DEMÉTRIO VECCHIOLI E ALEXANDRE ARAÚJO
PARIS, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) – Izabela da Silva ficou fora da final do lançamento de disco nos Jogos Olímpicos de Paris. A brasileira terminou a fase classificatória na 17ª colocação e revelou, após a prova, que teve uma crise de ansiedade na noite anterior e não conseguiu dormir. Teve até ânsia de vômito. E tudo isso no dia em que completou 29 anos.
“Eu não sei nem explicar, foi uma coisa diferente. Nunca tinha sentido isso na minha vida. A ansiedade, realmente, me pegou de um jeito muito forte, me dava até ânsia de vômito. Não estava conseguindo comer. Não sei o que aconteceu, simplesmente”, relatou Izabela.
Finalista em Tóquio, Izabela chegou à Olimpíada credenciada por uma boa temporada, como uma das 13 atletas que alcançaram o forte índice olímpico. Mas sentiu-se mal na noite anterior à prova.
“Eu já tive outras crises leves, inclusive eu tive na Diamond League, mas foi nem comparado com essa aqui. Nessa aqui, realmente, foi extrema. Até comentei com meus amigos sobre, eles tentaram me acalmar, mas a minha cabeça estava bombando”, disse.
Ela havia tido atendimentos com seu psicólogo pessoal, a psicóloga do COB e com um preparador mental no dia anterior, mas quando se deitou não conseguiu dormir. “Mesmo eu passando no psicólogo acho que não resolveu nada, mas agora trabalhar isso aí para chegar forte nas próximas”.
Na prova, ela não conseguiu se encontrar. “Cheguei já sabendo que eu tinha feito 65m, sabia que já estava mais fácil para mim. E eu já estava treinando bem, eu falei assim: ‘Não, vou chegar lá e vou fazer. Olhei para a linha lá na frente e falei, vou fazer hoje, mas eu errei a técnica. Meu braço estava explosivo, mas a minha técnica ali eu errei demais.”
Izabela ficou longe do seu melhor. Alcançou a melhor marca no primeira das três tentativas: 61,68m. Queimou a segunda e foi pressionada à terceira. “Você faz uma marca no primeiro e queima o segundo, meu amigo, no terceiro você tem que pensar muito. Você chega no meio do setor, você já tem que lançar, se você pensar, parar para pensar, você já errou”.
UNIFORME
Izabela ganhou visibilidade antes dos Jogos Olímpicos por reclamar do enxoval esportivo recebido da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e produzido pela Puma. Disse na ocasião que pediu roupas masculinas para competir, mas a empresa só fazia vestimentas até o tamanho M para mulheres.
Nesta sexta, ela competiu com um uniforme masculino idêntico ao utilizado por outro atleta de lançamentos, Wellington Morais, e disse que recebeu as roupas femininas da Puma um dia antes.
De acordo com Izabela, a confederação a procurou para pedir desculpas. “Às vezes as pessoas prometem muitas coisas e elas não conseguem cumprir. Mas esperamos que nas próximas eles consigam realizar isso com, não perfeição, mas com uma melhora, né? Mas eu falei que essas coisas não podem acontecer. É uma Olimpíada, né? Não é Jogos Regionais.”
Outro brasileiro envolvido em polêmica com uniforme, Fernando Ferreira, o Balotelli, pediu para só falar sobre o assunto após o fim da prova dele, neste sábado. Ele foi 17º neste primeiro dia, quando competiu as cinco primeiras modalidades das dez neste sábado,serão disputadas as provas de 110 metros com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e 1.500 metros rasos.
Já Wellington acabou eliminado no arremesso de peso. Oficialmente, ele queimou as três tentativas, mas de forma proposital. Após fazer arremessos ruins, colocou o pé na área proibida para a marcação da distância não ser feita. “Eu sei que eu podia muito mais, vim para fazer muito mais. Agora é arcar com as consequências desse desempenho ruim na minha carreira”.