Com referências pop e beats eletrônicos, que lembram o frevo, chega hoje, 23, às plataformas digitais, “A Casa Ainda é Você”, do cantor e compositor Raoni Figueiredo. O segundo disco da carreira do artista tem cinco faixas, composições de mais de dez anos. E apesar de ter sido concebido e gravado em 2017, foi engavetado até aqui. “Voltei a gravar em 2020, deveria ter sido meu primeiro álbum, mas acabou sendo o segundo”. O nome é inspirado na frase de outra canção do artista, chamada “Uma Vez Um Dia”.
Como relatou Raoni, em 2020, ele resolveu voltar ao projeto, mas teve que parar novamente por conta da pandemia, só podendo finalizá-lo agora. Mas antes, em 2021, presenteou o público com seu primeiro álbum, “Goteira”, gravado e lançado na pandemia, com distanciamento social, e produzido em casa.
Assim, “A Casa Ainda é Você” acabou sendo, de certa forma, uma continuação do primeiro. A sonoridade tem muito mais experimentações com synths e beats eletrônicos, mas ainda mantendo um estilo folk-rock-pop e insistindo numa afetiva investigação sobre subjetividades e vivências. “O primeiro álbum foi gravado todo dentro de casa e com uma temática forte, apontando para o momento da pandemia que vivíamos. ‘A Casa Ainda é Você’ é o álbum que respira depois de todo esse momento”, considera o artista.
SUBVERSIVO SER
O trabalho fala sobre pessoas, suas experiências e vivências, e tem produção musical de Rubens Guilhon, com gravações no estúdio Budokaos. “Eu uso o signo da casa, que traz essa dualidade contínua do interno com externo, das nossas subjetividades, segredos, o que silenciamos ou guardamos que acaba convivendo com tudo que nos atinge e atravessa, e que vem de fora. A casa é guardiã de nós mesmo, a casa somos nós. É preciso entrar para conhecê-la e cuidar sempre que possível”, reflete Raoni.
O músico destaca ainda a canção “Subversivo Ser”, inspirada em relações de resistência LGBTQIAP+, lançada com clipe no início de novembro. A canção é inspirada num documentário que trata sobre pessoas da comunidade LGBTQIAP+ e fala sobre resistência dessas pessoas que são consideradas subversivas só por existirem.
“É uma parte do álbum que gosto bastante”, diz Raoni. “Acredito que [Subversivo Ser] representa bem o todo, pela temática e por ter sido inspirada em um documentário que pude dirigir com o Dário Azevedo, professor da UFPA, que faleceu de Covid, uma pessoa a quem considerava um pai. Ele faz parte dessa ‘casa’ que construí e tenho cantado agora”, completa. A canção dialoga ainda com “Tropeço”, que trata sobre conseguir vencer a si próprio, as próprias dificuldades, e alcançar momentos felizes.
Com cerca de 10 anos de trajetória, Raoni lembra que, somente há poucos anos, está de fato gravando e lançando materiais. O primeiro single solo veio em 2018, chamado “Uma Vez um Dia”. E apenas em 2021 chegou “Goteira”. Antes, integrou bandas como Objeto Quase e Itinerário Boomerang, sempre com letras de fortes construções poéticas e baseadas em suas inquietações na vida.
“Acredito que pra todo artista e músico, lançar um trabalho e conseguir sintetizar parte do que se pensa, do que poetiza e fazer isso chegar até as pessoas, ver essas pessoas se identificando com esse trabalho, é um grande prazer e satisfação. Não tenho a presunção de mudar o mundo com a minha arte, nem acredito nisso, mas acho que a arte pode modificar micromundos, se minha música puder fazer isso, eu já fico feliz”, comenta Raoni.
EM BREVE
Após a chegada de “A Casa Ainda é Você” às plataformas digitais, o público poderá conferir o álbum ao vivo em show de lançamento marcado para o próximo dia 10 de dezembro, no Espaço Mazé, com banda e repertório que incluirá ainda as músicas do primeiro disco do cantor. “Será um show bem intimista com pequenas encenações, tudo é um convite à minha própria casa, e acontece no espaço de uma sala, os músicos são convidados, visitas íntimas de um dia qualquer”, sintetiza ele.
OUÇA
Disco “A Casa Ainda é Você”
Artista: Raoni Figueiredo
Quando: Hoje, desde a meia-noite
Onde: Plataformas digitais, com acesso também pelo Instagram (@raonifigueiredo)