Pará

Ação desmonta acampamento golpista na Almirante Barroso. Grupo agride equipe da RBATV

Manifestantes ficaram sem as suas tendas após a ação. Foto: Divulgação
Manifestantes ficaram sem as suas tendas após a ação. Foto: Divulgação

Equipes da Prefeitura de Belém, com apoio das forças de segurança do Estado, voltaram a desobstruir as calçadas da avenida Almirante Barroso, no bairro do Souza, em Belém, ocupada por manifestantes bolsonaristas desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições. Desde então, eles se concentraram em frente ao quartel do Exército na avenida, defendendo pautas antidemocráticas.

O grupo chegou a montar um acampamento no local e já ocupava também a calçada do antigo prédio-sede da Polícia Federal na capital, no lado oposto ao quartel.

Avenida Almirante Barroso após a nova ação da Prefeitura de PM. Foto: Irlaine Nóbrega/Diário do Pará

Os manifestantes que ocupavam a avenida Almirante Barroso chegaram a ter as barracas desmontadas durante ação da Guarda Municipal de Belém com apoio da Polícia Militar. Entretanto, voltaram a ocupar a calçada do perímetro, montando novas estruturas.

Na tarde desta quarta-feira (16), A Polícia Militar e a Guarda Municipal de Belém voltaram ao local para dar apoio a ação de retirada das barracas montadas pelos golpistas. A avenida precisou ser interditada, nos dois sentidos, durante a operação.

Após a liberação da calçada por meio da Prefeitura, um pequeno grupo se concentrou em frente ao portão de entrada 2º Batalhão de Infantaria da Selva (BIS).

“O que a gente fez foi seguir a ordem do comando para dar uma ajuda a Prefeitura, por meio da Secon (Secretaria de Economia de Belém), para tirar os objetos dos manifestantes da calçada”, Sargento Paulo Ribeiro.

Após a retirada, um grupo de manifestantes hostilizou a equipe de reportagem da RBATV, com ofensas e em outro momento atirando objetos em direção ao repórter e cinegrafista da emissora durante uma entrada ao vivo. Presente ao local, a Polícia Militar apenas assistiu às agressões, sem esboçar inicialmente reação para inibir a ação dos golpistas. Um dia antes, os bolsonaristas agrediram jornalistas do jornal ‘O Liberal’ que faziam a cobertura da manifestação.

No último dia 8 de novembro, a Prefeitura de Belém, por meio de diversos órgãos, já havia desobstruído a calçada da avenida Almirante Barroso para garantir o acesso ao passeio público. O prefeito Edmilson Rodrigues determinou a ação para cumprir o Código de Postura do Município.

O bloqueio nas calçadas e ciclovias na avenida Almirante Barroso ocorre desde o dia 31 de outubro, um dia após o resultado das eleições. O grupo ocupou a via pública com barracas, isopor, pacotes com garrafas de água, cadeiras e outros materiais. A ação foi pacífica. Porém, poucos dias depois os manifestantes voltaram a montar acampamento, impedindo o acesso de pedestres à calçada de uma das principais vias da cidade.

POLÍCIA CIVIL IDENTIFICA FINANCIADORES
Um relatório da Polícia Civil do Pará encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal) apontou para a participação de um vereador e vários ex-vereadores, um procurador municipal, um assessor de deputado federal e inúmeros empresários na organização e financiamento de protestos contestando a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.

O relatório sigiloso, obtido pela Folha, afirma que a polícia acredita haver um movimento organizado para promover os protestos nas imediações do 2º Batalhão de Infantaria de Selva, em Belém, pedindo intervenção militar, intervenção federal e alegando fraudes nas eleições.

Segundo a polícia, foram usados “carros do tipo de transporte de passageiros, além de veículos estilo caminhonete que levavam os participantes na parte traseira.” Além disso, “havia a distribuição de água, camisetas, bandeiras, além de alimentos diversos”. Durante a diligência, continua, “só houve uma pessoa que solicitava colaboração para custear o item ofertado, nos demais casos as coisas eram ofertadas gratuitamente”.

Segundo a polícia, uma das pessoas identificadas como líder do movimento, que estava incitando a multidão a contestar o resultado e coordenando os manifestantes com o uso de um microfone, era Sandro Nascimento Ferreira Branco, secretário parlamentar do gabinete do deputado federal Éder Mauro (PL-PA). Mauro é um dos principais apoiadores do presidente Bolsonaro.

Em diversos bloqueios de estradas no Pará, os policiais identificaram carros e caminhões em nome de empresas, alguns prestando assistência logística.

A polícia indicou que Aurélio Ramos de Oliveira Neto, vereador de Parauapebas conhecido como Aurélio Goiano, teria sido um dos líderes do bloqueio da PA-275, estrada que liga os municípios de Curionópolis e Parauapebas, ao lado de ex-vereadores e um ex-prefeito. Procurado pela Folha por telefone e email, Neto não retornou.

APOIAR ATOS GOLPISTAS É CRIME
Em tese, aqueles que participaram de atos com bandeiras golpistas podem responder por crime de incitação à prática criminosa, previsto pelo Código Penal, com pena de detenção de até seis meses ou multa.

A lei do Estado democrático de Direito —sancionada em 2021 para substituir a Lei de Segurança Nacional, da ditadura militar— acrescentou que quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes e instituições também responde pelo crime. Funcionários públicos que exercem outros cargos podem, eventualmente, responder a processos administrativos por participar de atos contra a democracia.

Fonte: Redação (com informações da Folhapress)