Texto: Wal Sarges
A Casa do Gilson está em festa. Neste domingo, 23, o espaço completa 35 anos de expressão cultural. A programação começa ao meio-dia e conta com diversas apresentações, de gente tão ligada ao espaço quanto o “dono da casa”, Gilson Rodrigues: como Adamor do Bandolim e Gente de Choro, Seu Edvaldo, Diego Xavier, Olívia Melo, Geraldo Nogueira, Andréa Pinheiro e Karen Tavares.
Adamor do Bandolim lembra que o local é conhecido como reduto do chorinho na cidade. Por isso o aniversário ganha outra amplitude. “A data tem uma grande importância que é a de valorizar a Casa, que é nosso QG [quartel general] (risos). É uma das casas mais importantes do Brasil e acredito que a maior da Amazônia. A data do aniversário é 28 de outubro, mas devido algumas implicações que cercam o dia, o show será antecipado, mas bem festivo”, garante.
Em seu show, das 14h às 16h, Adamor do Bandolim diz que tocará muitos clássicos. “O repertório terá músicas minhas, do Pixinguinha, Jacó do Bandolim, Altamiro Carrilho, Garoto e Waldir Azevedo. Depois, tem samba, bossa nova e muito mais”, lista o músico.
Roda na calçada deu origem à famosa casa
De memória, também é Adamor que ajuda a datar esse nascimento da Casa do Gilson. Ele diz que esta se tornou a continuação da Casa do Choro, criada em 6 de setembro de 1979, mas que teve apenas quatro anos de atividade, fechando as portas após a morte de seu fundador, Aldemir Ferreira da Silva. Gilson, por sua vez, junto com outros músicos que faziam parte do grupo Gente de Choro, passou a reunir a turma na sua calçada, aos finais de semana.
“A gente se reunia lá naquele mesmo local para tocar choro sem nenhuma pretensão. Como o pai dele tinha um pequeno açougue e o Gilson ajudava no corte de carne, ele pedia para a esposa dele fazer tira-gosto e a gente comprava as bebidas por fora”, lembra Adamor.
Com o passar do tempo, continuaram a aparecer pelo local novos simpatizantes do choro. Depois que o movimento começou a crescer, Gilson inaugurou dia 28 de outubro de 1987 aquela que hoje é conhecida como Casa do Gilson.
“Foi um motivo de muita alegria para mim, porque eu estava sonhando em fazer um disco”, lembra Adamor. Em 1993, quando o álbum foi lançado, a cena já fervilhava dentro da Casa do Gilson. E por ali, nas rodas de choro, ainda muitas trocas nasceram e deram frutos pela cidade. Como é o caso do projeto Choro do Pará, criado em 2006 por Jaime Bibas, tendo Paulinho Moura, Emílio Meninéa e Yuri Guedelha, trazendo mais uma leva de jovens chorões.
A cada tempo, uma nova geração de chorões
Uma dessas crias da Casa, a cantora Andréa Pinheiro conta que o lugar lhe deu amigos e valores que carrega pela vida. “Comecei a cantar profissionalmente em 1988. Nessa época, já cantava acompanhada pelo violonista Paulinho Moura, que me apresentou a Casa do Gilson. Desde então, ela passou a ser uma espécie de lar para mim. Lá, fiz muitos amigos, pessoas que eu trago até hoje. Aprendi muita música, lições valiosas de parceria e humanidade. Aprendi a ser resistência, em um mundo onde a cultura que é divulgada é cada vez mais rasa”, afirma a cantora.
Para o dono da casa, o momento é sempre propício para tocar choro. “Agradeço a todos que passam pela casa com a sua música, que contribuem com suas vivências e fico feliz de contribuir com o choro e a música instrumental. A casa está aberta a todos que desejam participar da roda que acontece na Casa do Gilson.”
COMEMORE
Casa do Gilson 35 anos
Atrações: Seu Edvaldo, Adamor do Bandolim e Gente de Choro, Diego Xavier, Olívia Melo, Geraldo Nogueira, Andréa Pinheiro e Karen Tavares.
Quando: Hoje (23/10), a partir das12h
Onde: Casa do Gilson (Tv. Padre Eutíquio, 3172 – Condor).
Quanto: R$20, à venda no local