Diário no Qatar

Com geração de ouro, Brasil tenta sobreviver sem Neymar

O Brasil vai buscar a segunda vitória agora sem seu maior craque. Foto: Lucas Figueiredo/CBF
O Brasil vai buscar a segunda vitória agora sem seu maior craque. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

GABRIEL CARNEIRO, IGOR SIQUEIRA, DANILO LAVIERI E PEDRO LOPES
DOHA, QATAR (UOL/FOLHAPRESS)

O Brasil entra em nesta segunda-feira (28), diante da Suíça, a partir das 13h (de Brasília). A partida, segunda da seleção na Copa do Mundo, é uma oportunidade para a nova geração de ouro brasileira, que conta com Raphinha, Vini Jr., Antony, Rodrigo e Richarlison, mostrar que a “Neymardependência” ficou no passado.

Na Era Tite, a seleção foi até campeã da Copa América de 2019 sem o seu camisa 10, mas pela terceira vez será testada em uma Copa do Mundo sem sua principal referência 100% fisicamente — as outras duas terminaram em amargas eliminações.

Neymar desfalcou a seleção em Copas pelas últimas nas semifinais de 2014. Na ocasião, ficou fora por conta de uma lesão nas costas e gerou um forte impacto emocional em seus companheiros. O jogo terminou na tragédia do 7 a 1.

Tratar a ausência com normalidade, aliás, é uma estratégia dessa seleção para que o desfalque não vire catástrofe como há oito anos. É o primeiro desafio para ser superado pelo atual grupo, que é formado em sua grande maioria no ataque por jovens que têm em Neymar o seu grande espelho.

Os mais velhos, que não se inspiram no atacante, também são fãs convictos do futebol do camisa 10 e o tratam como unanimidade no vestiário. Não há um atleta no grupo que não o considere líder técnico.

Não é à toa que, antes mesmo de qualquer exame de imagem, Tite enfatizou em entrevista coletiva que a lesão contra a Sérvia não era o fim da trajetória de seu craque na competição. O discurso ecoou no vestiário e foi repetido insistentemente na zona mista pelos jogadores.

Agora, com o exame em mãos e a gravidade já oficializada pelo departamento médico, o discurso é de que o elenco tem opções para substituir Neymar e que ele ainda vai ter a oportunidade de pisar nos gramados do Qatar.

Pela primeira vez em quase uma década, há fartura de opções para formar um ataque que desperta medo em praticamente todos os rivais. Manter o mesmo nível técnico é o segundo desafio desse grupo. Antony, Rodrygo, Vinicius Junior, Raphinha e Gabriel Martinelli são os chamados perninhas rápidas que tentam dividir o protagonismo com Ney nessa competição. Eles servem um ataque que tem Richarlison, Gabriel Jesus e Pedro como opções.

Desses todos, apenas dois jogaram a Copa América de 2019 quando Tite conquistou seu único título à frente da seleção brasileira, curiosamente sem a presença de Neymar: Gabriel Jesus, que fez gol, mas acabou expulso na final e hoje é reserva, e Richarlison, que naquela época estava no banco e agora surge como candidato a xodó do país após a excelente estreia.

Os números do atual ciclo mostram que a diferença não é tão grande com e sem ele em campo. São quase 84% de aproveitamento quando ele joga e 76% quando o jogador do PSG fica fora de campo. Na história da Copa, no entanto, o desempenho sem ele é de 0%: dois jogos e duas derrotas, com 10 gols sofridos e apenas um marcado contra Alemanha na semifinal e Holanda na disputa de 3º e 4º.

Por enquanto, a certeza é que, contra a Suíça, Neymar não estará em campo. A comissão técnica está pronta, no entanto, para usar o jogador no sacrifício na terceira rodada em caso de tropeço inesperado hoje. Se o favoritismo se confirmar, no entanto, ele volta apenas no mata-mata.