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Um lobo entre nós

Um lobo entre nós

 

Gael Garcia Bernal amedronta as plateias do Disney+ como o Lobisomem. Foto: Divulgação

 

“Lobisomem na Noite” (2022) é o primeiro “especial” para o Disney+ da Marvel dentro do seu atual universo cinematográfico e de televisão. Com um formato enxuto, de uma hora, a aposta da gigante do entretenimento é contar histórias fechadas, sem apelar para as origens dos personagens. A escolha para esse primeiro média-metragem não poderia ser mais, digamos, pitoresca.

Trata-se de um personagem que veio na onda da editora entrar na seara do horror, o que está ocorrendo agora no MCU, com Kevin Feige de olho nos jovens que gostam de monstros e sustos. Uma espécie de passo foi dado com Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Com o especial, a ideia é ampliar o universo cinematográfico em diversos horizontes, a partir da integração entre os filmes e as séries do Disney+.

No Especial, o Lobisomem é Jack Russel (interpretado pelo sempre competente Gael Garcia Bernal), um homem misterioso que decide participar da caçada tradicional de uma família caçadora de monstros para proteger um amigo, enquanto enfrenta outros caçadores e membros da família Bloodstone, que guarda uma relíquia capaz de revelar a natureza monstruosa de quem se aproxima.

Para tal empreitada, Feige recrutou o compositor Michael Giacchino, que apesar de não ter nenhuma experiência anterior por trás das câmeras, consegue imprimir certa personalidade ao trabalho. Para isso, ele emula a estética dos filmes de monstros da Universal, que inclui diversas obras de Drácula, Frankenstein e o próprio Lobisomem. Boa parte do especial é em preto e branco, e até a abertura remete aos clássicos do horror dos anos 30 a 50. A maquiagem da criatura também homenageia o estilo clássico do personagem vivido na época de ouro por Lon Chaney Jr.

Há ótimos momentos, desde a apresentação dos personagens principais ao anfitrião, até a trilha sonora nostálgica, passando pelo ataque do lobo, que demora para chegar, mas recompensa o espectador com muita ação e sanguinolência. É divertido e diferente de tudo que a Marvel fez, mostrando que o caminho para o “homem do boné” é diversificar produtos e estéticas para atrair públicos variados de diferentes faixas etárias.

Infelizmente, o roteiro é bastante irregular e deixa a desejar, ao jogar no comum da caçada humana e não investir mais tempo na personagem de Elsa Bloodstone (Laura Donnelly, se divertindo à beça) e em Russel (além do próprio), perdendo tempo demais em coadjuvantes descartáveis e conflitos quase inofensivos. Faltou a pegada de horror que o trabalho pedia, afinal. Legal e inofensivo, mas pelo menos não perde tempo expandindo o tal universo da Marvel ou inserindo participações desnecessárias (mesmo sabendo que o personagem principal pode fazer parte de um determinado “grupo” no futuro). Para ver em um fim de noite…