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Antonio Fagundes volta a ser o Todo Poderoso em filme

foto: reprodução/ Instagram
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Vinte e um anos depois de “Deus é Brasileiro”, o primeiro filme da franquia, o elenco volta ao set para as gravações de “Deus Ainda é Brasileiro”, que promete ser uma nova história. Dirigido pelo icônico Cacá Diegues, a narrativa traz novos personagens e situações de um Brasil real, porém, busca desvincular a carga pesada do panorama político brasileiro, resgatando a leveza do humor.

As informações foram divulgadas em uma coletiva de imprensa virtual, da qual o TDB participou, na última quinta-feira, 24. O longa trará novamente Antonio Fagundes no papel de Deus, e conta também com os atores Otávio Müller e Bruce Gomlevsky. As atrizes alagoanas Ivana Iza, como Madá e Laila Vieira, como a personagem Linda, completam a base do elenco.

A produção do filme é de Paula Barreto (filha do cineasta Luiz Carlos Barreto e de Luci Barreto), e conta com locações na Praia de Ipioca, no bairro histórico do Jaraguá e no Parque Municipal de Maceió. O longa-metragem também irá mostrar a cidade de Piranhas e outros locais no sertão de Alagoas, incluindo a Ilha do Ferro, expoente do artesanato alagoano. “É uma honra para mim, porque quem produziu o primeiro filme foi minha mãe, a Luci. Então, é uma honra para mim poder produzir um filme com o mestre Cacá Diegues, um ícone do cinema brasileiro e mundial”, enalteceu Paula Barreto.

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O alagoano Cacá Diegues disse que gravar um filme inteiro no seu próprio estado era o que ele mais queria fazer. “É a primeira vez que gravo um filme inteiro em Alagoas e devo isso a meus amigos alagoanos que me ajudaram a montar este filme aqui. Na verdade, o filme poderia se passar em qualquer lugar do país, mas gostaria que fosse aqui porque é minha terra, então tinha essa vontade de fazer um filme inteiro aqui”, disse.

E completou: “Estou muito feliz de fazer esse filme com a LC Barreto. O ‘Bye, bye, Brasil’ foi produzido pela Luci, a mãe da Paula Barreto. Nós fizemos um acordo para que não contratasse pessoas somente do Rio de Janeiro, então, 70% da equipe é alagoana, inclusive no elenco, que a maioria é daqui mesmo, então, estou muito satisfeito”, afirmou.

NARRATIVA
Para o cineasta, o segundo filme busca contar uma nova história do primeiro. “A ideia do filme é relativamente modesta porque ele é uma espécie de consequência do primeiro ‘Deus é Brasileiro’, que era muito mais da época, que falava da situação que o país atravessava naquele momento. Mas era um Deus que queria descansar, entrar de férias. Agora não, é diferente, o filme não tem nada a ver com o primeiro nesse sentido. Do primeiro, são os mesmos personagens. Costumo dizer que este é uma comédia cínica, tratando de problemas reais do Brasil, mas ele é cômico, é engraçado. Graças a Deus, ele continua sendo brasileiro”, descreveu.

Agora, o mundo da arte já tem uma referência de quem é Deus, aponta o protagonista. “As pessoas sempre me perguntam quais são as minhas referências para fazer Deus, e não tem referência. E a partir de agora tem: sou eu (risos). Acho que agora, as pessoas vão começar a fazer igual ou diferente do que eu fiz. De qualquer forma, voltar a este tema 21 anos depois é um prazer enorme. Acho que é muito importante para o que a gente está vivendo neste momento”, considera Fagundes.

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NOVATO
O ator Otávio Müller dá vida a Carlitão, que é, nas palavras de Fagundes, um picareta. “O Carlitão não estava no primeiro filme. Não sei se o Cacá concorda comigo, a gente nunca conversou desse caso específico, acho que ele é um atravessador, é aquele cara que está ali nos bastidores. Ele é um personagem rico até por conta dos apontamentos, que o Cacá dá que são muito precisos. Eu gosto do roteiro desde da primeira vez que tive contato com ele, o Cacá sabe disso”, contou o ator, que recentemente deixou a Globo.

Otávio, que é um dos grandes atores do Brasil, disse que recebeu alguns feedbacks do próprio diretor. “Na hora que a gente estava no set, veio o Cacá e me deu uns toques muito pontuais, então, acho que estou tentando desenhar um “nordestinês” que eu não vou saber de que localidade é. Tem humor nele. É preciso ainda que a gente dê uma roupagem para ele. Eu estou muito feliz de trabalhar com todo esse povo que está aqui. A equipe toda, tanto a que veio do Rio quanto a que está aqui. Ela é preciosíssima”, elogiou.

A atriz Ivana Iza é outra protagonista ao lado de Fagundes. Ela faz a personagem Madá. “Estou numa alegria tão grande por estar ao lado dessas pessoas, especialmente, de Antonio Fagundes – que às vezes paro de atuar para olhar para ele. Cacá – que é uma das coisas mais incríveis que já aconteceram na minha vida – que a primeira vez que eu fui para o cinema, ele é que me levou, há 22 anos, eu uma menina também. Estou muito grata por toda a oportunidade, honrada mesmo que aprendo, e engrandece meu trabalho de atriz. Estou fazendo a Madá, que anteriormente foi feito pela Paloma Duarte. É uma honra trazer essa personagem para outro lugar de atuação, muito mais madura agora”, disse.

Para Laila Vieira é um sonho realizado integrar este elenco. “É um grande presente na minha vida estar ao lado dessas pessoas. É uma oportunidade inteiramente linda e trabalhar com eles está sendo incrível. A minha personagem é a Linda, é muito gostoso fazer esse papel. A comparação que faço entre mim e ela é que ela é doce, carismática, mas ainda vem bem despojada, bem jovem e vai abrilhantar este filme, tenho certeza que muita gente vai gostar. É um sonho pra mim fazer um filme de Cacá. Era algo bem distante da minha realidade”, relatou.

GENEROSO
As características do cineasta alagoano foram destacadas por Ivana. “A Madá surgiu para mim com uma novidade, não sabia que eu ia fazer essa personagem. Ela está num lugar diferente de atuação do filme, num momento muito específico de vida, mas sensível e delicado porque a situação a obriga a estar naquele sentimento. Para mim, é sempre diferente porque cada personagem é único, cada um vai acontecendo de uma forma muito diferente e o Cacá deixa que a gente crie para além do que ele nos oferece dentro do roteiro. Isso é lindo de ver, geralmente vemos um controle. Mas o Cacá é leve, doce, ele vê você, assim, o personagem tende a se tornar cada vez melhor – porque nos proporciona criar, então um personagem que vai se construindo a cada dia”.

Fagundes acredita que o filme é a própria mensagem. “A ideia do filme é mostrar os problemas do país, mas de forma suave. Nós somos todos realistas e esperançosos. O filme funciona um pouco com esse pensamento, de fazer alguma coisa para o povo ter mais esperança”, opinou o protagonista.

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O filme, talvez, pretende ressignificar alguns conceitos, analisou Cacá. “Eu não sei se ele quer ressignificar o conceito de Deus, mas o conceito de religião sim. A gente perdeu um pouco sobre o que é importante ou não. Acredito que quando a gente pensar mais em Deus e menos em religião, as coisas vão dar certo”, avaliou.

Fagundes completou: “Passamos nos últimos quatro anos por um desmanche. Sofremos um ataque direto e houve um desmanche cultural, o que a gente espera é que isso se reverta e a gente abra os olhos e veja a nossa cultura como um retrato da nossa identidade e a nossa esperança renasça tão forte para que isso não volte a acontecer”.

Texto: Wal Sarges