O planeta vem batendo recordes de temperatura, com uma sequência de meses de calor histórico, segundo o Copernicus, que é o serviço de monitoramento climático da União Europeia. Os dados mais recentes sugerem que 2024 poderá superar 2023 como o ano mais quente desde que os registros começaram.
Um dos responsáveis pelo calor sentido atualmente é o fenômeno conhecido como El Niño, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. De acordo com José Raimundo Abreu de Sousa, meteorologista do Instituto de Meteorologia da Amazônia (Inmet), o El Niño terminou entre os meses de abril e maio, mas ainda influencia o clima amazônico porque contribui na redução das chuvas na região.
“Com isso, há quantidade reduzida de nuvens, que são reguladoras do tempo, o que resulta em pouca nebulosidade e maior temperatura”, destaca. Para se ter uma ideia do reflexo do calor na capital paraense, em julho choveu 35,9 mm, apenas 23% da média esperada de 156 mm. José Raimundo ressalta ainda que “esta foi a terceira menor média de chuvas em julho em Belém desde o ano de 1957” e que a maior temperatura de julho foi registrada no dia 20, com o termômetro marcando 35,7ºC.
De acordo com o meteorologista, o momento foi atípico porque está fora da época do El Niño, com as águas consideradas “neutras” e não mais tão aquecidas. Para agosto, a expectativa de chuvas é ainda menor, com média de 128,7 mm, com temperaturas podendo alcançar 36ºC. “Poderão ser registradas chuvas, mas com predominância de baixo índice pluviométrico. Para termos uma ideia, uma chuva pode diminuir em até 6ºC a temperatura ambiente”, explica José Raimundo sobre a influência pluviométrica na sensação térmica. A previsão de chegada do La Niña, que é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial e que tem influência nas chuvas, é para a partir de setembro.
A vendedora Vanessa Costa, 26 anos, diz que a sensação de calor na cidade está insuportável. Ela afirma ainda que toma bastante água para diminuir a sensação quente ao longo do dia. “Está sendo muito incômodo trabalhar ou ficar em casa com esse calor. Espero que o mês de agosto seja um pouco melhor quanto ao nosso clima”.
Já a autônoma Márcia Rodrigues, 54 anos, afirma que só consegue trabalhar com o ventilador ligado por perto para diminuir a sensação desconfortável. “Está todo mundo reclamando da quentura. É unânime. No horário da tarde, então, é um sofrimento. A gente fica suando”, relata.
A boieira Elcy Lacerda, 57 anos, também compartilha da mesma opinião quando o assunto é desconforto com a temperatura. Trabalhando na beira do fogão, ela diz que o calor é sofrível e que sente que a cada dia está mais quente a cidade. “Quando eu estou em casa eu tomo de quatro a cinco banhos. Com tanta quentura no ar, meus lábios ficam até ressecados”.
Por Rafael Rocha