A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu nesta terça-feira, 1, quatro homens apontados como líderes dos bloqueios em rodovias federais do Pará. Vários grupos de caminhoneiros fecharam trechos de rodovias federais em manifestação golpista, desencadeada após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições.
Segundo a PRF, a investigação em curso deverá vincular os detidos com outras lideranças já identificadas e que possivelmente serão alvos de mandados de prisão, busca e apreensão e bloqueios de contas.
As prisões ocorreram no município de Altamira por volta das 14h. Ao todo, quatro pessoas foram presas por crime de desobediência. “Salienta-se que a PRF vem empregando o seu efetivo em ações e atuando com o policiamento reforçado nos pontos de bloqueio desde o início das manifestações”, informou a PRF, em nota.
O órgão informa que permanece empenhado em realizar a liberação desses pontos por meio de negociação com manifestantes e, se necessário, da utilização de força proporcional, suficiente para o resguardo da ordem pública e do cumprimento da determinação judicial, até que todas as rodovias federais no Pará estejam com o fluxo de veículos normalizado e o direito de ir e vir e a segurança de todos os cidadãos esteja resguardada. Até o momento, há 18 trechos bloqueados nas rodovias.
MPF ACUSA OMISSÃO DA PRF
As prisões ocorreram depois que procuradoras e procuradores da República em atuação no Pará enviaram ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitando que o Supremo Tribunal Federal (STF) seja informado que no estado a Polícia Rodoviária Federal estaria descumprindo ordem do ministro Alexandre de Moraes de desobstrução de rodovias e vias públicas.
Na noite de segunda-feira (31), Moraes determinou o desbloqueio imediato dos trechos que estivessem com o trânsito interrompido ilicitamente. O ministro do STF também determinou que a PRF adotasse todas as providências necessárias para o cumprimento da decisão, tendo em vista omissão e inércia apontadas pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Em ofício assinado por 20 membros do MPF no Pará, foram relatadas as diversas medidas tomadas por procuradores e procuradoras da República em todo o estado desde a manhã de segunda-feira para que a PRF desbloqueasse as rodovias. “No entanto, a PRF não cumpriu seus deveres constitucionais nem as ordens judiciais e não justificou o fracasso das suas ações”, aponta o MPF.
Os membros do MPF no Pará registram, ainda, que até o início da tarde desta terça-feira a PRF não tinha realizado operação de dispersão (uso de armas sem efeito letal, gás de dispersão, uso de munição de borracha etc) e sequer tinha solicitado o apoio da Polícia Militar.
“O que se tem visto é uma virtual aderência aos motins, vide as imagens que circulam em redes sociais, ou mesmo a declaração oficial do superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Pará”, destaca o MPF, referindo-se a vídeo publicado pelo superintendente da PRF/PA, Diego Patriota.