Pará

Lula pode ir à COP27 a convite de Helder Barbalho

Lula confirmou a Helder a indicação de Belém para sediar a COP 30. FOTO: Divulgação/Ricardo Stuckert
Lula confirmou a Helder a indicação de Belém para sediar a COP 30. FOTO: Divulgação/Ricardo Stuckert

PHILLIPPE WATANABE E CATIA SEABRA/Folhapress

O presidente eleito Lula (PT) foi convidado pelo governador reeleito do Pará Helder Barbalho (MDB) para ir à COP27, a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, junto à comitiva dos governadores da Amazônia. A reportagem confirmou o convite, que foi revelado em reportagem do jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (31). O governador do Pará conversou com o presidente eleito ainda durante o final de semana, antes da eleição.

Em resposta, Lula disse considerar a possibilidade de ir à COP27, que ocorrerá a partir do próximo domingo (6) em Sharm el-Sheikh, no Egito. Já houve, inclusive, no começo desta semana, um novo contato entre as equipes de Lula e de Barbalho para detalhamento de agenda. O início das conferências climáticas da ONU costuma contar com a presença de chefes de Estado e de governo.

Os governadores da Amazônia criaram o Consórcio da Amazônia Legal no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL). Com a iniciativa, puderam contornar o governo federal para buscar verbas internacionais. O consórcio já esteve presente, por exemplo, na COP26, em Glasgow, no Reino Unido, no ano passado.

Neste ano, pela primeira vez, o grupo deve ter um estande montado na conferência. A ideia é que o espaço receba convidados e seja um local para articular parcerias -para além dos estandes mantidos pelo governo federal e pela sociedade civil organizada. O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, após parabenizar Lula pela vitória na eleição, em nota, convidou o presidente eleito para participar da COP27.

OPOSIÇÃO

A postura de Lula, caso realmente vá à conferência, opõe-se ao que foi visto durante o governo Bolsonaro. Além de não ir às COPs -apesar do tradicional papel que o Brasil tinha na política climática-, Bolsonaro, recém-eleito à época, ainda pediu para que a COP25, em 2019, não ocorresse no Brasil, como era previsto. O evento aconteceu em Madri, na Espanha. Bolsonaro, desde o início de seu governo, critica ações ambientais e ONGs. Com o início de seu mandato, viu-se uma explosão de desmatamento, crescentes críticas internacionais e até mesmo mal-estar entre nações, considerando ataques de Bolsonaro a outros líderes e a pressão econômica associada à crescente destruição da Amazônia.

Assim, desde então, o Brasil acabou perdendo espaço nas discussões climáticas globais. Caso Lula confirme a ida à COP27, essa será uma das primeiras viagens internacionais do presidente desde a eleição. Antes do Egito, ir à Argentina está entre os planos de Lula. De toda forma, o novo governo já deve mandar representantes à COP27, segundo Marina Silva, que foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e apoiadora na atual campanha.

A importância da questão climática -que, no Brasil, está diretamente associada ao desmatamento e à pecuária- foi destacada no discurso de vitória de Lula neste domingo (30). “O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica”, disse. “Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva.”

Em seu discurso, Lula também prometeu a retomada do monitoramento da Amazônia, combate a atividades ilegais e desenvolvimento sustentável para a região. Após a confirmação da eleição de Lula, o ministro do Meio Ambiente da Noruega declarou a possibilidade da retomada do Fundo Amazônia, que foi paralisado por Bolsonaro e Ricardo Salles (ex-ministro do Meio Ambiente) após extinção de conselhos e tentativa do governo Bolsonaro de ter maior peso na governança do fundo.