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Roupa Nova, um clássico que não sai de moda e emociona multidões

O Roupa Nova levou a multidão ao delírio com seus hits em Belém. Foto: Leandro Santana/divulgação
O Roupa Nova levou a multidão ao delírio com seus hits em Belém. Foto: Leandro Santana/divulgação

Marta Cardoso

Eles já estavam com saudades de Belém: o Roupa Nova se apresentou na última segunda-feira, 14, na capital paraense, após intervalo de três anos. De 2019 para cá, muita coisa mudou, menos o frisson do público. O sexteto foi recebido na Assembleia Paraense, onde puderam cantar com o público sucessos que embalam 42 anos de carreira.

O show da véspera do feriado da Proclamação da República foi o primeiro com a nova formação da banda, que em 2020 perdeu o amigo Paulinho. O cantor, conhecido pelos vocais poderosos em “Volta Pra Mim” e “Linda Demais”, estava em tratamento contra o câncer e acabou morrendo em decorrência de complicações da covid-19. A missão de assumir o microfone ficou para Fábio Nestares, que ficou conhecido do público após participar do “Fama” (Globo). Nas redes sociais, a banda mostrava ansiedade para chegar a Belém. Nerastes foi só elogios e definiu a capital como uma cidade acolhedora.

Não faltaram hits sempre presentes nos setlists do Roupa Nova, como “Seguindo no Trem Azul”, “Dona”, “Meu Universo É Você” e “Coração Pirata”. A cada canção, o palco se transformava visualmente com ajuda de projeções que promoviam “mergulhos” nos temas de cada música.

A saudade apertou durante a exibição de imagens do clipe original de “Sapato Velho”, gravado em 1981. Lá estava o jovem sexteto formado pelo saudoso Paulinho, Cleberson Horsth, Kiko, Ricardo Feghali, Serginho Herval e Nando (este último ausente na apresentação em Belém).

O show também reservou espaço para “Maria Maria”, clássico de Milton Nascimento regravado pelo Roupa Nova em 1993, no álbum “De Volta ao Começo”. O músico carioca/mineiro, que se despediu recentemente dos palcos, é padrinho da banda. O nome Roupa Nova, aliás, é o mesmo de canção de autoria de Milton e Fernando Brant, gravada em 1980.

O público ainda foi surpreendido com medleys temáticos que conversam com diferentes gerações. Um deles é dedicado aos Beatles. Não ficou de fora o famoso à capela de “Yesterday”, que é tradição nos shows do Roupa Nova.

Outro momento inusitado foi o medley de hits do audiovisual, incluindo trilhas de “La Casa de Papel”, “Footloose” e “Frozen”. Sim, eles cantaram “Let It Go”, mostrando que são 40 anos de carreira bem vividos e com muita vitalidade.

Um dos integrantes que mais agitam a plateia, o guitarrista Kiko, conversou com o caderno VOCÊ sobre a turnê, a ausência de Paulinho e sobre a renovação do público ao longo da trajetória da banda.

– Vocês estão finalmente no palco para a comemoração dos 40 anos de carreira. Como está sendo fazer essa turnê?

Resposta: Foram 40 anos com o Paulinho e agora dois anos com Nestares, que chegou para somar. Tem sido fantástico ver que quase todos os shows estão sendo ‘sold out’. A galera estava carente de shows e nós também de cantar para eles. Estamos rodando o Brasil e sendo recebidos com muito carinho em
todos os lugares.

– O álbum de 40 anos e o show fazem homenagem ao Paulinho. O que fica dessa convivência?

Paulinho era um cara alegre, na dele, uma potência de artista. Fica muito amor e carinho que temos por ele, ele é eterno pra gente. Com certeza está num lugar lindo, vibrando por nós.

– Como é estar há tantos anos juntos e ainda na estrada?

A nossa diferença é o que nos une e nos fez chegar tão longe. Que bom que não temos os mesmos gostos e opiniões, que graça teria? A magia acontece quando a gente se junta para tocar, cada um imprimindo a sua personalidade. A paixão pela música e o que ela causa em cada ser nos move e nos inspira. Além do nosso público, que depois de 42 anos de estrada ainda consegue nos surpreender.

Com certeza, somos de outra época e tivemos que nos adaptar. E que bom, isso faz com que a gente nunca pare de sonhar e querer mais. Ser desafiado a criar novas coisas nos mantêm vivos e cheios de vontade de sempre mais. A cada apresentação, notamos que o público se renova. São os avós que levam os pais, os filhos e os netos. Que honra poder ser inspiração para tanta gente.