Consagrado pela cultura popular, o mestre Ronaldo Silva é tema de um documentário, que está previsto para ser apresentado ao público em novembro deste ano. Para celebrar a obra e as parcerias dele ao longo de sua trajetória, será realizado, nesta quinta-feira, 18, às 20h, o evento “Baila de Havana – O Baile do Ronaldo Silva”, com convidados especiais, na Casa Apoena. Entre as atrações confirmadas estão, o grupo Ver o Brass, Márcio Jardim e Nazaré Pereira.
“Baila de Havana” é uma das músicas integrantes do novo EP de Ronaldo Silva, que está em fase de finalização. A ideia do baile é gravar também imagens do show, aproveitando as participações de algumas das pessoas que são parceiros do artista, para agregar ao documentário “Ronaldo Silva – O Tambor Ilumina”.
“A gente está celebrando os anos todos de Arraial, da minha parceria com o Allan Carvalho, com o Júnior Soares, com o Toni Soares e com todos os parceiros, tem ainda o Renato Rosas e o Renato Torres. São muitos amigos que eu tenho, pessoas que gravaram músicas minhas. A Nazaré Pereira, por exemplo, foi a primeira pessoa que gravou uma música minha. Eu devo muita gratidão aos meus parceiros, então resolvi reuní-los e fazer uma noite bonita de festa para cantar, dançar, enfim, celebrar”, conta Ronaldo Silva.
Dirigido por Felipe Cortez, que assina também o roteiro, “Ronaldo Silva – O Tambor Ilumina” remete à obra e as influências musicais que o mestre teve ao longo da sua jornada artística. Traz a relação dele com o tambor e sua importância para a cultura popular.
Ronaldo Silva diz que a cada experiência de documentar sua obra é diferente em decorrência desse olhar mais específico de quem está dirigindo e de quem fez o roteiro. “Esse documentário, a gente tenta fazer um mergulho na minha infância, dos trabalhos que eu fiz pela Pedreirinha. Traz um pouco de quando a gente foi campeão do Carnaval, no ano retrasado, que eu fui tema de escola. Tem essa coisa maravilhosa que é o Arraial, com a participação de algumas pessoas no filme. É a minha história de vida mesmo, as pessoas vão ficar sabendo um pouquinho mais”, explica ele.
Ronaldo Silva tem 37 anos à frente do Arraial do Pavulagem. Porém, a história enquanto educador social é muito anterior à instituição. “Quando começou o Arraial, eu já estava na estrada. O Arraial foi um elemento de crescimento nosso, de encontro, de amizade, de compositores parceiros. O Arraial é uma escola sem paredes. É a fonte que a gente bebe. O filme retrata o nosso trabalho, a nossa música e o nosso tambor (do Arraial e o da minha carreira solo)”.
Ele acredita que demorou um tempo para ter uma compreensão sobre o que representa a cultura popular.
“Eu acho que o que existe no Brasil é um exercício cultural constante. A cultura, para mim, é uma nave de conhecimento apresentando e superando valores, evoluindo. Então, quando eu olho dessa forma hoje, com a experiência que eu tenho, com a dedicação que eu tive, eu gosto de dizer que nós fortalecemos a cultura brasileira praticada na nossa região. E eu acho que os fazedores de cultura, dessa prática toda que assimilamos com tal, é uma contribuição para que a gente tenha um ser humano mais humano. Eu acho que o ser humano do futuro é esse ser humano que eu vejo no Arraial: as crianças chegando com os pais – nós não temos um modelo de família – mas eu me sinto à vontade de dizer que o Arraial é uma grande família, onde vem marido, vem esposa, vem os filhos. É um trabalho feito a muitas mãos, é um trabalho que traz para perto a possibilidade de compartilhamento desses saberes, desses fazeres”, analisa.