Um roteiro cultural para quem está em Belém são os passeios que podem ser feitos em galerias e salas de arte abertas neste período de veraneio. Uma delas é a exposição “Repara aí, mana! Mulheres artistas no acervo do SIMM/Secult”, recém-aberta, na sexta-feira, 12, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (Cojan). Ali pertinho, na Galeria Fidanza, no Museu de Arte Sacra, ainda é possível visitar “Juruti – Festival das Tribos” até o próximo sábado, 20. Outra proposta é seguir cidade adentro até a mostra “Levantes Amazônicos”, no Sesc Ver-o-Peso, ou “Nhe’ Porã: Memória e Transformação”, no Museu Emílio Goeldi.
Até setembro deste ano, a exposição “Repara aí, mana!” mostra a força da arte produzida por mulheres, com uma curadoria elaborada por Renata Maués junto com Nando Lima. “Desde o início do século 20, muitas das artistas mulheres não foram consideradas artistas profissionais, mas artistas amadoras. Hoje em dia, para a gente ter uma construção com uma produção bem ampla de mulheres, teve todo um percurso que não foi fácil. Mas ao mesmo tempo, quando a gente vai construindo o processo, vai percebendo que ainda dentro da coleção do Sistema de Museus e da Secretaria de Cultura do Pará, ainda existem muitas lacunas de muitas obras de artistas que não chegaram a fazer parte dessa coleção. Fomos pesquisando, fazendo o levantamento dessas mulheres e a gente percebeu que temos um número bastante expressivo, do Norte ao Sul do país”, afirma.
Algumas dessas mulheres já têm uma carreira consolidada no campo da produção artística, na questão do corpo e da sexualidade, além de trabalhos mais voltados para discussão das questões sociais. “Alguns objetos trazem uma produção mais figurativa, outra voltada para uma linha mais abstrata. Outras obras ainda trazem elementos visuais da pintura e do desenho”, acrescenta Renata Maués. Existe uma diversidade enorme de obras, de instalações, fotografias e vídeo até objetos, pinturas e desenhos. “É uma mostra da coleção do sistema de museus, constituída por mais de 70 artistas mulheres, e está sendo apresentado mais de 100 obras destas artistas”, ressalta a curadora.
Já a exposição “Juruti – Festival das Tribos”, é parte integrante das comemorações pelos 30 anos do Festribal, constituída por obras do fotógrafo Alexandre Baena, que remetem ao compromisso com a salvaguarda das tradições e a preservação do meio ambiente. “A imersão na festividade não foi apenas participar e fotografar um momento, o Festribal é o relato da cultura e história de um povo narrado de forma excepcional”, afirmou o fotógrafo em entrevista anterior. Ali é possível apreciar 14 telas que representam a força pulsante do Tribódromo de Juruti em todo seu êxtase.
Para quem vai até o Museu Goeldi, este é um último dos cinco meses da exposição “Nhe” Porã: Memória e Transformação”. Com curadoria da artista visual indígena Daiara Tukano e co-curadoria da antropóloga Majoí Gongora, “Nhe’ Porã” faz referência às palavras do bem. Um dos grandes destaques da mostra é o aspecto sensorial que cativam o espectador, objetos, imagens, artefatos e símbolos da cultura indígena também refletem o imaginário sobre as línguas indígenas do Brasil. “O conjunto da obra convida o público a refletir sobre o papel central da palavra na experiência humana e como ela é importante quando falamos em diversidade”, diz o museólogo e antropólogo Emanoel Junior, que é ainda o coordenador de Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi.