Tylon Maués
Único tetracampeão do Red Bull BC One Brasil, espécie de Campeonato Brasileiro de Breaking, o paraense Leony Pinheiro está em reta final de preparação para o Red Bull BC Camp, considerado o principal evento do esporte no mundo, dia 10 de novembro, em Nova Iorque, nos EUA. Ele vem aliando os treinos não só para a culminância da temporada como para buscar a vaga olímpica. Bicampeão mundial, a ida ao Red Bull BC Camp será a tentativa de se isolar no topo da categoria.
O breaking virou modalidade olímpica e estará nos Jogos de Paris 2024. Leony é um dos favoritos para representar o Brasil. Os resultados dos últimos anos o levaram de imediato à liderança do ranking nacional, criado há pouco mais de um mês, o que o credencia, aos 26 anos, oriundo do bairro dos 40 Horas, em Ananindeua, a colocar o seu nome na história dos jogos.
O paraense falou sobre o impacto de uma nova realidade, que são os treinos visando o projeto olímpico, totalmente diferente do dia a dia das competições da área Cultural, de onde vem o breaking. Leony falou, inclusive, sobre as diferenças políticas entre os praticantes e como isso tem facetas diferentes entre os praticantes da dança e do esporte, e se em sua coreografia no mundial pode haver algum ritmo estadual. Confira abaixo.
O QUE MUDOU?
“Não mudou tanta coisa, não. As coisas estavam bem organizadas e pavimentadas para mim. Eu acabei engatando um evento atrás do outro. Não mudou muito, apenas foco maior no Mundial”.
PENSAMENTO NO MUNDIAL
“O foco é apenas nessa competição de daqui a duas semanas. Mas, todas as outras competições serviram como um teste para o Mundial. Isso conciliado ao Ciclo Olímpico com a seleção brasileira. São duas realidades diferentes e a gente tem que conciliar isso”.
INAUGURAR UMA MODALIDADE
“Estamos alinhando os pontos finais de como será o ciclo. O ano está acabando e teremos basicamente 2023 para a preparação. Ano que vem temos um cronograma de eventos para participar, treinamentos em outros países, até chegar aos Jogos. Mês passado estava na Coreia em um evento, quando foi aberto o ranking brasileiro. Estamos nos preparando bastante para essa vaga”.
REALIDADE OLÍMPICA 1
“O Ciclo Olímpico é bem diferente, totalmente diferente do Cultural. O que temos observado é a questão da disciplina, treinos mais fechados dentro de um cronograma, ter um preparador físico. É algo totalmente diferente do circuito Cultural, onde se fica mais na dança. O formato olímpico é bem cansativo, de longo prazo, ele exige mais critérios aos quais estamos nos adaptando. Está sendo um desafio, mas estamos nos adaptando bem”.
REALIDADE OLÍMPICA 2
“É um choque de realidade porque é algo maior, com bem mais exigências. Para quem não está acostumado soa um pouco estranho, com as exigências que nos são dadas. Mas aceitamos esse mundo e temos que nos adaptar”.
PIONEIROS
“A gente sempre conversa entre a gente que é uma felicidade estar nessa primeira experiência. Estamos abrindo caminhos para as gerações que estão por vir. Isso é motivo de felicidade, estar nesse processo, poder voltar ao Pará e explicar como as coisas estão funcionando, com a possibilidade de dali sair um novo campeão brasileiro. É bem gratificante, sim”.
RANKING BRASILEIRO
“Está sendo organizado um ranking. Serão apenas 16 atletas na Olimpíada e a briga será constante. Nosso ranking foi feito agora e, no momento, estou como primeiro colocado. Ano que vem teremos um Pan e quem ganhar vai direto para a Olimpíada. Até lá serão vários eventos que vão nos credenciar para ir aos Jogos”.
POLARIZAÇÃO POLÍTICA
“Na parte esportiva isso fica um pouco de lado, já na parte Cultural é diferente. A política vem na frente. Acho que isso acontece no esporte e em qualquer lugar das nossas vidas. É uma polarização meio louca. Felizmente no meio esportivo isso é secundário”.
COREOGRAFIA SURPRESA?
“Pode ter, sim. Estou preparando algo legal, uma surpresa. Pode nem ser algo tão típico do Pará. Eu gosto de colocar os ritmos regionais, sempre usei. Pode ser que sim, pode ser que não”.