O primeiro passo para quem deseja zerar as dívidas e começar um segundo semestre mais tranquilo é ter a compreensão de todas as contas pendentes. Essa organização inicial, apesar de parecer simples, é fundamental para que a pessoa dê início ao processo que poderá lhe levar a uma condição de controle do orçamento familiar.
O contador e professor de finanças, Luiz Paulo, orienta que, antes de qualquer coisa, a pessoa busque organizar em um caderno ou em uma planilha o total de dívidas que possui, quem são os fornecedores para quem ela deve, qual é a data de vencimento de cada uma dessas dívidas e qual é o valor delas. Só a partir daí é que será possível tomar decisões para reverter o cenário de endividamento.
“Ter essa visualização, essa compreensão e essa clareza do total de dívidas é fundamental porque, quando você tem uma noção real de tudo que você deve, quais são os vencimentos, quais dívidas estão vencidas e quais ainda vão vencer, você consegue olhar para as suas receitas, que pode ser o seu salário ou algum outro recebimento se você for um profissional autônomo ou um profissional liberal, e visualizar se o total de recebimentos que você tem previsto é condizente com o total de pagamentos que você tem que fazer.
Caso o total de recebimentos não seja condizente com o total de pagamentos a fazer, é chegada a hora de tomar decisões estratégicas dentro do orçamento familiar. “Você vai visualizar quais despesas você pode cortar imediatamente, principalmente despesas fixas, para realocar o recurso e pagar aquilo que está há mais tempo vencido, aquilo que tem uma taxa de juros muito alta como, por exemplo, cartão de crédito, cheque especial, empréstimos”, pontua o professor.
“Então, organizar o total de dívidas por vencimento, fornecedor e valor é o primeiro ponto para você começar a entrar na linha da organização financeira. Feito isso, você visualiza o total de previsão de receita ou de recebimentos que você tem, compreende se vai dar ou não para pagar tudo e, se não der, toma a decisão de organizar, de cortar e realocar recursos para pagar essas dívidas, além de não fazer novas”.
Luiz Paulo considera que as pessoas que não têm essa organização acabam entrando num círculo vicioso de endividamento. “Se eu não tenho gestão, não tenho controle das minhas dívidas pessoais, eu acabo cometendo mais dívidas, principalmente para quem tem limite de cartão de crédito elevado. Já tendo organização, visualização e clareza dessas dívidas, realocando recursos e cortando elas, você sai de um círculo vicioso e entra num círculo virtuoso, de sair das dívidas e passar a ter o seu dinheiro sobrando e fazendo investimentos, por exemplo”.
Quando se consegue alcançar tal objetivo, o contador reforça que é preciso seguir com a organização para que o indivíduo ou a família não acabe retornando para a condição de endividamento anterior. “Se você conversar com uma pessoa endividada, você vai perceber que o grande problema dela é a falta de organização. Então, quem estava numa linha de endividamento, conseguiu sair e entrou em uma linha de organização financeira precisa ter disciplina e manter a organização”, orienta Luiz Paulo. “O segundo ponto é trabalhar com o orçamento, anotar mensalmente quanto você ganha e quais são os gastos fixos que você tem, e quanto no final do mês pode sobrar. Essa sobra pode ser usada para gastos variáveis que você vai poder fazer, como sair com os amigos, participar de uma festa, de uma confraternização, etc”.
Além disso, o professor de finanças orienta que se mantenha uma reserva de emergência. “É muito importante dentro da organização financeira, para quem sai dessa linha do endividamento, depois que começar a sobrar um recurso financeiro, ter uma reserva de emergência. Então, montar uma reserva de emergência o suficiente para manter você por dois ou três meses é muito importante porque, se surgir uma situação inesperada, você não vai comprometer o seu orçamento”, pontua. “Muitas pessoas também se endividam por conta do surgimento de uma emergência, então, se você tiver uma reserva, você não compromete o seu orçamento, você vai utilizar o recurso para a emergência e depois você repõe isso com calma, com tranquilidade”.
PASSO A PASSO
CONFIRA COMO SAIR DO ENDIVIDAMENTO.
PRIMEIRO PASSO: ORGANIZAÇÃO.
l O contador e professor de finanças, Luiz Paulo, destaca que o primeiro passo para sair do endividamento é ter as dívidas organizadas para seja possível visualizar, compreender e ter clareza da situação.
SEGUNDO PASSO:
PLANO DE AÇÃO.
l O segundo passo é a definição de um plano de ação que deve ser estruturado a partir da organização das dívidas. A partir da adoção de um plano de ação, o indivíduo é capaz de, dentro das suas dívidas mensais, por exemplo, verificar gastos supérfluos, gastos que podem ser eliminados ou que podem ser reduzidos. “Por exemplo, se neste mês a pessoa acabou saindo cinco vezes com os amigos para comer pizza. Ela pode cortar, simplesmente, essas saídas, mas a gente sabe que o momento de interação com os amigos é importante, então, ela não precisa cortar, ela pode reduzir. Ao invés de sair cinco vezes ao mês, ela pode reduzir para três saídas. Assim ela já consegue economizar e, conseguindo economizar, ela tem no seu plano de ação a decisão estratégica de realocar esse dinheiro para pagar dívidas que ela tenha”.
TERCEIRO PASSO:
PLANO DE NEGOCIAÇÃO.
l O terceiro passo apontado pelo professor para quem está endividado é adotar um plano de ação para negociar com os credores. É o momento de ligar para o banco ou para a loja e perguntar se existe a possibilidade de pagar a dívida de forma parcelada, renegociar dívidas, renegociar taxas de juros. “Ligar para o credor mostrando a intenção de negociar a dívida é um passo fundamental e importante para quem quer sair desse círculo vicioso de endividamento. Você pode dizer que tem ciência da dívida e que quer pagar, mas que precisa de flexibilidade. Aí entra a questão da negociação, redução de juros, parcelamento, mais prazo, porque além de negociar a dívida você não pode comprometer o seu orçamento atual”, explica Luiz Paulo.
QUARTO PASSO:
RENDAS EXTRAS.
l Outro passo importante é tentar buscar rendas extras. “Por exemplo, um professor de inglês que tem um emprego em uma escola de idiomas e que acabou entrando na linha do endividamento precisa, agora, pagar essas dívidas. Esse professor precisa pensar em uma renda extra, ele pode, por exemplo, tentar buscar aulas particulares para que possa ter uma renda extra que vai ser direcionada para o pagamento das dívidas, para que ele possa ter mais tranquilidade financeira no futuro. Se ele não está tão endividado, ele passa a ter uma renda extra para fins de investimentos”.