Por Luiza Mello
Jovens do Pará se mobilizam para combater fake news e a falta de representatividade política. Apoiados pela organização mundial “Purpose”, que congrega ativistas, organizações sociais, empresas e entidades filantrópicas pioneiras para propor projetos sociais para a construção de um mundo mais aberto, justo e habitável, esses jovens querem ampliar o acesso a informações de qualidade sobre política, coibir a disseminação de notícias falsas e distorcidas, e definir coletivamente representantes compatíveis com as pautas de interesse da população paraense.
As atividades previstas em quatro campanhas desenvolvidas por coletivos de jovens paraenses, foram selecionadas pelo Projeto Inovação e Aceleração na Região Amazônica (IARA), desenvolvido pela Purpose. A plataforma foi criada para fortalecer coletivos e organizações ativistas por meio de incentivo para que, mobilizem suas comunidades a conquistar as mudanças necessárias para um desenvolvimento mais sustentável.
O combate às fake news foi o tema sugerido pela Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR), que criou a campanha “Di Rocha: Tapajós sem Potoca!” para combater as notícias falsas e mentiras (potocas) que circulam pelos territórios do município santareno. Para isso, vão produzir um jornal impresso que deve ser uma ferramenta de combate às fake news.
O material será produzido por sete mulheres representantes de sete regiões. A Associação de Mulheres também pretende organizar simultaneamente rodas de conversa nas comunidades. “O coletivo nasce da necessidade de combater fake news que circulam nesses territórios, especialmente neste período eleitoral, pois são usadas como estratégia de campanha”, afirma Keyse Costa, secretária da AMTR.
Já o coletivo “Gueto Hub” atua para fornecer informações de qualidade sobre política e meio ambiente ao combater a falta de informação dos eleitores sobre a importância do voto e sobre a crise climática, mostrando como esses temas se relacionam. Para isso, criou a campanha “Mó Climão”. Segundo Jean Ferreira da Silva, coordenador geral do coletivo, a ideia é formar uma rede de jovens ativistas pelo clima e meio ambiente nos bairros do Jurunas e Condor, em Belém.
Entre as ações, estão previstas oficinas interativas, como debates em forma de dinâmicas de subgrupos, cortejos, aplicação de lambes, coleta de assinaturas, exposição de trabalhos dos jovens. O coletivo existe desde 2018. Em 2021, devido à urgência desses temas, se transformou no Gueto Hub, que está em processo de regulamentação para se tornar uma ONG. A expectativa é alcançar os jovens, famílias, vizinhos e amigos, mostrando que a política é um caminho para mudanças estruturais e proteção das florestas.
O tema “meio ambiente e eleições” está na pauta do Movimento Tapajós Vivo e na campanha “Que clima é esse, Tapajós?”. O objetivo é chamar a atenção das pessoas para a importância do voto para a defesa do território Tapajônico. O coletivo, que existe desde 2009, já trabalha com jovens indígenas, quilombolas e ribeirinhos. O coletivo quer discutir as pautas eleitoral e ambiental para a comunidade entender que o voto é uma ferramenta de melhoria social e transformação do dia a dia.
Os jovens do coletivo estão ajudando também a mobilizar uma Audiência Pública Popular Contra o Mercúrio no Tapajós, a ser realizada no dia 9, como parte da programação do Grito Ancestral dos Povos do Tapajós, na Aldeia Muratuba, do Povo Tupinambá!
Já a Rede Jandyras, desenvolve um trabalho de combate à desinformação nos territórios quilombolas. Para o coletivo, a distância social e política imposta às populações quilombolas resulta na desinformação e na falta de participação ativa das comunidades nas políticas públicas que afetam seus territórios.
Por conta disso, a Rede Jandyras organizou a campanha “Aquilombar é preciso” para justamente ajudar no fortalecimento do território. Esse movimento é especialmente importante em um ano eleitoral, quando são definidos os candidatos que vão representar os interesses e identidade dos quilombolas.
A Rede promove uma oficina de política; roda de conversa sobre o meio ambiente, clima e ervas medicinais; além de uma oficina de tranças e turbantes. A ideia é ajudar na preservação e fortalecimento da identidade quilombola do Quilombo Sucurijuquara, na Ilha de Mosqueiro, em Belém.