Círio de Nazaré

Entenda o significado do novo manto da Virgem de Nazaré

Entenda o significado do novo manto da Virgem de Nazaré

Um dos pontos altos do Círio ocorreu na noite de hoje e emocionou os devotos de Nossa Senhora de Nazaré. A apresentação do manto que vestirá a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré nos eventos da 230ª edição do Círio foi realizada após a celebração de uma missa na Basílica Santuário. A imagem da padroeira, já com o manto que será usado até o próximo Círio, foi apresentada aos fiéis que estavam fora e no interior da Basílica.

O arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, detalhou o novo manto e o seu significado. Nada nele foi escolhido de forma aleatória. “Diante de nossos olhos é hoje apresentada a Imagem Peregrina revestida com seu novo Manto de Rosa Mística, que procura apresentar a singeleza de Nossa Senhora Mãe e Mestra. Mostra com cores suaves, a ternura de Nossa Senhora, representada pela Rosa Mística e pelo Lírio Mimoso”, informou.

O novo manto foi apresentado nesta quinta. Foto: Divulgação

“Na parte posterior do Manto, o símbolo central é a Rosa Mística contornada por doze estrelas, que nos lembram os doze Apóstolos do Cordeiro expressando a figura feminina mostrada pelo autor do Apocalipse. A mesma Rosa se desdobra em pétalas de amor e presença, como Maria, chamada Rosa Mística na Ladainha a ela dedicada. Assim entendemos a multiplicidade de títulos e expressões de carinho com que Maria é invocada na Igreja. É Mãe da Igreja que cuida como uma rosa de ternura e carinho, mas também que nos ensina a superar os espinhos que a vida oferece, pois sabemos que na vida cristã não há espinhos sem rosas!”, completou.

O manto deste ano foi desenhado pela ilustradora Aline Folha e confeccionado pela estilista Stela Rocha, que iniciaram os trabalhos ainda em março. Os responsáveis pelo manto, estilista e designer, são sempre escolhidos pelo casal coordenador da Festa de Nazaré. Aline já desenhou o manto em outros dois anos, 2016 e 2017, além da ilustração do cartaz do Círio 2018.

“Confesso que, como das outras vezes, sempre dá um frio na barriga, uma espécie de medo que vem junto com a felicidade, mas o convite veio num momento muito especial para mim, pois estou grávida do meu primeiro filho, depois de anos de tentativas, e veio exatamente num momento em que fiquei em paz e entreguei tudo nas mãos de Nossa Senhora de Nazaré”, conta Aline.

Já Stela Rocha diz ter recebido o convite para confeccionar o manto de Nossa Senhora de Nazaré pela terceira vez. Ela já trabalhou no manto em 2014 e 2015. “Foi uma grande emoção e uma honra maior ainda. A inspiração para a escolha das cores e do material do manto foi baseada no tema do Círio 2022, ‘Maria, Mãe e Mestra’, e em toda a minha fé. Costurar sempre foi muito mais do que só uma atividade profissional, foi uma forma de interagir com as pessoas”, conta Stela.

O manto não tem apenas a atribuição de cobrir a imagem da padroeira dos paraenses. Várias exigências precisam ser cumpridas, como a sua ornamentação, que precisa estar de acordo com o tema do círio de cada ano, assim como as cores, os adereços e os desenhos, que precisam passar uma mensagem ao público.

COMO SURGIU O MANTO DA SANTA

Um dos símbolos da procissão, a tradição do manto foi mantida desde que o caboclo Plácido encontrou a santinha às margens do igarapé Murucutu. Ao sair nas procissões, o manto da Virgem de Nazaré seguia um formato retangular e, nos anos seguintes, foi confeccionado pela Irmã Alexandra, da Congregação Filhas de Sant’Ana, que confeccionava os mantos com material doado por promesseiros, até sua morte em 1973. Depois dela, a missão foi assumida pela ex-aluna da escola e sua ajudante na tarefa de bordar as peças, Esther Paes França, que chegou a confeccionar 19 mantos.