Cintia Magno
Doença do sistema nervoso central, inflamatória, de causa autoimune e que agride a substância do cérebro chamada mielina – uma estrutura que reverte as células nervosas propiciando o impulso nervoso -, a Esclerose Múltipla se manifesta quando o sistema imunológico de um indivíduo passa a atuar contra estruturas do seu próprio sistema nervoso central.
Como consequência, a doença pode ocasionar lesões principalmente de uma região do cérebro chamada ‘substância branca’, que é justamente por onde passam todas as informações do cérebro, sejam informações da sensibilidade, motora e cognitiva.
A neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Nise Alessandra de Carvalho Sousa, aponta que a Esclerose Múltipla é multifatorial. Dessa forma, não é possível relacionar uma única causa-efeito para o seu desenvolvimento.
“Tem fatores genéticos, existe uma predisposição genética para a pessoa desenvolver Esclerose Múltipla; mas existem também os fatores ambientais. Hoje em dia se fala muito do vírus Epstein Barr porque a maioria dos pacientes portadores de Esclerose Múltipla têm sorologia positiva para esse vírus, então, talvez, esse vírus, junto com uma genética propícia, faz com que a pessoa tenha mais chances de desenvolver Esclerose Múltipla”.
Apesar de ser mais frequente em países de com maior altitude, ou seja, que estão localizados longe da Linha do Equador, ela também ocorre em países com baixa altitude. “Então, tem o fator ambiental e também o fator genético relacionados à doença. Ela predomina na faixa etária de 20 a 40 anos, acomete mais mulheres e os sintomas são os mais variados possíveis”.
Sintomas dependem do comprometimento cerebral
Para entender o porquê dessa variedade de sintomas da Esclerose Múltipla, a neurologista Nise Sousa explica que o sistema nervoso central envolve o encéfalo e a medula, logo, as lesões da doença ocorrem nesses dois pontos do cérebro, que é onde estão as funções motoras, sensitivas, esfincteriana, função sexual e as funções cognitivas de linguagem, memória.
“Dependendo da área comprometida, o paciente vai ter um determinado sintoma. Então, qualquer sintoma neurológico de início súbito num paciente, principalmente em uma mulher jovem, que não é hipertensa, não é diabética, não tem história na família, você pode pensar em Esclerose Múltipla”.
Os sintomas mais frequentes da doença são alteração visual súbita, visão embaçada ou até mesmo a perda visual associada a dor no olho, alterações da sensibilidade que persistem por mais que 24 horas, alterações motoras como perda de força que comece de uma forma súbita e persiste por mais que 24h, alterações do equilíbrio, não conseguir controlar o xixi.
“Esses são os sintomas mais frequentes, mas qualquer função que seja comprometida tanto do encéfalo, quanto da medula pode ser um sinal dessa doença inflamatória”, reforça.
“É importante considerar que apesar de ser uma doença pouco frequente, ela tem que ser conscientizada porque o paciente tem que buscar um neurologista o quanto antes. O médico tem que pensar nessa doença porque o prognóstico vai depender muito da rapidez do diagnóstico e do início da terapêutica. Existem, atualmente, várias medicações para a Esclerose Múltipla e elas têm melhor resultado quanto mais precoce é iniciado o tratamento”.