Pedro vive uma fase iluminada. Neste sábado (1), em seu primeiro jogo no retorno ao Flamengo após os amistosos da seleção brasileira, emplacou logo um hat trick na vitória por 4 a 1 sobre o Red Bull Bragantino. Os gols e as boas atuações colocam uma pressão natural no técnico Tite para que seja convocado para a Copa do Mundo do Qatar, mas além da questão técnica, seu espírito de grupo tem sido um fator de destaque e algo favorável ao seu momento.
A passagem recente com a “Amarelinha” foi positiva sob todos os aspectos. Além de ter feito um gol na goleada por 5 a 1 sobre a Tunísia, também foi abraçado pelo elenco estrelado do Brasil. Neymar e outras lideranças trataram de deixá-lo à vontade, e o funk “Ai, Pedro” -uma paródia do hit “Ai, preto”, de L7nnon e Gabriel do Furduncinho- caiu nas graças dos jogadores, que simplesmente chegaram ouvindo a música em alto e bom som antes do duelo com os tunisianos.
Richarlison, seu companheiro desde os tempos de Fluminense, provou que nem mesmo a briga direta por posição no ataque influenciou, e foi ele quem carregou a caixinha de som que tocava a canção.
No Flamengo não é diferente. O ambiente é o mais favorável possível e a torcida para que ele esteja na Copa vai do porteiro ao presidente. De perfil mais sereno e numa fase totalmente focada na religião e na família, Pedro costuma ser o “jogador dos sonhos” para qualquer treinador: efetivo em campo e sem dar dor de cabeça fora dele.
Dorival Júnior, aliás, demonstrou ontem (1) sua total felicidade com o momento do atacante, e lembrou que admira o camisa 21 mesmo antes dele ser seu atleta.
“A maior responsabilidade de um treinador é poder valorizar e resgatar quem não esteja vivenciando um bom momento. Desde os anos anteriores que eu observava a equipe do Flamengo, sempre senti que o Pedro seria um jogador que estaria atuando em qualquer equipe do futebol brasileiro com possibilidades reais de buscar uma vaga na seleção brasileira pela capacidade e qualidade que sempre vi no atleta quando ele atuou aqui, fora e com a camisa do Fluminense. Sempre foi um jogador que chamou muito a atenção”, disse Dorival.
“Aconteceu uma conjunção de fatores, uma participação natural que seja uma pontinha de tudo que aconteceu na vida dele [Pedro]. Fico muito feliz, sim, por ele e por outros jogadores que possam estar nessa convocação principal para a Copa do Mundo. Até porque esse é o trabalho e objetivo de cada comissão técnica: valorizar ao máximo os jogadores que estejam atuando ou não, e dar a máxima condição para que cada um possa mostrar o seu melhor. E quando surgiu a oportunidade, ele estava preparado”, completou.
BOA RELAÇÃO COM GABIGOL
No início do ciclo da Copa do Mundo, poucos acreditariam que na reta final, Pedro estaria com um pé no Qatar e Gabigol praticamente fora. Porém, mesmo com essa espécie de “disputa interna”, a relação entre os dois é boa. Embora os estilos de vida sejam diferentes – com Pedro numa fase mais caseira e religiosa, e Gabigol tendo mais apreço pela noite e o ambiente de celebridade – a convivência é harmoniosa no dia a dia.
Em entrevista ao UOL Esporte mês passado, Pedro falou um pouco sobre como é o convívio com o camisa 9:”Sempre perguntavam [sobre os dois atuarem juntos], mas brincadeiras à parte, é como o Gabriel sempre fala: o problema vai ser para o adversário. Estamos juntos, queremos dar o melhor para o Flamengo, e isso de jogar junto ou não só depende do treinador. Sempre nos demos bem dentro e fora de campo”, afirmou.
O “hat trick” de Pedro ontem foi o seu quarto da carreira, todos pelo Flamengo. Antes do Red Bull Bragantino, o atacante fez três gols sobre o Vélez Sarsfield, o Tolima (fez quatro) e o Volta Redonda.