Após seis meses consecutivos de altas, o custo da cesta básica de alimentos dos paraenses apresentou queda. Porém, devido aos reajustes ocorridos nos balanços do 1º semestre deste ano e também no comparativo dos últimos 12 meses, a cesta ainda continua cara e com aumentos acumulados acima da inflação.
Segundo as pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), em julho o valor total da cesta comercializada em Belém foi de R$ 682,39 apresentando recuo de 1,90% em relação ao mês de junho, quando custou R$ 695,58.
Também em julho, o valor da alimentação básica para uma família padrão paraense, composta de dois adultos e duas crianças, ficou em R$ 2.047,17 sendo necessários, portanto, aproximadamente 1,44 salários mínimos (baseado no valor atual) para garantir as mínimas necessidades do trabalhador e sua família, somente com estes alimentos básicos.
Já para comprar os 12 itens básicos da cesta, em julho, o trabalhador paraense comprometeu 52,25% do atual salário e teve que trabalhar 106 horas e 19 minutos das 220 horas previstas em Lei.
Mais da metade dos 12 produtos básicos teve recuos de preços, com destaque para o leite, com queda de 11,12%; seguidos do feijão, com queda de 5,18%; óleo de soja, com queda de 4,54%; açúcar, com queda de 3,97%; manteiga, com queda de 3,63%; arroz, com queda de 2,61%; farinha de mandioca, com queda de 1,88% e a carne bovina, com queda de 1,79%. Também no mês passado, alguns itens da cesta básica ficaram mais caros, com destaque para o aumento de 4,28% registrado no preço do café.
Mesmo com a queda registrada no mês passado, o balanço realizado pelo Dieese/PA para todo o ano de 2024, mostra que o custo da cesta básica dos paraenses ainda continua caro e acumula alta de quase 6%, praticamente o dobro da inflação estimada em torno de 3,00% para o mesmo período.
O café foi o grande vilão, com alta acumulada de 22,73%, seguido do arroz, com reajuste de 20,91%. A banana subiu 14,69% e o quilo do tomate teve alta de 14,16%. Na outra ponta, o açúcar caiu 4,88% seguidos do feijão, com queda 4,04% e o óleo de soja, com queda de 2,89%.
Os dados nacionais mostram que, com base no custo total da cesta mais cara (São Paulo), e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em julho de 2024, o salário mínimo para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.802,88 ou cerca de 4,82 vezes o valor do atual mínimo de R$ 1.412,00. Em junho, o valor necessário era de R$ 6.995,44 e correspondeu a 4,95 vezes o piso mínimo. Em julho de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.528,93 ou 4,95 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.320,00.
PREÇOS DOS PRODUTOS DA CESTA NO PARÁ (JULHO DE 2024)
Carne (1,00 kg) – R$ 36,17
Leite (1,00 l) – R$ 7,59
Feijão (1,00 kg) – R$ 6,41
Arroz (1,00 kg) – R$ 7,46
Farinha(1,00 kg) – R$ 10,94
Tomate (1,00 kg) – R$ 10,72
Pão (1,00 kg) – R$ 15,72
Café (1,00 kg) – R$ 42,92
Açúcar (1,00 kg) – R$ 6,04
Óleo (900 ml) – R$ 6,73
Manteiga (1,00 kg) – R$ 61,88
Banana (1 dúzia) – R$ 10,46
Valor total – R$ 682,39