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A Copa é sempre das crianças (Coluna de Gerson Nogueira - 20/11)

A Copa é sempre das crianças (Coluna de Gerson Nogueira - 20/11)

P ara nós, brasileiros, a Copa do Mundo remete a memórias da infância. Todo mundo tem algo a lembrar das brincadeiras com bola, algumas de meia, que marcaram os primeiros contatos com o universo do futebol. A Copa entra nisso pelo aspecto da sagração do esporte.

Quando comecei a acompanhar jogos pelo rádio e a me interessar pelas notícias de jornal, o interesse inicial se concentrava nos clubes. De repente, a Copa do Mundo surgiu no meio do nada. A lembrança inicial que tive, ali pelos oito anos de idade, foi do desastre de 1966.

Meu pai-avô Juca contou e eu tentei entender os motivos de o Brasil se lascar nos campos da Inglaterra. Eu vivia encantado com as histórias de 1958 e 1962, sempre relatadas por meu pai José, e achava que a Seleção Brasileira era simplesmente imbatível.

É claro que não daria para assimilar os meandros do jogo, os erros de dirigentes e a barbeiragem da comissão técnica, que teve a ideia aloprada de convocar quatro times. Tempos depois aprendi o quanto o futebol pode ser bagunçado, justamente ao tomar conhecimento das lambanças de 1966.

Em 1970, fez-se a luz. Acompanhei pela Rádio Clube do Pará, com Edyr Proença no comando das transmissões, a Seleção dominar o mundo. Pensando como menino, eu achava que devia haver uma espécie de decreto universal dando ao Brasil a primazia absoluta no assunto futebol.

A Seleção do Tri, com seus astros de grande magnitude, triturou os adversários, encantou plateias de países que nunca disputaram um Mundial e entrou definitivamente para o panteão das verdades absolutas, se é que elas existem. O fato insofismável é que ninguém se atreve a dizer que houve um time melhor que ele.

Tostão, Rivellino, Gerson, Jairzinho, Carlos Alberto e Clodoaldo. Súditos maravilhosos de Sua Majestade. Ficou claro ali, no México, que o futebol tinha um Rei. E até hoje isso vale, pelo menos para mim.

Cresci amando futebol, tanto em seus cenários grandiosos quanto nos esquemas mais mambembes – por vezes, até mais nesses últimos. Abracei o ofício de palpitar futebol como cronista/analista, função que é pouco mais do que o bate-papo da esquina sobre o último jogo da semana.

Nunca foi mais que isso, nunca será menos, sendo que é uma bênção que tenha essa exata dimensão.

Simples, objetivo, claro e acessível. Assim vejo futebol, assim procuro falar sobre o tema, tão próximo dos quintais quanto das galáxias, mais ou menos como descrito na obra-prima “Febre de Bola”, de Nick Hornby, que faz da paixão arrebatada pelo Arsenal como razão de existir no mundo.

Cobri três Copas do Mundo, conheci países que jamais imaginei visitar, tudo graças ao velho e bom jogo de bola. Estive na Alemanha-2006, África do Sul-2010 e acompanhei nos mínimos detalhes a Copa das Copas de 2014 no Brasil.

Vou agora ao Oriente Médio, reportar sobre a Copa do Qatar. Um troço meio fora de propósito, uma gana de iniciante. O projeto, que é sempre muito pessoal, mas que guarda pretensões de abraçar o mundo.

Futebol é sobre isso. Afinal, pensando bem, é basicamente um desenho torto que só faz sentido na cabeça da meninada.

E que comecem os jogos.

 

Bola na Torre

O programa começa às 19h30, em função da transmissão da NBA pela RBATV. Guilherme Guerreiro na apresentação, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, a decisão da Copa Verde e o início da preparação dos clubes para o Campeonato Paraense de 2023. A edição é de Lourdes Cezar