Nestlé e marcas são notificadas por leite e requeijão fakes

Nestlé e marcas são notificadas por leite e requeijão fakes

O Procon-SP
notificou empresas a prestarem esclarecimentos sobre bebidas e misturas lácteas
que se assemelham a leite, leite condensado e creme de leite. Segundo a
entidade, os produtos são parecidos com outros já tradicionais e podem
confundir o consumidor.

A lista com
11 empresas tem produtos que usam soro de leite no lugar do leite: bebida
láctea que se parece com leite de caixinha, alimento à base de manteiga e
margarina, produto sabor requeijão, além de blend de azeite de oliva.

De acordo
com o Procon-SP, as respostas das empresas já começaram a ser encaminhadas para
o órgão de defesa e estão sob análise.

Produtos
parecidos com os originais ficaram conhecidos na internet como fakes, após
fotos de prateleiras viralizarem na internet. As bebidas lácteas passaram a
ganhar mais espaço nos supermercados com a disparada da inflação, em especial
com o aumento do preço do leite. O Procon informou que não tem como afirmar que
os produtos da lista são fakes. 

Um dos
exemplos de produtos da lista do Procon são os da Nestlé Brasil, que passou a
oferecer mistura láctea da Nestlé, da linha Moça Pra Toda Família, similar ao
tradicional leite condensado Moça, e a mistura de creme de leite Moça, parecido
com o creme de leite original.

Por meio de
nota, a empresa confirmou a notificação e disse que prestará os esclarecimentos
ao Procon-SP. “A Nestlé reforça ser uma empresa ética, que cumpre todos os
requisitos das legislações em vigor, incluindo aquelas que se referem à
composição e rotulagem de alimentos, bem como sua respectiva publicidade”,
disse, por meio de nota.

O órgão
reforça que os produtos são comercializados em apresentação bastante semelhante
aos originais e que podem confundir o consumidor.

AS EMPRESAS
NOTIFICADAS FORAM:

Segundo o
Procon, a utilização de embalagens parecidas com as originais pode provocar
confusão. Em alguns casos, os itens, que chegavam a custar cerca de 30% a
menos, são ofertados nas gôndolas ao lado dos originais, com embalagens
similares, fazendo com que o consumidor acredite estar adquirindo um produto
com a mesma qualidade e composição.

“O
Procon-SP está atento ao aumento da oferta de produtos similares aos
tradicionais e apresentados ao público em embalagens muito parecidas, que podem
induzir o consumidor ao erro, levando-o a achar que está comprando e consumindo
outro produto”, informa o Procon, por meio de nota.

O órgão
ainda afirma que a informação clara, correta e verdadeira é um dos direitos
básicos previstos pelo Código de Defesa do Consumidor.

*

AS EMPRESAS
NOTIFICADAS FORAM:

– Companhia
de Alimentos Ibituruna (fabricante da bebida láctea UHT Olá);

– Nestlé
Brasil

– Laticínios
Trevo de Casa Branca (fabricante da bebida láctea UHT Aquila);

– Laticínios
Bela Vista (fabricante da bebida láctea UHT MeuBom);


Cooperativa Central Mineira de Laticínios – Cemil (bebida láctea UHT
Performance);

– Doce
Mineiro (bebida láctea UHT Triângulo Mineiro);

– Vigor
Alimentos Leco (Alimento à Base de Manteiga e Margarina Leco Extra Cremosa);

– Tella
Barros Comércio e Importação de Frios e Laticínios (Supremo Cremoso Sabor
Requeijão);

– Oceânica
Comércio de Gêneros Alimentícios (que produz o Crioulo Queijos Ralados Latco);

– Itambé
Alimentos (que produz o Queijo Parmesão Ralado Itambé);

– Gran Foods
Indústria e Comércio Eireli (que fabrica o Do Chefe Premiun Blend Azeite de
Oliva)

*

Segundo o
Procon, a Nestlé tem até segunda-feira (26) para se manifestar. A empresa
deverá demonstrar as características de cada produto e apontar quais as
diferenças nutricionais e indicações individualizadas de consumo de cada um.
Além disso, a fabricante precisará apresentar documentos como informes,
materiais publicitários e mídias de divulgação dos produtos.

Em julho,
após ser procurada pela Folha de S.Paulo, a Nestlé informou que os produtos
similares eram uma alternativa à crise. “A Nestlé busca seguir sua jornada
de renovação e inovação de portfólio, com soluções que entregam aos
consumidores produtos de alta qualidade e com preços mais acessíveis, em
especial em cenário de alta inflação.”

“A
empresa deverá apresentar as tabelas nutricionais de cada item, com os
percentuais de cada um dos ingredientes e uma embalagem vazia (gabarito) de
cada forma de apresentação (caixas e rótulos) tal como são disponibilizadas ao
consumidor”, diz o Procon.

A empresa
também deverá apresentar os documentos referentes à autorização de
comercialização dos produtos junto aos órgãos oficiais competentes e que
comprovem os testes de qualidade realizados, demonstrando o processo de
manipulação, acondicionamento e prazos indicados de consumo.

Procurada, a
Argenzio (empresa que comercializa a bebida láctea Aquila) diz que já enviou os
esclarecimentos ao Procon e que atende todas as normas e protocolos para
comercialização do produto. “Informamos que o produto é fabricado a mais
de 10 anos e que não é um produto novo no mercado. Declaramos que não se trata
de produto similar, o que fica evidenciado na embalagem”, informou em nota.

A reportagem
entrou em contato com as empresas Ibituruna, Cemil, Doce Mineiro, Tella Barros,
Itambé, Gran Food Alimentos e Vigor, mas não teve resposta até a publicação
deste texto.

A reportagem
não conseguiu contato com a Laticínios Bela Vista.