O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) realizou entre os dias 11 e 17 de outubro de 2022, um mapeamento em diferentes canais com reclamações de consumidores sobre o consignado no Auxílio Brasil. O monitoramento passou por mais de 9 mil comentários em 10 canais de YouTube, além de também ser feito em páginas no Instagram, Facebook, páginas de reclamação e também no site consumidor.gov.br.
No total, o Idec encontrou cerca de 2 mil reclamações de consumidores sobre diferentes problemas que têm enfrentado. “A liberação dos recursos está sendo anunciada com prazo de 48 horas, porém a maioria dos interessados que tem buscado ajuda nas redes sociais adverte que os bancos não dão informações sobre o andamento dos processos.
Em muitos casos, esgotado o prazo máximo estimado, a informação enviada é que a proposta não foi aceita e o crédito foi negado sem justificativa, apenas advertindo que se trata de política de crédito”, explica a coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim.
Entre as reclamações, há também queixas de possíveis crimes, como o assédio de bancos e a venda casada.
“A cobrança de seguro prestamista, sem consentimento prévio do consumidor, configura venda casada vedada pelo Código de Defesa do Consumidor. Nas operações por meio digital, observa-se a existência de opção sem informação de valores. Há relatos de operações em casas lotéricas que o usuário não foi consultado e a operação finalizada com seguro. Sobre a cobrança de juros de acerto, essa cobrança é considerada abusiva pelo Ministério da Cidadania através da Portaria 816/22 que veda a ampliação para o prazo inicial de pagamento”, confirma a economista.
Essas reclamações indicam que as instituições bancárias ou não estão prestando um serviço adequado ao cidadão ou que o formulário de educação financeira obrigatório não tem surtido o efeito desejado pelo governo.
“Com problemas de acesso aos canais, a desinformação sobre os processos para a concessão, a demora na liberação do crédito e falta de transparência na divulgação da política de aprovação, aumentam o grau de ansiedade dos beneficiários que têm buscado informações juntos aos canais de youtubers. A ausência de educação financeira também. A maioria das operações, quando são confirmadas, são pelo valor máximo. Não há relatos que trazem alertas sobre o risco de endividamento. Informações que indiquem que não é preciso usar todo o recurso de uma só vez. Enfim, um desrespeito com a população mais vulnerável”, conclui a coordenadora.
Fonte: Idec