Vitória maior que o placar
Depois do jogo, no sábado à noite, o técnico do PSC atribuiu a vitória sobre a Ponte Preta aos treinamentos da semana. Parece até óbvio, mas é assim que deve funcionar. No estilo grandiloquente de sempre, Hélio dos Anjos saudou o fato de seu time estar pronto e preparado para o jogo. Não exagerou. A vitória nasceu em consequência desse esforço de preparação.
O objetivo foi plenamente alcançado, mas não sem alguma dificuldade, causada pelos erros de passe nos primeiros minutos. Apesar desse embaraço, o PSC rondou a área da Ponte Preta, mas só criou problemas em bolas aéreas, recurso que o time sempre utilizou bem. Wanderson quase marcou de cabeça aos 14 minutos e no 2º tempo mandou uma na trave.
Na parte final da primeira etapa, o gol finalmente saiu. Lance de puro talento de Paulinho Bóia, que recebeu passe de Juan Cazares, caminhou com a bola até o centro do ataque e disparou de fora da área. Um chute certeiro e indefensável, no canto esquerdo da trave de Pedro Paulo.
A essa altura, o PSC já tinha superioridade numérica. Zé Mário, da Ponte, havia sido expulso – com incrível atraso de 15 minutos – por ter recebido dois amarelos em consequência de uma mesma falta, violentíssima, que merecia o vermelho direto.
Assim como tinha perdido chances com Wanderson antes de fazer 1 a 0, o PSC seguiu buscando mais gols. O problema é que a pontaria não estava suficientemente ajustada, o que levou Nicolas, João Vieira e Netinho – que entrou no segundo tempo – a desperdiçar boas chances.
A mais clara de todas foi nos minutos finais da partida, quando Nicolas ficou cara a cara com o goleiro e errou o chute. A bola bateu de raspão em Pedro Paulo e saiu para escanteio.
Pode-se dizer que o placar foi enganoso. O PSC, conforme palavras de seu técnico, produziu o suficiente para vencer por diferença maior. As circunstâncias deixaram o marcador passar a ideia de um jogo mais difícil do que realmente foi.
Boas atuações de Cazares, Paulinho Bóia, Wanderson e João Vieira. O Papão mostrou que segue cada vez mais calibrado na proposta de se impor aos adversários. Os 23 pontos conquistados representam a metade da meta estabelecida – 46 pontos, o limite mínimo para escapar do rebaixamento.
O próximo jogo será em Florianópolis contra o Brusque, um adversário em má fase. Esperança de mais um bom resultado, para consolidar presença no G10 da Série B.
Leão tem missão decisiva no Mangueirão
Diante do CSA, hoje à noite, no Mangueirão, o Remo abre a última tentativa de chegar à zona de classificação da Série C. Uma vitória pode colocar o time na 9ª posição, grudado ao G8.
Para superar o visitante, o Leão terá que jogar de maneira mais segura e focada do que na última apresentação. A derrota para a Ferroviária deixou marcas. Com 1 a 0 no placar, o time recuou e permitiu a virada.
Esse cenário não pode se repetir na partida com o CSA. É bem verdade que o Remo de Rodrigo Santana tem apresentado um defeito grave: acomoda-se perigosamente sempre que abre vantagem no placar.
Foi assim contra o Sampaio Corrêa e diante do Ferroviário. A preocupação em segurar o resultado se manifesta muito cedo, quando as partidas estão longe de serem decididas. Esse risco dominou as conversas da semana no Baenão, na tentativa de corrigir a falha.
O time terá o retorno do goleiro Marcelo Rangel e do ala esquerdo Raimar. Dois titulares importantes que estiveram ausentes do jogo contra a Ferroviária, e fizeram falta, principalmente Raimar.
Com a volta do ala, o ataque recupera poder de fogo pelo lado esquerdo, com participação nas ações junto à área adversária. Helder, que substituiu Raimar, não tem características de apoio ao ataque, o que enfraqueceu o potencial ofensivo da equipe.
A escolha do Mangueirão para a partida fazia parte de uma projeção de vitória ou empate contra a Ferroviária. A derrota não diminui as pretensões da diretoria, que acredita em bom público diante do CSA, algo em torno de 13 mil pagantes.
Apoio da torcida é o que o Remo mais precisa neste momento. A luta é por uma vitória que alavanque as esperanças de classificação.
Regras que servem para castigar ou ajudar
Os episódios deste fim de semana no Campeonato Brasileiro reforçam a desconfiança generalizada em relação à arbitragem. No confronto entre Flamengo e Criciúma, realizado no estádio Mané Garrincha, em Brasília, um pênalti inusitado abriu um amplo debate nas redes sociais.
De início, o árbitro foi alvejado duramente, mas a análise mais cuidadosa mostra que ele acertou em assinalar pênalti após o zagueiro do Criciúma chutar uma bola estranha ao jogo, desviando a bola que estava em posse do ataque do Flamengo.
É claro que, apesar do acerto, cabem algumas observações. Em primeiro lugar, como opinou o ex-árbitro Arnaldo Cézar Coelho, o jogo deveria ter sido paralisado antes que as duas bolas chegassem à área do Criciúma. Houve tempo suficiente para que a situação fosse notada.
Distraído ou não, o árbitro deixou que as duas bolas continuassem em jogo, o que resultou na infração cometida pelo jogador do Criciúma.
Ao mesmo tempo, fica a dúvida irrespondível: o árbitro teria agido da mesma forma caso o lance ocorresse dentro da área do Flamengo?
Uma outra jogada que gerou críticas foi o gol anulado do Cruzeiro na partida com o Palmeiras, em São Paulo. O VAR recomendou a anulação considerando suposta falta na origem do lance.
De maneira geral, os protestos têm a ver com os clubes beneficiados. Palmeiras e Flamengo são campeões em lances de interpretação duvidosa e de reversão no VAR.