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San Marcelo produz "Ao Mar", seu primeiro filme de animação

Imagem do animatic de “Ao Mar”, que usa o ambiente de Bragança para contar uma história de ausências, presenças e infância. Foto: Divulgação
Imagem do animatic de “Ao Mar”, que usa o ambiente de Bragança para contar uma história de ausências, presenças e infância. Foto: Divulgação

Estreia, em outubro deste ano, o curta “Ao Mar”, a primeira animação do diretor paraense San Marcelo, que assina também o roteiro. De Bragança, no nordeste do Pará, o realizador audiovisual pretende lançar o curta-metragem no dia 12 de outubro, em uma sala de exibição aberta no Dia das Crianças para celebrar a data. O projeto está em fase de dublagem e caminhando para a finalização.

Cercada por rios, praias e igarapés, a beleza da cidade bragantina inspirou o cenário da história de uma menina de 8 anos, que vive em uma área de mangue. A narrativa fala de como ela enfrenta o luto pela perda do pai, trazendo a relação dela com a mãe e os objetos que lembram o pai. O conforto da garotinha é a cadela Flora.

“Quis colocar a câmera na perspectiva da criança. Ela mora em uma área de praia próxima ao mangue e brinca com o espírito do pai próximo a uma rabeta. Pode-se tirar algumas reflexões, por exemplo, da necessidade do amor entre pai e filhos, sobretudo, das vezes que tem pai e mães ausentes, embora estejam presentes. O filme fala ainda da importância de valorizar o que temos perto da gente antes de perder”, explica San Marcelo.

Imagem do animatic de “Ao Mar”, inspirado em cenários bragantinos como o mangue. Foto: Divulgação

O diretor e roteirista diz que há algo mágico no filme, que é a relação com o imaginário. “Quando o barco some, a criança vai em busca dele e, dentro do mangue, ela encontra algumas encantarias. Tem uma canção criada pela cantora, compositora e musicoterapeuta Judite Nascimento, que também é realizadora audiovisual, que vai conduzir esse momento mágico. O bacana da animação é essa possibilidade de fazer a criança voar, andar em cima de arraia ou um caranguejo conversar com ela”, descreve.

É a primeira vez que San Marcelo faz uma animação, mas “Ao Mar” parece ser o ponto de partida para outros projetos neste formato. “Após ser finalizada a etapa de definição de storyboard e de planos, eu vi um trecho passando e me emocionei ao ver aquilo com a cara que imaginei. Me apaixonei de primeira, nunca imaginei que ao fazer animação eu teria essa reação. Não sou eu que estou desenhando ou criando, mas é incrível ver esses artistas maravilhosos transmitindo perfeitamente, com os traços deles, o que estamos pensando para os personagens. Então, é algo que eu pretendo seguir fazendo”, conta ele.

“O bacana da animação é essa possibilidade de fazer a criança voar, andar em cima de arraia ou um caranguejo conversar com ela”

A direção artística e de animação do filme é de Eliezer França. Produzido pela 87 Films, “Ao Mar” conta com a dublagem de Maria de Lourdes Nascimento como a mãe, Claudio Trindade como o pai e Carolinne Silva como a pequena Duda.

“Tudo me marcou demais no processo, em especial, o primeiro momento que eu vi o que estava no papel se transformar nesse animatic. Quando eu vi as cenas passando ali, aquele personagem que só estava no papel se transformando em uma figura animada. Olha que não tinha voz nenhuma, mas aquilo já me marcou profundamente. E naquele momento eu dizia, ‘cara, é isso que eu quero fazer’. Eu acho que quero continuar fazendo documentários, adoro ouvir histórias, adoro contar um recorte de histórias, as nossas histórias na Amazônia, as nossas peculiaridades. Fazer com que isso seja notado é importante. Mas animação são universos que você cria e tem os personagens ali que você pode colocar em várias conexões, em vários universos, em várias possibilidades”, diz, empolgado.

Para quem não está familiarizado, o animatic é um storyboard animado, ou seja, um roteiro quadro a quadro animado, que é como o esqueleto da animação.

Com roteiro e direção de San Marcelo, “Ao Mar” teve apoio da Lei Paulo Gustavo. Foto: Divulgação

Projeto está em fase de finalização

Durante as reuniões de definição estética, San Marcelo conta que queria algo que não fosse realista ou com um traço perfeito, mas que fosse algo meio borrado, o contorno dos personagens, por exemplo, quase como um storyboard. E o trabalho chegou numa estética bem interessante, segundo ele. “Essa animação vai ser em 2D e frame a frame, é um pouquinho mais trabalhoso. A gente resolveu fazer frame a frame porque eu queria que o filme tivesse uma identidade única, um traço único. Eu quero que a história chame bastante atenção pelo desenho, pelo traço, pela imagem”, diz.

“A animação é bem diferente do documentário. O documentário tem várias técnicas, modelos e possibilidades. Vão sendo criadas estratégias e métodos diferentes ou novos. No documentário, tem quem escreve antes, depois monta; tem quem vai a campo, descobre o que tem e depois monta o filme, e tem ainda quem vai montando à medida que vai descobrindo o que quer filmar. Já a animação não, a gente define tudo antes, inclusive os planos, o modo e a fala, para que a última etapa seja realmente a do desenho”, compara.

Imagem do animatic de “Ao Mar”. Foto: Divulgação

O projeto partiu de uma oficina de roteiro para curta-metragem e, num primeiro momento, o diretor pensou no projeto de live action, mas à medida em que estava trabalhando nele, percebeu que funcionaria muito bem como animação.

“Com a oportunidade dos editais da Lei Paulo Gustavo, eu apresentei o projeto para a 87 Film, que trabalha com finalização, e a gente entrou nessa parceria com a Maria de Lourdes, que entrou como produtora executiva do projeto. Ela me convidou para dirigir já que é um roteiro de minha autoria. A direção artística e de animação é do Eliezer França pela expertise de trabalhar com animação. Ele já trabalhou na criação dos personagens e agora está na fase de criação dos ambientes que vão fazer parte do filme. Eu estou na etapa de dublagem para poder caminhar na parte de finalização do projeto”, detalha San Marcelo.