Diário no Qatar

Dois jogos, duas vitórias e muito mais coisas em comum

Dois jogos, duas vitórias e muito mais coisas em comum

Por Sérgio Augusto

Portugal e Brasil começaram bem a Copa no Qatar. Dois jogos, duas vitórias para cada, todo mundo satisfeito e coisa e tal. A “Última flor do Lácio” (tradução: Língua Portuguesa) une os dois países, assim como alguns pratos, expressões, costumes e tradições.

Quando se fala no Pará, então, a coisa fica forte como aquele tacacá fervendo em tarde chuvosa. Queres que eu prove? Lá vai: o culto a Nossa Senhora de Nazaré, que hoje leva às ruas de Belém 2,5 milhões de pessoas, todo segundo domingo de outubro, começou aqui em 1182 (isso mesmo, faz quase……mil anos).

Mas bola pra frente (ou pro “Matos”?) que isso aqui é sobre a Copa e não temos tempo a perder. Aqui, destes lados d’ Além-Mar, o futebol é parte da cultura lusitana. Tem o Futebol Clube do Porto, Benfica, Sporting e muitos outros clubes, mas quando aquela camisola vermelha, branca e verde entra no relvado, a coisa muda de figura.

Como é que é? Camisola? Relvado? Bem, camisola é a camiseta dos jogadores; relvado é o gramado. Tem ainda a pelota, a baliza, o guarda-redes, os avançados e outras e outras particularidades…..mas bola pro “Matos” (aliás, pra frente) que o jogo tá esquentando.

Os portugueses são dos maiores adeptos de futebol na Europa. Eles lotam as bancadas nos estádios e fazem barulho (sei, sei….adepto é torcedor e bancada é arquibancada…essa tradução simultânea é fogo, hein miúdos (garotos)?

O Benfica e o Porto já foram campeões europeus. E o Porto duas vezes campeão do mundo. Mas não foi nem um, nem em outro, que Cristiano Ronaldo surgiu para o futebol. Ele deu os primeiros arremates na base do Sporting. Vou chutar e ver se acerto: arremate é chute? (E não é que deu certo???????)

Mas voltando ao relvado, a Seleção Portuguesa, com certeza, é uma paixão nacional. Quando despontam na TV as imagens em direto, é um corte na respiração. Já explico: em direto quer dizer “ao vivo”. E os portugueses vivem a torcer pela equipa lusa.

Nas ruas, a torcida é mais discreta que a dos brasileiros. Até agora já foram duas vitórias dos portugueses e garanto que não ouvi um único rojão nas ruas, nem a buzina dos carros ou a gritaria pra comemorar os triunfos. Prudência é tudo, já diziam os antepassados. E estão mais do que certos.

Mas uma coisa é bem especial aqui em Portugal. Quando a Seleção Brasileira entra em campo, a admiração pelo futebol brazuca também é grande. E essa é fácil de responder: muitos brasileiros já foram ídolos aqui.

Casagrande, Juary, Branco, Diego, Carlos Alberto, Jardel e o “Rei Artur” (eterno ídolo remista), no Porto, além de Aldair, Mozer e Ricardo Gomes no Benfica, dentre outros, já fizeram a felicidade das torcidas com gols decisivos e títulos inesquecíveis.

E é por conta dessa união de laços de mais de 500 anos que eu torço para que não haja um Brasil x Portugal nessa Copa. Se isso acontecer, o paratuga (paraense + portuga) aqui vai, é claro, torcer pelo Brasil, mas ao mesmo tempo pelo empate. Essa terra que tão bem acolhe os que aqui chegam merece todas as nossas reverências e respeitos, especialmente dentro de campo.

É isso aí, malta (em tradução livre: galera): torçam daí da nossa amada Belém do Pará que eu torço daqui de Portugal, já com um certo sotaque lusíada, ora, pois, pois…..

 

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Sérgio Augusto é jornalista
Paratuga – a Copa pelos olhos de um paraense em Portugal