Wesley Costa
A Vigilância Sanitária, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), iniciou na manhã de ontem (16) uma ação de fiscalização em pontos de venda de açaí, localizados no bairro da Pratinha II, em Belém. O objetivo do trabalho é orientar e chamar atenção dos batedores para as condições higiênicas adequadas e necessárias que garantem a qualidade do produto.
Ao todo, 13 pontos vão receber a visita dos servidores, que analisam todo o processo que envolve a venda do açaí, desde os recipientes onde os caroços do fruto são recebidos, até o armazenamento após o processo da batida. As instalações físicas como hidráulica e elétricas, também são avaliadas para evitar qualquer tipo de contaminação do alimento.
A coordenadora da Casa do Açaí Stela Avelar explica como funcionam as fiscalizações que ocorrem há anos. “Além de fazer a orientação, também explicamos, principalmente, os procedimentos de higienização que estão preconizados no decreto estadual nº 326/2012, que estabelece requisitos para a manipulação do açaí por batedores artesanais, abordando a catação, peneiramento, a lavagem e o branqueamento, procedimentos importantes para evitar a contaminação do alimento”.
PREVENÇÃO
O trabalho de fiscalização tem sido de grande importância para evitar a propagação da doença de Chagas. Segundo a Sesma, 11 casos da doença já haviam sido notificados pelo Instituto Evandro Chagas, procurado por pessoas que passaram mal após consumir o açaí batido em diversos pontos do bairro. Desses, nove testaram positivo para a doença que pode afetar órgãos como o coração, fígado, gânglio e o baço.
O ponto de Daniel Alves Maia foi o primeiro a ser visitado e notificado pela ação. O batedor que começou a trabalhar com açaí há dois meses, ouviu as orientações dos servidores e disse que vai se adequar ao que for necessário. “Sabemos que essa adequação não é tão fácil de fazer, devido aos gastos financeiros que são necessários. Porém, é muito bom ter essa orientação deles e saber que podemos melhorar cada vez mais o nosso produto”, diz.
A poucos metros, outro ponto de comercialização do fruto batido também foi notificado pela Vigilância Sanitária. O local ainda precisava trabalhar a questão do branqueamento dos caroços e disposição de tanques de lavagem “Se a gente quer trabalhar direitinho e com segurança, precisamos sim nos adequar a regras higiênicas. Isso faz também com que nosso produto seja valorizado pelo consumidor, e vou acatar essas orientações para melhorar”, afirmou o proprietário do ponto, Mendes Silva.
Trabalhando há mais de 10 anos com açaí, Ana Faied elogiou a fiscalização. “Além de sermos trabalhadores do ramo, também somos consumidores do açaí, né? Então, ter ações como essa que servem para garantir mais qualidade do produto é muito importante. Sempre há alguma coisa a se adequar e não podemos deixar de lado, pois isso aqui é alimento e precisa estar sempre em boas condições”.
Quem mora no bairro diz que a fiscalização nos locais de venda vem para aliviar a preocupação de consumir um açaí contaminado. “Nesses últimos dias vimos várias pessoas contraindo a doença de Chagas e, naturalmente, ficamos com medo. Ter certeza de que esses pontos aqui próximos estão tendo cuidado, também é uma maior segurança para a gente que compra constantemente o açaí da área”, disse a moradora Danielle Barbosa, 21.
SERVIÇO
lA Vigilância Sanitária afirmou que a fiscalização nos pontos de venda do bairro da Pratinha II vão continuar nos próximos dias. A Sesma informou que vai prosseguir com o trabalho de vigilância epidemiológica e distribuição de material informativo orientando sobre a doença de Chagas e os locais aptos a fazer o exame que detecta a infecção.
Caso apresente sintomas, o cidadão deve se dirigir até uma da seguintes Unidades Básicas de Saúde (UBS): Carmelândia, Marambaia, Satélite, Pratinha, Tapanã, Telégrafo, Terra Firme, Providência, Paraíso dos Pássaros, Carananduba, Outeiro, Mosqueiro, Águas Lindas, Bengui II, Cabanagem, Curió, Maguari, Guamá, Icoaraci e Jurunas, além das Estratégias Saúde da Família (ESF) Água Cristal, Parque Guajará, Águas Negras e Tenoné.