Tylon Maués
Paulo Henrique Ganso, no Fluminense-RJ, e Rony, no Palmeiras-SP, campeão nacional, são alguns dos principais destaques do Campeonato Brasileiro. Desde o ano passado, os jogadores paraenses têm feito bonito nos gramados do país. Mas, a despeito de serem titulares de alguns dos principais clubes do Brasileirão, nenhum deles sequer teve chances nas convocações feitas pelo técnico Tite para os jogos da seleção brasileira.
Com a proximidade da convocação final, que está marcada para amanhã, são ínfimas as chances de uma surpresa com os nomes de um deles. Por enquanto, é improvável que a lista histórica de 13 atletas do Pará no time canarinho seja aumentada em mais um nome.
Segundo a Enciclopédia do Futebol Paraense, do pesquisador e jornalista Ferreira da Costa, Ganso foi justamente o último paraense convocado para a Seleção Brasileira. Desde 2010 ele teve o nome especulado. As ausências dele e do então novato Neymar na Copa da África do Sul foram muito cobradas na época. De lá para cá, a campanha dele foi de altos e baixos e o espaço na seleção foi cada vez menor. A última convocação foi em 2016.
Os demais paraenses convocados foram: Mimi Sodré (1916), Pamplona (1925), Santana (1930), Vevé (1945), Otávio (1949), Quarentinha Lebrego (1960 e 1961), Manoel Maria (1968), Rosemiro (1975 e 1976, na seleção olímpica), Sócrates (1982 a 1986), Paulo Victor (1984 a 1987), Charles Guerreiro (1991 a 1993) e Giovanni (1995 a 1999).
O livro destaca outros dois casos. Em 1921, o lateral bicolor Suíço foi selecionado, mas nem chegou a se apresentar. Na década de 90, Beto, outra cria do Paysandu, jogou na seleção sub-20.
Dos paraenses, os maiores destaques têm pouca história no futebol local. O principal deles, o meia Sócrates, apenas nasceu aqui e mal teve relação com o Estado. O mesmo poderia ser dito de Paulo Victor, mas, no fim da carreira, ele defendeu Leão e Papão. Giovanni, revelado pela Tuna Luso, chegou a vestir brevemente as camisas bicolor e azulina, mas foi com a camisa 10 do Santos-SP que ele explodiu para o futebol.
CHARLES GUERREIRO: CONVOCAÇÕES SE VOLTAM PARA A EUROPA
Durante quase três anos, de 1992 ao começo de 1994, o então lateral-direito Charles Guerreiro foi convocado para a Seleção Brasileira e foi uma sombra a Jorginho e Cafu, que de fato eram os favoritos a serem convocados, e foram eles mesmos que foram para os Estados Unidos. Cria da base do Paysandu, o paraense Charles, natural de Ourém, era volante na Curuzu e só virou Guerreiro no Flamengo-RJ. No Papão, era o Príncipe.
Charles lembra que, além da concorrência ferrenha, houve um fator extracampo que o afastou de qualquer chance de sonhar com a Copa. “Fui testado de 1992 a 1994 e estava disputando uma vaga quando rompi os ligamentos. Fiquei um ano parado, mas tive sete convocações que me deixaram esperançoso”.
Atualmente, ele não mostra muita esperança de que os paraenses Paulo Henrique Ganso e Rony estejam, inclusive, na pré-lista do técnico Tite, mesmo com ambos em excelentes momentos em seus respectivos clubes. Para ele, Ganso é um jogador sem equivalentes dentro do futebol nacional e que deveria ter sido chamado em oportunidades anteriores. Ele falou com o BOLA sobre o que se pode esperar do time nacional na Copa e os momentos dos paraenses.
Ganso e Rony estão em suas melhores fases. Mesmo possivelmente estando na pré-lista de Tite, dificilmente serão chamados para a Copa. O que você acha que faltou para que tivessem chances nas convocações?
CG – O Ganso deveria ter ido na Copa de 2010 junto com o Neymar, quando ele foi o melhor do Brasil no Santos. Aquele era um momento decisivo na carreira dele. Ainda assim, o Brasil não tem um meia como Ganso. O Rony não foi testado em amistosos, dificilmente seria chamado em um momento desses.
Jogar no futebol brasileiro é uma dificuldade a mais para uma convocação?
CG – Com certeza. Agora virou padrão. Para ir para seleção tem que jogar na Europa. Isso acaba forçando a situação do jogador para o exterior mesmo ele comendo a bola no Brasil. Se o Ganso estivesse no Manchester City com o Guardiola, por exemplo, já estaria convocado. Depois que o Brasil parou de ter a maioria jogando no Brasil, não ganhou mais nada.
Como você vê a seleção para a Copa? Continua sendo uma das favoritas?
CG – Vejo o Brasil disputando o título contra a Argentina, França e Inglaterra. Mas, na Copa do mundo não dá pra tirar o pé igual o Brasil fez em 2018 contra a Bélgica. Se o Fernandinho parasse a jogada com o De Bruyne no meio, o Lukaku não teria feito o gol. Tem que ter espírito de decisão.