Texto: Wal Sarges
Belém abre as portas para receber o show da turnê “Vera Cruz”, de um dos maiores ícones do heavy metal nacional, o cantor Edu Falaschi, ex-vocalista do Angra. O evento será nesta sexta-feira, 28, a partir das 20h, no Botequim, e contempla músicas de discos de sucesso do artista, entre eles, o memorável “Rebirth”, do Angra, e o disco que dá nome à turnê, o primeiro solo de composições totalmente próprias, lançado em maio do ano passado. O trabalho conceitual apresenta uma narrativa com começo, meio e fim, e mistura ficção com fatos históricos para retratar a história do Brasil e sua pluralidade musical.
“É um show temático porque o disco é conceitual. O show em Belém terá um cenário diferenciado dos outros shows que eu fiz, que será adaptado para o espaço. É a primeira vez que uma banda de heavy metal monta um cenário com essa estrutura em um show. É uma caravela de 1500 porque a temática do disco fala do ‘descobrimento do Brasil’, dessa invasão que ocorreu no país”, descreve o artista. O show promete ainda muita emoção para os fãs do metal. “Vai ser nostálgico, um show especial, porque faz tempo que não vou a Belém e estou ansioso para esse momento porque, depois de dois anos de pandemia, a gente precisava se encontrar para fazer show”, diz ele.
Projeto levou um ano de produção
Foram 365 dias o tempo que durou o processo de construção do álbum “Vera Cruz”, e quando chegou nas mãos dos fãs, deu a impressão de que foi um trabalho pensado há anos. “Demorou para ficar no ponto que eu queria, fiz um disco com bastante esmero, porque era meu primeiro disco solo. Eu vinha de uma carreira solo em que cantava as músicas mais pedidas pelo público. O disco veio para dar uma continuidade do tempo do Edu Falaschi compositor de ‘Rebirth’. Até a sonoridade tem a ver com os anos 2000. É o mesmo compositor que agora está fazendo músicas inéditas, dentro desse perfil. Eu demorei, mas valeu a pena”, garante.
E algo que realmente o marcou nesse processo foi ter gravado com Elba Ramalho. “Vê-la cantando na minha frente e ela me recebendo tão bem na casa dela. Foi demais”. O convite partiu de Edu, após pensar em uma voz feminina para a faixa “Rainha do Luar”. “Tudo começou com a composição da música. Quando fiz, já sabia que precisaria de uma voz feminina. Dentro desse tema, tem uma história, uma ficção, que inclusive virou um livro”, explica.
“Rainha do Luar” conta a história da indígena Janaína, que se apaixona por Jorge. “É uma história bem legal e complexa. Pensei que seria legal uma artista do Nordeste por ter uma conexão com as regiões mais próximas, onde convivem indígenas do Brasil. Cresci ouvindo Elba Ramalho através dos meus pais, nas novelas. Uma mulher do Nordeste, com voz linda, então não tinha como ser outra pessoa”, elogia.
O disco ganhou uma dimensão de obra artística, em um trabalho de fôlego, se traduzindo em uma obra de amor ao metal. “O heavy metal não é o estilo mais popular do Brasil, mas faço isso porque amo. Faço isso desde criança. Obviamente é uma obra em todos os sentidos estéticos, que extrapolou a música, e se transformou em uma obra audiovisual, com o DVD, gravado em São Paulo. Ganhou uma versão em livro, espetáculo teatral, uma grandiosidade”, diz Edu. “Os fãs já pedem um filme, mas o desafio seria conseguir um diretor que levasse para o cinema. É um sonho (risos)”, admite o músico.
A voz do heavy metal
A adaptação literária do álbum “Vera Cruz” marca a estreia do músico Fábio Caldeira, vocalista e pianista da banda Maestrick. Com 20 anos de carreira como músico, ele esmiúça detalhes da história apresentada nas músicas. “O livro foi outro sonho realizado. Tentei fazer um livro de um disco muitos anos atrás e não aconteceu. O Fábio Caldeira escreveu junto comigo, ele desenvolveu a história de Vera Cruz”, explica Edu. O livro saiu em duas edições, uma azul e outra dourada e em capa dura, especial.
“O livro levou um ano para ser escrito e saiu um pouco depois do disco. O que foi muito legal porque quando ele [Fábio Caldeira] ouviu o disco, absorveu as letras, decorou a melodia para cantar junto, então quando o cara ouvia as músicas depois de ter o livro, deduzia as motivações das letras pelo livro. É muito legal sair da esfera musical e ir para o audiovisual. É uma outra experiência. É ‘Vera Cruz Experience’ de fato porque é uma experiência que a gente propõe no disco”, acrescenta Edu.
Com letras sempre críticas e que mostram um país que não estava nos moldes que desejava, Edu diz que sua obra musical, assim como o livro, é fundamental para projetar nos jovens essa mentalidade mais crítica. “O Brasil não é para amadores. O lançamento do livro [também] é bom porque incentiva os adolescentes a lerem. As letras do disco não são banais, vejo que a gente perdeu um pouco da poesia que tinha nas músicas, existem esses fatos históricos que trazem essa vivência para os jovens, é uma maneira de educar. No livro, existe como pano de fundo a vinda dos templários para o Brasil, que a gente consegue contar mais do que as letras das músicas”.
Aos 50, Edu Falaschi diz que canta como se tivesse 20 anos de idade. O cantor precisou se cuidar um pouco mais, após descobrir um problema de saúde, aos 32 anos. “O refluxo gerava crises e prejudicava a minha voz durante um tempo. Fui a vários médicos, no Brasil e na Alemanha. Tem uma conexão emocional nisso e eu fiquei sem chão. Tive que me afastar dos problemas pessoais para ter paz porque refluxo tem ligação direta com a ansiedade”, lembra. “Quando se tem um problema, que envolve o seu principal instrumento de trabalho, é muito difícil. Mas hoje estou bem melhor. Com o disco ‘Vera Cruz’, usei a mesma técnica de quando descobri a doença e foi emocionante gravar o disco com saúde e ter vigor na voz, a mesma de quando comecei”, garante.
APROVEITE
Edu Falaschi
Vera Cruz Tour 2022
Quando: Hoje, 28, às 20h.
Onde: Botequim (Av. Gentil Bittencourt, 1445 – Batista Campos).
Quanto: R$ 90 (lote promocional) à venda na loja Distro Rock (Galeria 48, Rua dos 48, Loja 12 – Batista Campos), via PIX (celular 91981209464) e na loja virtual (www.sympla.com.br)00