Pará

Efeito Rebeca: procura por esporte olímpico cresce no Pará

Sucesso da ginasta artística Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris, com a conquista de quatro medalhas, fez aumentar a procura pelo esporte em Belém.
Sucesso da ginasta artística Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Paris, com a conquista de quatro medalhas, fez aumentar a procura pelo esporte em Belém. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

O sucesso de Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, com a conquista de quatro medalhas e da admiração do mundo, trouxe à tona não só o talento extraordinário da campeã, mas também um novo olhar para a ginástica como um caminho de desenvolvimento físico e mental desde a infância. Em centros de treinamento, o impacto de suas conquistas se reflete em um aumento na procura pelo esporte, alimentando os sonhos de jovens ginastas que agora vislumbram um futuro olímpico.

O Centro Norte de Ginástica Artística (CNGA), na Pedreira, com uma equipe de 10 colaboradores, atende desde crianças a partir de quatro anos até adultos que buscam na ginástica uma forma de manter a forma e aprender novas habilidades. Além das modalidades olímpicas, o centro também oferece aulas de balé.

As modalidades artística, rítmica e aeróbica são as atividades que, a partir do impacto da visibilidade conquistada por Rebeca, têm sido bastante procuradas; por dia, em média, 30 pessoas procuram a unidade para tentar uma vaga. A influência é visível não apenas no aumento de inscrições e lista de espera, mas também na determinação desses jovens atletas em alcançar seus objetivos. Agenor Paes, 59, coordenador do Centro e presidente da Federação Paraense de Ginástica, acredita que o exemplo de Rebeca serve como um estímulo poderoso.

“Isso traz um grande estímulo para a ginástica do Pará. O mais importante é que o esporte cria cidadãos – eles vão ser mais disciplinados, coordenados, pensativos e respeitosos. Hoje, a ginástica é a principal modalidade do comitê olímpico, a que conseguiu mais medalhas e esse efeito a gente vê desde as crianças, que agora estão mais estimuladas a alcançar o topo também”, afirma Agenor, também professor de ginástica artística no Centro.

O Centro Norte é fruto do legado dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e, segundo Agenor, tem se empenhado em fomentar a prática da ginástica como um esporte inclusivo e formador de caráter. “Hoje contamos com 500 alunos-atletas que procuram nosso centro. O aumento na procura desde as Olimpíadas deste ano mostra a importância desses atletas de alto rendimento em inspirar as próximas gerações”, comenta.

Para atingir um nível de alta performance, é importante começar desde bem cedo

A ginástica artística (GA), uma das modalidades mais populares do “efeito olimpíada” deste ano, destaca-se pela combinação de força, flexibilidade e coordenação. Atletas competem em diferentes aparelhos, como solo, barras assimétricas, trave, cavalo com alças, argolas e barra fixa. Já a ginástica rítmica (GR), por sua vez, é uma especialidade feminina que mistura dança e acrobacia com o uso de aparelhos como corda, bola, arco, maças e fita. A modalidade é conhecida pela sua elegância e fluidez, exigindo uma perfeita harmonia entre técnica e expressividade.

Houve aumento na procura por vagas nas escolas de ginásticas. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

A professora de ginástica Célia Santos, 60, revela que, desde os Jogos Olímpicos, a procura pela prática aumentou consideravelmente. “Casa cheia em todos os lugares. Todo mundo quer ser Rebeca. O telefone não para de tanta ligação na procura por vaga. O volume de novas crianças adeptas a essa modalidade está crescendo enormemente”, conta.

Para ter as performances de artistas de renome mundial como Simone Biles e Rebeca Andrade, a professora indica começar cedo, uma vez que as bases desenvolvidas na infância são fundamentais para o sucesso futuro. “A base é tudo na vida de um ginasta. Se ele é bem preparado, desenvolve todas as aptidões necessárias para a modalidade escolhida. As crianças têm a oportunidade de experimentar diferentes modalidades antes de escolher a que mais se identificam”, explica.

Já a ginástica aeróbica, embora não seja uma modalidade olímpica, é igualmente desafiadora e competitiva. Focada em rotinas de alta intensidade e dinâmica, combina elementos de ginástica e dança, os atletas são avaliados pela capacidade de manter o ritmo e a energia ao longo das performances. Mauricio Santos, 31, professor de ginástica aeróbica de competição, destaca que o esporte contribui para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes; e, para isso, o trabalho realizado no centro vai além do aperfeiçoamento técnico.

“É muito importante o atleta competir bem e competir feliz. Esse cuidado vem desde casa, observando como o atleta está se desenvolvendo para que ele se sinta bem competindo. Se caso o aluno opte por começar pela aeróbia, no futuro ele tem a flexibilidade de mudar de modalidade conforme amadurece e seus interesses evoluem”, ressalta.

INSPIRAÇÃO

Mais do que a busca por medalhas, esses atletas encontram na ginástica uma forma de expressão e um meio para o aperfeiçoamento pessoal. Maria Paula Favacho, de 15 anos, moradora da Sacramenta, está no Centro há pelo menos três anos, e é uma das jovens ginastas que vê na carreira esportiva uma possibilidade concreta. Inicialmente atraída pela beleza da ginástica rítmica, Maria Paula encontrou na ginástica artística sua verdadeira paixão.

“Pretendo seguir carreira, mas se não der certo, quero conseguir (cursar) educação física, para pelo menos ser treinadora. Já participei de vários campeonatos e sei que é preciso ter muito psicológico, primeiramente, para ser um profissional. E responsabilidade. É muita coisa para se tornar um atleta mesmo”, diz.

A pequena Luísa Oliveira, de 8 anos, se desloca do bairro do Jurunas para treinar a modalidade artística. Com um ano de prática, revelou que sua decisão de iniciar as aulas foi pessoal. “Fui eu quem escolheu fazer ginástica. Eu gosto da barra e do solo. Quero continuar na ginástica até ser, também, uma campeã”.

Maria Isis, de 9 anos, se encontrou na ginástica rítmica, mas com uma inspiração um pouco diferente.

“Minha mãe trabalha próximo, viu que havia ginástica aqui, e me inscreveu para uma aula experimental. Eu me apaixonei Não consigo ficar sem as aulas”, contou. Já Mariana Izabella, de 9 anos, começou na rítmica desde os 3 anos, quando deu os primeiros passos na ginástica em casa. Sua paixão pelo esporte cresceu após uma aula experimental, que levou a uma decisão firme de seguir a carreira. “Amo o bambolê e a corda. Quero me formar como técnica de ginástica rítmica”, compartilhou.