Mundial. "A procura é muito pequena", disse. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Nildo Lima

A disputa de Copa do Mundo proporciona, tradicionalmente, jogos emocionantes, gols de tirar o fôlego, lances de arrepiar, entre tantos outros momentos inesquecíveis, que o futebol é capaz de oferecer ao público, seja ele formado por aficionados pelo mundo da bola ou apenas de ocasião.

Mas, o maior evento esportivo do planeta terra também oferece, de quatro em quatro anos, uma enxurrada de livros relacionados ao tema. São publicações destinadas aos mais variados gostos, indo de biografias, almanaques e história dos Mundiais, passando pelo imortal romance e, claro, livros infantis.

Antes mesmo de a bola começar a rolar no Qatar para a 22ª edição do Mundial, as editoras já  despejavam no mercado uma grande quantidade de produtos relacionados ao tema. Livros que passaram a ganhar espaço nas prateleiras e vitrines das casas especializadas, como se dizia lá por volta de 1930, quando a competição teve a sua primeira edição, no Uruguai.

Época em que o futebol ainda não havia entrado no campo literário, como agora. São lançamentos e, em alguns casos, relançamentos de obras clássicas, alusivos ao futebol, cuja venda em maior quantidade acontece no mercado virtual.

A cada nova edição da Copa, cresce o número de publicações e, consequentemente, a quantidade de pessoas dispostas a conhecer mais sobre o futebol, seja lendo um livro-reportagem, a biografia de um craque que fez ou faz história no futebol ou algo mais ficcional, tipo romance.

Este ano, com a disputa do Mundial se desenrolando no país árabe, diversos títulos são disponibilizados no mercado, publicados por editoras tradicionais e outras especializadas em esportes, entre estas, a Grande Área, Corner e Maquinaria, por exemplo. Outras obras são lançadas por seus autores de maneira independente.

O leitor do DIÁRIO poderá conhecer aqui nestas páginas, algumas das muitas obras literárias ligadas ao futebol, assim como o caminho das pedras para chegar até elas, seja no mercado físico ou virtual. Há também a dica de quem possui um dos maiores acervos literários do futebol, no caso, o jornalista e historiador piauiense, Severino Filho, ele mesmo autor de várias obras, entre elas o recém-lançado “Diário do Rei”, que tem Pelé, o Craque de Todos os Séculos, como protagonista.

Lamentavelmente, as poucas livrarias locais não oferecem grandes opções ao consumidor de futebol, mesmo em se tratando de época de Copa do Mundo. Um problema que, felizmente, pode ser tranquilamente resolvido com a internet aí mesmo na cara do gol, como se diz, onde o leitor pode fazer suas compras direto nas próprias editoras e livrarias de fora do Estado, como neste último caso, a Pontes, especializada em esportes e com um vasto acervo disponibilizado aos seus clientes.

 

Publicações contam a história do Mundial

Duas das principais editoras especializadas em livros de futebol, a Grande Área e a Corner, lançaram este ano cinco títulos específicos sobre Mundiais. Envolvida, também, pelo clima do Mundial do Qatar, a Maquinária Editora, que conta com um imenso catálogo sobre o tema, também colocou no mercado três obras imperdíveis.

O livro escrito pelo jornalista Lycio Vellozo Ribas, cujo título é “O Livro de Ouro das Copas” é outro lançamento fantástico para quem pretende se inteirar sobre a fascinante competição mundial. As obras são apresentadas em pequeno resumo nesta página, como um pequeno Guia de Compras para o leitor.

O gerente da Grande Área, Bruno Giovanni, de 36 anos, se diz satisfeito com a procura do público pelos livros da editora, o que, conforme conta, não chega a ser surpresa. “Em época de Copa do Mundo, como agora, a gente sempre espera um aquecimento nas vendas”, revela. “Este ano não está sendo diferente, ainda mais com o período de Black Friday”, complementa. Além dos livros relacionados especificamente à história dos Mundiais, a editora tem outros títulos, num total de mais de dez, em seu catálogo, todos eles sobre futebol.

O escritor Roberto Sander, de 64 anos, dono da Maquinária Editora, com a experiência de atuar no ramo desde 2008, diz que as vendas de publicações referentes ao Mundial e seleções sofre um aumento durante a realização da competição, mas é inferior a registrado no consumo de obras voltadas para outras vertentes da área esportiva. “A procura do leitor por este tipo de obra aumenta, mas ainda assim não chega a ser algo tão significativo, comparada a venda de livros que contam histórias de clubes e biografias de ídolos dessas agremiações”, explica.

Indiferente ao pensamento de Sander, o autor Lycio Vellozo Ribas resolveu se atirar à produção de “O Livro de Ouro das Copas”, dois anos após os 7 a 1 aplicados pela Alemanha no Brasil, no Mundial de 2014. O jornalista se diz feliz com o retorno dado pelo público. E nem poderia ser diferente, afinal de contas, o livro vem tendo grande vendagem, merecendo destaque nas livrarias e nos sites de venda da internet. “É algo gratificante em razão de todo o tempo que levei para coletar informações e escrever a obra”, afirma Lycio, que chega ao seu terceiro livro, todos relacionados à Copa do Mundo.

 

ALGUMAS OBRAS LANÇADAS NO MERCADO

  • Samurais Azuis, de Tiago Bontem, Editora Corner – Conta a história do futebol japonês, que teve no craque brasileiro Zico um de seus grandes incentivadores, primeiro como jogador e, depois como técnico.
  • Anatomia do Sarriá, de Piero Trellini, Editora Grande Área – Como nascem os protagonistas, como ocorrem os fatos e quais as consequências provocadas por um dos melhores e mais memoráveis jogos da história do futebol.
  • Brasil 50, de Toni Padilla, Editora Grande Área – Conta a história do Mundial de 1950 sem passar obrigatoriamente pela lembrança de dois nomes próprios, Alcides Ghiggia e Moacir Barbosa, e de um epíteto, Maracanazo, palavra que incorpora o jogo e a alma daquele Brasil x Uruguai de 16 de julho, no Maracanã.
  • México 70, de Andrew Downie, Editora Grande Área – Uma história narrada através dos depoimentos de participantes das dezesseis seleções, incluindo, é claro, os brasileiros tricampeões do mundo, responsáveis pela conquista definitiva da Taça Jules Rimet, no dia 21 de junho de 1970.
  • O Livro de Ouro das Copas, de Lycio Vellozo Ribas, Faro Editorial – Quais foram os jogos mais importantes das Copas do Mundo? O que Messi, Maradona, Romário e Roberto Carlos têm em comum? Quem são os grandes reis de Copas? As maiores polêmicas? Os goleiros históricos? E as grandes equipes que nunca ganharam um título? Esses são pequenos aperitivos do que você irá encontrar em “O Livro de Ouro das Copas”, uma obra que revisita todos os Mundiais desde 1930.

 

Livrarias físicas oferecem poucas obras

Quem resolve procurar por livros relacionados à Copa do Mundo nas livrarias de Belém acaba tendo uma grande decepção. Desta forma, a saída acaba sendo partir para os pedidos em lojas virtuais. Os estabelecimentos locais, indiferentes ao Mundial do Qatar, oferecem poucas opções de leitura, em que pese a grande quantidade de obras sobre o tema lançadas por editoras e autores independentes.

A reportagem do DIÁRIO visitou, na última quinta-feira (1º), três pontos de venda e quase nada encontrou nas prateleiras e expositores das lojas.

Na Fox, no bairro de Batista Campos, por exemplo, são apenas duas as publicações que tratam de Mundial: “O Livro de Ouro das Copas”, do jornalista Lycio Vellozo Ribas, e o infantil “A Copa do Mundo Faz de Conta”.

Na livraria Leitura, no Shopping Pátio Belém, há apenas o livro de Lycio Vellozo. Na livraria Saraiva, do Shopping Boulevard, nada de diferente. As livrarias até possuem estantes destinadas a livros da área esportiva, mas com publicações referentes a biografias de jogadores, clubes e histórias de outras competições.

A proprietária da Fox, Débora Miranda, de 63 anos, em conversa com a reportagem, justificou a ínfima quantidade de produtos relacionados ao Mundial. “A procura é muito pequena”, disse. “O que envolve a Copa sai bem pouco”, argumentou ela, admitindo, porém, que a venda de “O Livro de Ouro das Copas” é boa, assim como uma das vendedoras da loja. “A procura por este livro está sendo positiva, com boa venda”, resumiu a vendedora Diana Costa, de 33 anos, que há 13 anos trabalha na empresa.