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Copa movimenta de casas de apostas on-line aos bolões entre amigos

Tylon Maués

Entre os vários esportes nacionais, o palpite é uma especialidade brasileira. Seja para dar pitacos não pedidos na vida alheia ou receitar remédios ineficazes para qualquer tipo de defesa. Com a proximidade da Copa do Mundo, que terá seu primeiro jogo neste domingo (20), boa parte desse saber vindo da geração espontânea se volta às “análises” de como as mais variadas seleções se sairão na competição da Fifa. A possibilidade de acertar o placar ou o resultado final de uma partida pode ser aliada à diversão ou até à possibilidade de se conseguir alguns trocados, seja de forma bem profissional ou até numa reunião familiar ou de amigos com os bolões.

Desde a Copa de 2002, quando ainda estava no colégio, o hoje geólogo Fernando Rodrigo Lucas, de 38 anos, resolveu organizar um bolão com os amigos da Escola Técnica, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). O apelo foi tanto que a prática se repetiu nas Copas seguintes e vai ser feita mais uma vez neste ano durante o torneio no Qatar.

“Nem sou tão organizado, não. Sou mais um organizador das coisas. Sempre gostei de organizar as coisas e de jogos, apostar. Eu organizava as peladas, chamava o pessoal para os encontros. O primeiro bolão eu peguei uns modelos que existiam, chamei um amigo para ajudar e deu certo”, conta Rodrigo.

Hoje ele se utiliza dos vários modelos existentes na internet, que facilitam desde as apostas até os pagamentos. “Com o WhatsApp e o PIX tudo fica mais fácil de ser feito. Facilita até para muita gente que nem acompanha o futebol e participa mais como uma brincadeira. Curiosamente, essas pessoas acabam vendo todos os jogos da Copa, mesmo os menos interessantes, para acompanhar suas apostas”.

O modelo utilizado por Rodrigo geralmente abarca no máximo 30 pessoas no bolão, apenas com os jogos da primeira fase. Os acertos são contados desde o resultado – vitória, empate e derrota – e o placar correto das partidas, que garantem uma pontuação maior. No fim, o que é arrecadado é dividido entre os três que mais acertaram, com a maior parte indo para quem tiver mais palpites certos.

Rodrigo, que há cinco anos mora em Rio das Ostras (RJ), ganhou o bolão em 2010, na Copa da África do Sul. Foi a única vez em que levou uma compensação financeira, já que o aspecto também lúdico das apostas que organiza não deixa nada para a banca. Após a fase inicial, ele larga de mão as apostas, pois segundo ele o montante de trabalho não cabe em sua rotina no emprego e com a família. Mas, para muitos, as apostas continuam. “Quando acaba a primeira fase o pessoal fica meio órfão. A galera quer fazer jogo a jogo, mas o trabalho é enorme”, comenta.

Movimento em casas de apostas esportivas aumentou nos últimos anos e a Copa deve impulsionar ainda mais o setor – Foto: Divulgação

Casas de apostas entraram com força no mercado

Além dos bolões entre amigos e familiares, as casas de apostas virtuais vem há tempos movimentando o dia a dia de quem acompanha futebol. Na Copa, as apostas devem aumentar ainda mais.

Dos 20 times que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro deste ano, 18 foram patrocinados pelas casas de apostas esportivas. Elas entraram com força total no mercado brasileiro a partir de 2018. Foi nesse ano que foi dada a autorização para que essas empresas funcionassem no país, a partir de um decreto (lei 13.756) assinado pelo presidente Michel Temer, que estabeleceu algumas regras para as chamadas “apostas de quota-fixa baseada em resultados de temáticas esportivas”.

Angel da Silva Lopes, 41 anos, trabalha com apostas esportivas desde sempre. Natural de Abaetetuba, ele herdou do pai a atividade. Hoje, associado a uma das grandes empresas do mundo, ele vai para a sua terceira Copa do Mundo organizando bolões virtuais, sempre com os jogos da primeira fase da competição.

“A procura é sempre grande e confiam na minha empresa. Quase todos os finais de semana há apostas no Campeonato Brasileiro, por exemplo, sempre com pagamento imediato, o que garante a credibilidade”, conta Angel.

As apostas no bolão seguem as mesmas regras dos organizados por amigos e familiares, mas no site há diferenças: as apostas podem ser jogo a jogo, sobre quem vai fazer gol, se os gols sairão no começo, no meio ou no final do jogo.

DICAS PARA QUEM QUER SE AVENTURAR NAS APOSTAS E BOLÕES

  • Dos 900 jogos da história das Copas, 172 partidas terminaram em 1 a 0. O placar de 2 a 1 ocorreu 140 vezes e o 2 a 2 em 99 confrontos.
  • Só três partidas terminaram em 7 a 1, como na semifinal de 2014 da Alemanha sobre o Brasil.
  • Com exceção dos donos da casa, o Qatar, as seleções cabeças de chave são as mais cotadas para irem longe: Inglaterra, Argentina, França, Espanha, Bélgica, Brasil e Portugal.
  • Além das cabeças de chave, atenção em Alemanha, Uruguai e Dinamarca.
  • Argentina e Brasil são sempre tidas como favoritas pela maioria. A seleção argentina não perde há 36 partidas.
  • Com uma defesa apontada como mediana, o Brasil tem um ataque potente, diversificado e que vive grande fase.
  • É importante estudar o histórico recente das seleções, até para evitar surpresas e tentar acertar as “zebras”.
  • Dinamarca, Canadá e Senegal foram muito bem nas eliminatórias. Merecem olhares atentos.
  • A Inglaterra sempre desponta como uma das favoritas. Mas, com exceção da Copa que sediou, em 1966, sempre decepcionou.