A escolha do Qatar para sediar a Copa do Mundo talvez tenha sido a mais polêmica da história da competição, tanto pela quantidade de denúncias de corrupção que se seguiram a partir do anúncio oficial de Joseph Blatter, em 2010, quanto pelas próprias condições esportivas que o país apresentava, tendo que mudar o período de realização da disputa devido ao clima no Oriente Médio.
Mas a principal questão acabaria sendo mesmo a humanitária. Ao longo do tempo o mundo do futebol se assumiu como “muito mais do que um jogo” para defender causas sociais – e o Qatar é reconhecidamente um país que agride constantemente os direitos humanos.
A Copa do Mundo, assim como a Olimpíada, é um congraçamento entre os povos, uma festa da diversidade, onde todos são bem-vindos. E tudo isso fica bem difícil de se levar a sério quando as leis qataris colocam o país, por exemplo, como um dos mais perigosos para pessoas LGBTQIA+ viajarem, além de relatórios da Anistia Internacional afirmarem que as condições de trabalho dos imigrantes no país são análogas à escravidão, com a morte de mais de 6 mil pessoas durante as obras para a Copa – o que é contestado pela Fifa e governo do Qatar.
Por outro lado, mergulhar na história de um país é sempre um exercício dos mais interessantes e que só a Copa proporciona. Vasculhar as raízes, o passado, a política, a economia, os costumes, como se deu o desenvolvimento do esporte por lá. Adquirimos o conhecimento de uma nova cultura, concordemos com ela ou não. Pena que a tendência é isso acabar, já que a partir de 2026, o Mundial passará a ter 48 seleções e será sediada em três países. Ou seja, esse mergulho cultural tende a ser diluído.
Vamos aproveitar, então, o que a Copa do Qatar tem a nos oferecer, dentro e fora de campo, com todas as ressalvas e sem nunca perder a visão crítica necessária para que o futebol mantenha a sua essência e continue sendo “muito mais do que um jogo”.
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