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Mostra reúne alunos de dança inclusiva do Curro Velho

Espetáculo foi montado como culminância do trabalho nas oficinas de dança ao longo de 2022. Foto: Magda Pinto/Divulgação
Espetáculo foi montado como culminância do trabalho nas oficinas de dança ao longo de 2022. Foto: Magda Pinto/Divulgação

Wal Sarges

Mais de 30 bailarinos sobem ao palco do teatro do Curro Velho, em Belém, para apresentar o resultado de oficinas realizadas no espaço. É a Mostra de Dança e Inclusão, que ocorre neste domingo, 27, às 17h30, com entrada gratuita. Os espetáculos e as aulas realizadas junto às crianças e jovens são coordenadas pela coreógrafa Thays Reis, técnica em gestão cultural da Fundação Cultural do Pará e também integrante da companhia de dança Do Nosso Jeito, conhecida por promover arte com acessibilidade.

Os alunos estão ensaiando há um mês para apresentar o que aprenderam. Há uma turma de dança criativa e inclusão com jovens autistas e com Síndrome de Down, e outra turminha com usuárias de cadeiras de rodas, que vão dançar a coreografia “Jardim das Fadas”, elaborada por Thays. Elas se destacam ainda por terem participado do Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeiras de Rodas, em setembro, em Poços de Caldas (MG).

“Vamos ter ainda a participação da Cia. Do Nosso Jeito, que vai apresentar várias coreografias nesse espetáculo. Estará com a gente na mostra o bailarino Adriano Silva, o Japa, que está com um grande alcance nacional depois de ter dançado com a cantora Joelma”, acrescenta a coordenadora do evento.

As danças foram coreografadas por ela e ainda pelas professoras Kellen Melo e Jeniffer Soares e possuem temáticas variadas. Além da Cia do Nosso Jeito, outros convidados como o grupo da Fundação Pestalozzi participam da apresentação.

“A gente também pede que as pessoas sejam sensíveis para a utilização de máscaras descartáveis por ser um público com comorbidades. Então, disponibilizaremos máscaras e será fornecido álcool em gel”, reforça Thays.

TERAPÊUTICO

As oficinas acontecem há um ano no Curro Velho, com a realização em módulos. “Por isso que a gente vai fazer essa culminância de tudo o que foi abordado com eles. Os alunos estão muito felizes com esse tipo de prática. Eles ficam muito bem de se apresentar ao público. Por mais que seja um evento simples, para eles é algo muito grande e ganha uma mensuração que a gente não entende”, diz Thays.

O sentimento geral é de realização pessoal. “É um momento de atenção, em que as pessoas vão parar e admirá-los de uma forma positiva enquanto artistas, pessoas capazes de fazer arte. Essa deficiência desaparece no palco e nas apresentações”, orgulha-se a coreógrafa.

Alguns relatos de mães de alunos mostram, conta Thays, que os filhos faziam várias terapias e não tinham um desenvolvimento tão rápido quanto na dança. “Uma das crianças não tinha autonomia para empurrar a própria cadeira, mas com o estímulo da dança, dos professores, e observando os colegas da turma, passou a mudar”.

Vitória, uma menina de seis anos, foi uma destas alunas destemidas. “Ela está superempolgada com a independência de dançar só [sem um bailarino andante conduzindo a cadeira]. São melhorias em vários aspectos, tanto no motor quanto emocional”, acrescenta Thays.

Elizabete Motta, mãe de Sthefane, de 15 anos, conta que antes da pandemia acompanhava a filha na dança, conduzindo a cadeira dela, mas hoje a jovem dança sozinha. “Autonomia, para mim, significa enfrentar a barreira física e psicológica, que é o caso da Sthefane. Tanto que incluímos para ela a dança como atividade terapêutica e hoje ela tem essa independência de tocar a cadeira, melhorou muito a parte psicológica e a socialização com as outras dançarinas”, orgulha-se a mãe.