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Dia dos Pais: amor supera barreira e até rivalidades

O remista Paulo Fernando e o filho Miguel, que é torcedor e treina na base do Paysandu
O remista Paulo Fernando e o filho Miguel, que é torcedor e treina na base do Paysandu . Foto: Octavio Cardoso/Diário do Pará

Quando o assunto é futebol, nem sempre o ditado popular que reza que filho de peixe, peixinho é se confirma. Por isso, neste domingo (11), quando se comemora o Dia dos Pais, alguns torcedores de Remo e Paysandu serão homenageados por filhos, que, por uma razão ou outra, torcem por clubes rivais aos dos pais. A escolha do filho, neste caso, quase sempre, claro, não é do agrado do pai, que um dia chegou a sonhar em ter a cria ao seu lado na mesma arquibancada dos estádios, incentivando, vibrando e até mesmo lamentando algum o tropeço da equipe do coração.

A divergência clubística entre pai e filho, no entanto, na maioria dos casos, não impede que ambos tenham uma convivência pacífica, sempre que a bola entra na conversa. Essa diferença clubística entre pai e filho, que ao nascer, muitas das vezes, chegou a receber enxoval com o distintivo e as cores do clube do pai, pode até ser salutar para a troca de ideias entre ambos sobre as qualidades e defeitos da própria equipe e do rival. A escolha do filho, normalmente, é incentivada por algum membro da própria família, seja a mãe, um tio ou outro parente.

O amor de um filho por um clube diferente ao do pai, também, pode nascer fora do seio familiar, como a escola, por exemplo, com o incentivo dos colegas. Se o clube rival ao do pai cumprir boa jornada, estando, como se dizia antigamente, na crista da onda, as chances de o filho engrossar a torcida do rival aumentam significativamente. E aí, adeus o sonho do pai de ter o filho ao seu lado no estádio ou mesmo na frente do aparelho de televisão para assistir aos jogos entre as equipes de suas predileções.

Por se tratar de relacionamento entre pai e filho, muitas das vezes o genitor acaba deixando de lado a paixão pelo clube do coração para se transformar em um “fervoroso” torcedor do time do filho, principalmente quando o rebento ainda é criança. É o caso do odontólogo Paulo Fernando Mendes de Figueiredo, 41 anos, remista. “O meu clube são os meus filhos. Se eles vestem a camisa do Paysandu, eu também visto”, argumenta Paulo Fernando, mostrando que amor de pai não tem limites.

Pai de três filhos e que, certamente, será homenageado por eles neste domingo, Paulo Fernando convive em casa com quatro torcedores do maior rival, o Paysandu. Isso porque, a mãe dos meninos, Rafaela Figueiredo, de 36 anos, é uma devotada torcedora bicolor. E foi justamente a esposa, conforme conta Paulo Fernando, quem acabou incentivando os filhos a torcerem pelo Papão, principalmente Miguel Figueiredo, o filho mais velho, de 11 anos, e que hoje, inclusive, treina na base do Paysandu.

“A minha esposa é muito Paysandu, então, quando ele (Miguel) tinha três, quatro anos, parecia dividido entre o Remo e o Paysandu para nos agradar”, explica. “Mas aí ele foi crescendo e aos cinco anos acabou virando Paysandu de vez”, completa. A filha do casal, Fernanda Figueiredo, de 9 anos, que se encontra no Peru, acompanhada pela mãe, disputanda a Copa Sul-Americana de Ginástica Artística, também veste a camisa bicolor. “Aqui em casa o único remista mesmo sou eu”, diz o odontólogo, que ainda nutre uma pequena esperança de ter o filho menor, Murilo Figueiredo, de 2 anos, como companheiro de clube.

“O problema é que ele (Murilo) ainda está indeciso”, informa o pai. “Quando ele está perto de mim diz que é Remo, mas quando está longe garante ser torcedor do Paysandu, como os irmãos”, comenta Paulo Figueiredo, que garante jamais ter se oposto à escolha dos filhos. “A influência da mãe foi grande nessa questão do futebol, mas sempre deixei os meus filhos livres para escolher o clube para o qual torcer”, salienta o odontólogo, que leva o filho Miguel para os treinos no Papão sem qualquer constrangimento.

“Vou aos jogos do time dele, na base do Paysandu, e, claro, também torço tranquilamente”, revela. Paulo Fernando faz até mais que isso, mostrando que prima pelo respeito à escolha clubística dos filhos. “Outro dia fui a uma loja do Paysandu comprar alguma coisa para o Miguel e a vendedora, ao saber que eu era remista, ficou surpresa em me ver ali”, recorda, provando que o amor aos filhos é capaz de superar qualquer barreira. Até mesmo a rivalidade que há século existe entre Leão e Papão.