Pará

94% do ouro brasileiro importado pela Europa saem do Pará e Amazonas

O levantamento é do Instituto Escolhas e a comparação é com igual período de 2022
O levantamento é do Instituto Escolhas e a comparação é com igual período de 2022

Os esforços do Brasil para coibir a extração ilegal de ouro exigem uma resposta igualmente firme por parte dos consumidores internacionais, especialmente na União Europeia. Um estudo recente do Instituto Escolhas destaca que, em 2023, países como Alemanha, Itália e República Tcheca importaram cerca de 1,5 tonelada de ouro proveniente de áreas brasileiras com alto risco de ilegalidade. A União Europeia é um dos principais compradores do ouro brasileiro, e o Brasil ocupa a 14ª posição no ranking mundial de produtores de ouro.

O estudo “Europe’s Risky Gold” revela que o ouro importado pela União Europeia frequentemente tem origem em estados brasileiros como Pará e Amazonas, onde a extração é realizada predominantemente por garimpeiros, e em São Paulo, que não produz ouro, mas serve como ponto de escoamento do metal proveniente de áreas de garimpo. Nessas regiões, há sérios indícios de ilegalidade na extração e no comércio de ouro, tornando difícil confirmar a origem lícita do metal.

Larissa Rodrigues, diretora de pesquisa do Instituto Escolhas e responsável pelo estudo, destaca que, embora o Brasil tenha dado passos significativos no combate ao ouro ilegal – como a adoção de notas fiscais eletrônicas e o fim da presunção de boa-fé no comércio do ouro de garimpos –, essas medidas são apenas o começo. Ela enfatiza que, enquanto países importadores continuarem adquirindo ouro de áreas de risco sem verificar sua origem, estarão incentivando o mercado ilegal. “A responsabilidade vai além das nossas fronteiras”, afirma Rodrigues.

O estudo fornece exemplos concretos: todo o ouro importado pela Alemanha – 1.289 quilos, no valor de 78 milhões de dólares – está exposto a riscos de ilegalidade. Na Itália, 71% do ouro importado, equivalente a 254 quilos e avaliado em 15 milhões de dólares, também está em risco.

Rodrigues questiona: “Como a União Europeia pode garantir que não está comprando ouro ilegal quando a origem do metal é tão difícil de rastrear e ele circula por diversos intermediários antes de chegar ao mercado externo?” Ela defende que a União Europeia deve adotar medidas mais rigorosas, como a disponibilização pública de informações sobre a origem do ouro e a implementação de processos robustos de devida diligência para todos os importadores.

O estudo conclui que para enfrentar efetivamente o problema do ouro ilegal, é essencial que todos os envolvidos na cadeia de suprimento adotem práticas transparentes e responsáveis.

 

*Fonte: Instituto Escolhas