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Conexões absurdas e um turismo expresso em Manaus

O imponente Teatro Amazonas
O imponente Teatro Amazonas

Com a malha aérea ainda em recuperação após a fase mais aguda da pandemia de
Covid-19, não é incomum comprar passagens com conexões de horas em lugares que geograficamente nada tem a ver com o destino de partida e o destino de origem dos passageiros. Para quem prefere pagar menos e aceita essas paradas para troca de aeronaves em cidades que não tem relação com o roteiro planejado, a dica é aproveitar as muitas horas para conhecer ao menos um pouco da cidade da parada, nessa espécie de stopover forçada.

Em minha última viagem entre Belém e São Paulo, fui “premiado” com um retorno para a capital paraense que dava uma parada em Manaus, no Amazonas. O voo com saída de Guarulhos (SP) passou direto para a capital amazonense, chegando por volta de 15h e só partindo para Belém na manhã seguinte, por volta de meio-dia. Tempo suficiente para fazer um passeio depois de arrumar um hotel para passar a noite.

E foi assim que fui parar no Largo de São Sebastião, no Centro manauara, onde está localizado o imponente Teatro Amazonas. O ponto turístico envolve toda a área do entorno da Praça de São Sebastião, onde fica também a Igreja de São Sebastião, construída em 1888, um pouco mais velha do que o teatro, de 1896.

Largo de São Sebastião

Uma das coisas que chamam a atenção Largo é o calçadão imenso, em pedras
portuguesas, que imita o encontro das águas entre os rios Negro e Solimões. O
desenho é bastante parecido com o do calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro,
mas saiba que ele foi construído bem antes em Manaus, entre o final do Século 19 e início do Século 20, sendo inaugurado em 1901, enquanto o do Rio em 1905. Ou seja, se houve inspiração, foi dos cariocas…

Igreja de São Sebastião

Ao centro do Largo fica o Monumento à Abertura dos Portos, do escultor italiano
Domenico de Angelis. Aberto dia e noite, o espaço rende belas fotografias, a qualquer hora. À noite, apesar de ficar um pouco mais deserto, como em qualquer centro de cidade grande, ainda assim tem movimentação nos bares. Por indicação de um ex-morador de Manaus, conheci o Bar do Armando, um reduto boêmio, no mesmo estilo do Bar do Parque, mas com a diferença de que fica localizado em um casarão antigo.

Fachada do Bar do Armando

O botequim é considerado o mais tradicional da cidade, sendo patrimônio imaterial. A pluralidade de tribos que o frequentam também é outra característica a ser reparada. Vale a pena dar uma parada para tomar uma cervejinha gelada e jogar conversa fora, enquanto a música ao vivo toca sucessos da MPB e da música local.

Nesse passeio, admirar o Teatro Amazonas e imaginar que ali, assim como no
Theatro da Paz, em Belém, recitais e óperas se confundem com os sons da floresta, enche de orgulho qualquer nortista. Manaus e Belém, claro, têm muito em comum, inclusive o calor!

A única coisa que não dá para aceitar é aquela rivalidade que muitos ainda teimam em reacender. No hotel, durante o café da manhã, um inglês comentou
com um casal amazonense ao lado sobre a castanha do Pará e, foi repreendido de
que era “castanha do Brasil”, juntamente com uma “aula” sobre o “motivo” da
mudança. Considerações desnecessárias, carregadas de um bairrismo que deveria
era ser abolido em nome da união da nossa Região Norte. Afinal, juntos somos mais fortes! E, sim, deu vontade de voltar em Manaus e explorar mais a cidade que tem muito mais a oferecer…

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