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Mostra Cênica da ETDUFPA traz um espetáculo por dia até domingo

Espetáculo "Casangrá" estará em cartaz nesta terça, 8 de novembro. Foto: Tarsila Rosa/divulgação
Espetáculo "Casangrá" estará em cartaz nesta terça, 8 de novembro. Foto: Tarsila Rosa/divulgação

Uma casa e duas mulheres. Sonia é indígena, “cria da família”, com a qual está desde criança. Já Tertuliana é uma mulher negra, empregada doméstica da casa desde os 20 anos. Ambas compartilham suas histórias de amor, violência e sonhos, enquanto cozinham e pensam num plano que irá mudar suas vidas para sempre. Esse é o enredo do espetáculo “Casangrá”, que será apresentado hoje, às 20h, no Teatro Universitário Cláudio Barradas, dentro do Prêmio TUCB – IV Mostra Cênica Teatro Universitário Cláudio Barradas.

“‘Casangrá’ significa ‘casa que sangra’. Ao brincar com as palavras, se reduziu para Casangrá. Este projeto surge da necessidade de denunciar condições abusivas recorrentes na Amazônia, e uma delas é a escravidão velada”, diz Tarsila Rosa, que assina a direção, encenação e produção do espetáculo.

“Na Belém do século 20, as aspirações burguesas dominavam os ares da Amazônia, que era fonte de exploração daqueles que tinham o poder e os recursos para explorar as riquezas do nosso estado. Neste cenário surge uma figura que recebe o nome de ‘criada da casa’”, lembra Tarsila.

“Casangrá” foi pensado para ser uma das ações possíveis de enfrentamento à violência contra mulher, buscando contar a história de mães, avós e bisavós, que passaram a vida trabalhando como “cria da família” ou empregada doméstica.

ESPETÁCULOS SÃO RESULTADO DE EDITAL DE INCENTIVO

Este é um dos dez espetáculos que serão apresentados até o dia 13 na mostra, aberta na última sexta-feira, 4. Todos eles foram resultado de projetos de criação cênica contemplados em edital lançado em fevereiro deste ano pela Escola de Teatro e Dança da UFPA, voltado aos alunos dos cursos técnicos de nível médio da instituição – de teatro, dança, figurino e cenografia.

Os alunos tiveram seis meses pra criar e R$ 5 mil para a produção de cada projeto selecionado. “Foi um grande exercício de organização deles, de proposições criativas dos próprios alunos, que a gente está mostrando para o público nesse momento. A maioria são exercícios de criação muito própria, inclusive as dramaturgias são dos próprios proponentes”, destaca Valéria Frota Andrade, professora da Licenciatura em Teatro e atual diretora do Teatro Cláudio Barradas.

VIVÊNCIAS PESSOAIS E TEMAS SOCIAIS NO PALCO

Foram construções como “Travessia”, que abriu a mostra, no último dia 4, contando histórias de pessoas pretas saídas do Marajó em busca de um futuro idealizado em grandes cidades e que se viram lidando com situações como a luta contra um sistema racista, a ansiedade e a saudade. “Fala sobre muita coisa, o foco central são os diversos tipos de atravessamentos, amores, dores, saudades, mas também fala sobre esse atravessamento de rios, já que o único meio de transporte para que um marajoara chegue a Belém ou a qualquer outra cidade fora do Marajó”, explica Miller Alcântara, que assina a dramaturgia e atuou no espetáculo.

“Há espetáculos sobre vários temas, mas é bem frequente o tema do feminino, afro-indígena, ribeirinho. Há também espetáculos que falam sobre o amor”, lembra Valéria Andrade.

Amanhã, 9, às 20h, é a vez de “Isso é amor? – Textos sobre a dor”, com histórias e poemas sobre amores, relações tóxicas e os traumas deixados por elas. “Meu primeiro amor”, “Barquinho de Papel” e “Deus era Gago” são os monólogos criados a partir de histórias reais coletadas pelos artistas. O espetáculo foi construído e dirigido de forma experimental e coletiva pelos alunos que integram a equipe.

“Há um trabalho muito divertido que é o ‘Barradas no Baile’, que fala um pouco do universo drag queen. Então são várias temáticas”, descreve Valéria, sobre a atração da mostra na quinta-feira, 10.

HISTÓRIAS DO FEMININO

Na sexta, 11, será a vez de “Alecrim, Vozes de Mulheres”, inspirado no poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo. O trabalho comunga com a força ancestral “das que vieram antes, das que virão, das que estão em presença”, e foi construído a partir das memórias partilhadas no processo criativo.

No sábado, 12, será a vez de “Estrada Noturna”, expetáculo que une três histórias mostrando os limites da vingança, da inveja e da revolta ante as injustiças sociais. São três peças curtas que apresentam tramas que acontecem em uma mesma noite ao longo de uma estrada.

Encerrando a mostra, no domingo, 13, tem “Boleros de Sangue”, em que duas damas relembram gloriosos tempos dos grandes salões, com amores, paixões e crimes passionais.

Todos os espetáculos podem ser conferidos diariamente, sempre às 20h. No sábado, 12, haverá duas sessões: uma às 18h e outra às 20h. E no domingo, 13, a apresentação será às 19h.

“A gente está mui17

to feliz com essa mostra por poder proporcionar um exercício de criação com muita autonomia deles. E a gente pretende que essa mostra se repita futuramente”, diz a professora Valéria.

CONFIRA

Prêmio TUCB – IV Mostra Cênica Teatro Universitário Cláudio Barradas

Quando: Até sexta, com sessão às 20h; no sábado, 12, às 18h e 20h; e no domingo, às 19h.

Onde: Teatro Universitário Cláudio Barradas- TUCB (R. Jerônimo Pimentel, 546 – Umarizal)

Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)