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Passageiros trocam ônibus por carros de aplicativos, revela pesquisa

Passageiros trocam ônibus por carros de aplicativos, revela pesquisa Passageiros trocam ônibus por carros de aplicativos, revela pesquisa Passageiros trocam ônibus por carros de aplicativos, revela pesquisa Passageiros trocam ônibus por carros de aplicativos, revela pesquisa
Foto: Mauro Ângelo
Foto: Mauro Ângelo

Em um ano eleitoral marcado por debates intensos sobre as políticas de mobilidade urbana, o transporte coletivo vive dividido entre suprir as necessidades de deslocamento diário da população e superar a concorrência dos transportes por aplicativo e o clandestino. Apesar dos desafios, o serviço é essencial, sendo o ônibus a única alternativa de locomoção disponível a 52,7% dos usuários de transporte. Isso é o que mostra a nova Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana, lançada nesta quarta-feira (7), durante a Lat.Bus Transpúblico (Feira Latinoamericana do Transporte), em São Paulo/SP.

O levantamento da CNT (Confederação Nacional do Transporte), realizado com o apoio da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), ouviu 3.117 pessoas em 319 municípios com mais de 100 mil habitantes, de 18 de abril a 11 de maio deste ano. A pesquisa busca, dentre outros aspectos, identificar os principais modos de transporte utilizados pela população brasileira, caracterizar os deslocamentos diários e avaliar a percepção dos passageiros sobre o setor de transporte urbano no país.

O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, declara que, ao conhecer os principais problemas enfrentados pelos usuários do transporte público, a CNT tem a oportunidade de propor e trabalhar em prol de soluções que possam fomentar a utilização desses serviços no território nacional. “Em um ano com eleições municipais, é fundamental que os candidatos coloquem a mobilidade urbana no centro de suas propostas, garantindo investimentos e políticas que tornem o transporte público mais eficiente, seguro e acessível para todos.”

Os dados divulgados podem auxiliar os entes públicos, sendo referência na formulação de políticas para o setor e os agentes privados em seus processos de tomada de decisões, planejamento e desenvolvimento de ações. O diretor executivo da NTU, Francisco Christovam, afirma que “a revitalização do transporte público urbano passa por colocar o passageiro em primeiro lugar. Ele é o nosso cliente e a razão de ser do nosso trabalho. Por isso, precisamos ouvir o passageiro, entender suas expectativas e suas necessidades, para podermos entregar um serviço de melhor qualidade. Daí surge a grande importância da Pesquisa CNT de Mobilidade”.

Principais resultados

Melhores condições

Em meio à busca por acesso a melhores condições, chama a atenção, nos resultados, o percentual de pessoas que são favoráveis ao investimento em conforto nas viagens e em soluções ambientais. A coleta indica que mais de 57% dos entrevistados estão dispostos a pagar uma tarifa mais cara para viajarem somente sentados nos ônibus. Em relação à sustentabilidade, 52,6% afirmaram estar dispostos a pagar uma tarifa diferenciada pelo uso de veículos menos poluentes; e 32,1%, pelo uso de ônibus elétricos.

Alterações na demanda do transporte público

Por outro lado, em comparação com a edição anterior da Pesquisa, realizada em 2017, a parcela da população que considera o transporte um problema quase dobrou. Em sete anos, passou de 12,4% para 24,3%. O percentual de pessoas que utilizam ônibus também diminuiu. Neste ano, o quantitativo é 14,3 p.p. menor na comparação com 2017, quando a parcela que utilizava esse veículo era de 45,2%. Nesse mesmo sentido, o uso do metrô reduziu de 4,6% para 4,2%.

Fatores que podem ter influenciado a queda são o aumento da utilização do carro próprio, que passou de 22,2% para 29,6% no período, e a obtenção de moto própria, que também teve um salto significativo. A utilização dessa mais que duplicou, saltando de 5,1% para 10,9% em sete anos.

Concorrência dos serviços por aplicativos

Os serviços de viagens oferecidos por aplicativos têm sua cota de responsabilidade na baixa procura por transporte público. Realizada com veículo particular, a modalidade teve uma evolução expressiva nesse período, passando de 1,0%, em 2017, para 11,1%, em 2024.

É possível que essa evolução seja um dos fatores que contribuem para a substituição de um meio por outro, uma vez que, neste ano, 56,9% dos entrevistados confirmaram que deixaram de usar totalmente o ônibus (29,4%) ou diminuíram o uso (27,5%). Além disso, essa modalidade vem ganhando espaço na população de baixa renda. Segundo a Pesquisa da CNT, dentre as pessoas que substituíram o ônibus pelos aplicativos de transporte, 56,6% pertencem à classe C; e 20,1%, às classes D ou E.

 

Fonte: CNT