FIFA tensa: Europeus planejam ato anti-homofobia na Copa

Regulamentada em todo o país em 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a mudança de sexo em Cartório foi regulada pelo Provimento nº 73 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Regulamentada em todo o país em 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a mudança de sexo em Cartório foi regulada pelo Provimento nº 73 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Harry Kane puxou a fila dos representantes de oito seleções europeias que fecharam um acordo para disputar a Copa do Mundo com menção a uma campanha contra a homofobia. Além da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, País de Gales e Suíça pretendem estampar um coração com as cores do arco-íris em suas braçadeiras de capitão.

Apesar de a Federação Inglesa de Futebol (FA) já ter anunciado nesta quarta-feira (21) esta medida de apoio ao movimento “OneLove”, a reportagem apurou que ainda não é possível considerá-la oficial. E mais: o assunto já cria um impasse nos bastidores da Fifa.

A polêmica começa no fato de que a homossexualidade é considerada crime no Qatar, país-sede do Mundial. Segundo a “sharia”, a lei em vigor em vários países com população predominantemente muçulmana, a prática homossexual para homens ou mulheres prevê penas como apedrejamento e sete anos de prisão. Apesar disso, autoridades locais disseram que pessoas com quaisquer orientações sexuais serão bem-vindas para a Copa.

O gesto da FA e das outras nove federações nacionais tem o objetivo justamente de pressionar o Qatar e o Comitê Supremo para Entrega e Legado, órgão que organiza a Copa do Mundo, a aceitar que terão que lidar com campanhas contra a discriminação e em nome do respeito aos direitos humanos ao longo do torneio. O uso das faixas de capitão com o desenho e as cores que lembram a bandeira do movimento LGBTQIA+ já está previsto para ser iniciado em jogos da Liga das Nações a partir desta quinta-feira.

O grande problema é que estas braçadeiras ainda não foram aprovadas pela Fifa para uso na Copa do Mundo e podem nem ser.

A Fifa tem regras rígidas sobre como as seleções devem se vestir no torneio. No regulamento, há a previsão de que as faixas de capitão serão padronizadas para as 32 seleções. Este conjunto de regras, por sua vez, foi discutido e aprovado em julho, em Doha, e certificado por todos os participantes da Copa em agosto, em reuniões individuais ocorridas em Zurique, na Suíça.

Nesse sentido, uma saída em nome da padronização prevista em regulamento é que todas as seleções usem a braçadeira com o coração anti-homofobia. No entanto, a Fifa já tem informação de que alguns países vão rejeitar a ideia e também tem suas regras rígidas sobre inserção de questões políticas e sociais dentro do campo.Daí vem o impasse que a entidade ainda não sabe como contornar. A luta contra a homofobia é uma bandeira da Fifa, mas o princípio da universalidade sobre a maneira como as seleções se apresentam em campo também é. Não há previsão para uma decisão final.

A FIFA publicou hoje que “apoia completamente o orgulho LGBTIQ+”, que “o futebol pertence a cada um e a todos nós” e que “é contra todo tipo de discriminação”. Junto, fotos de sua bandeira com a bandeira do arco-íris.

A próxima Copa do Mundo ser no Catar não comprova o discurso. pic.twitter.com/GVekCx0VrX

— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) June 25, 2021

POLÔNIA TAMBÉM SE MEXE

Outra representante europeia na Copa do Mundo do Qatar, a seleção da Polônia também procurou a Fifa para propor uma mudança no design de sua faixa de capitão. Em vez das cores do arco-íris, os poloneses querem usar uma braçadeira com as cores azul e amarela da bandeira da Ucrânia, país invadido pela Rússia em fevereiro.

Robert Lewandowski, capitão da Polônia, recebeu a faixa das mãos do ex-jogador e ídolo ucraniano Andriy Shevchenko, em encontro realizado na terça-feira, e prometeu usá-la no Qatar.

A Fifa notificou oito pedidos para mudança de design das braçadeiras, sendo sete das seleções que planejam o ato contra a homofobia e o outro da Polônia. Oficialmente, o período para estes pedidos já foi encerrado, mas nos bastidores foi levantada a possibilidade de uma reconsideração.

Ser homossexual no Catar é passível de pena de morte, por mais que ela nunca tenha sido aplicada. Porém, há vários casos de estrangeiros que foram presos por lá por “homossexualismo”. Em 1998, Um turista norte-americano foi condenado a seis meses de prisão e 90 chibatadas. pic.twitter.com/ZkjJvtWqUx

— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) June 25, 2021