Grande Belém

Cesta básica sobe e Belém lidera ranking de aumentos

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), o reajuste foi de 14,26% no acumulado dos últimos 12 meses, ou entre outubro de 2021 e 2022, na Região Metropolitana de Belém (RMB). Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), o reajuste foi de 14,26% no acumulado dos últimos 12 meses, ou entre outubro de 2021 e 2022, na Região Metropolitana de Belém (RMB). Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Diego Monteiro

Uma pesquisa nacional realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) colocou Belém em primeiro lugar na lista das capitais com o maior reajuste de preço da cesta básica nos últimos nove meses. De acordo com o Dieese, houve alta de 11,78% no bolso dos paraenses, que estão gastando em média R$ 632,26 nos itens básicos da alimentação mensal.

Belém ficou à frente de cidades como Campo Grande (10,87%), Brasília (10,56%), Goiânia (10,29%) e João Pessoa (10,08%). O Dieese no Pará também analisou, nos últimos 12 meses, os principais itens que compõem a cesta básica, com destaque ao litro do leite, que chegou a um aumento acumulado de 46,35% nas prateleiras dos supermercados. Na sequência está o café (45,77%); açúcar (30,97%); pão (29,89%), manteiga (25,18%); feijão (15,35%); dúzia da banana (14,81%); tomate (9,48%) e a carne bovina (36,53).

A justificativa para as constantes disparadas está na sazonalidade dos produtos, fatores ligados à comercialização, altas nos custos de produção, dos combustíveis e consequentemente no transporte. “Tudo isso foi afetado, em certas medidas, pelo efeito da pandemia, e principalmente em função das complicações da guerra entre Rússia e Ucrânia”, pontua Everson Costa, técnico do
Dieese/PA.

“Por que a inflação não poupou os alimentos? Isto reflete no aumento dos custos de maneira generalizada da nossa economia, como por exemplo, alta na energia elétrica, combustível, produção da indústria e do campo, importação de equipamentos e insumos, então isso acabou fazendo com que o valor final dessas mercadorias acompanhasse a inflação”, destacou Everson.

Diante das constantes altas nas prateleiras dos supermercados, o trabalhador viu o poder aquisitivo cair de forma brutal: enquanto a alimentação registrou alta de quase 17% nos últimos 12 meses, o salário mínimo subiu apenas 10%. Assim, cerca de 55% do rendimento mensal – no valor de R$ 1.212 – é comprometido apenas com a aquisição de cesta básica para uma família com quatro pessoas.

Essa é a realidade da pedagoga Madrilene de Almeida, 44 anos, que gasta todos os meses em média R$ 700 reais nos supermercados. “Em casa moram quatro pessoas, quantidade suficiente para gerar preocupação quando vamos às compras. Então precisamos nos virar e pesquisar, muita das vezes abrindo mão de produtos com maior qualidade para poder a conta fechar”, contou.

Entre um corredor e outro, a doméstica Regina Oliveira, 64, fica atenta aos menores preços. “Já aconteceu de ver um preço em um dia e no outro, o mesmo item já estava mais caro. Isto tem acontecido com uma certa frequência, inclusive, com uma variação absurda”, afirmou.