RIO (AG) – Consumir uma bebida alcoólica por dia, independente de qual seja, uma caneca de cerveja, uma taça de vinho, uma dose de vodca, pode encurtar sua expectativa de vida em aproximadamente dois meses e meio, afirma especialista.
Tim Stockwell, do Instituto Canadense de Pesquisa sobre Uso de Substâncias, disse que aqueles que bebem significativamente mais álcool – cerca de 35 doses por semana – podem reduzir a vida em dois anos.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que não existe um padrão de consumo de álcool absolutamente seguro.
As principais diretrizes definem o consumo moderado de álcool como duas doses ao dia para homens e uma dose para mulheres. Cada dose corresponde a uma lata de 350 ml de cerveja, uma taça de 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado, como vodca ou gim.
Pesquisas recentes mostraram que o consumo de álcool pode aumentar o risco de certas condições de saúde, como câncer, doenças cardíacas, pressão alta, derrame, doença hepática e muito mais, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
No ano passado, a Irlanda se tornou o primeiro país a aprovar um projeto de lei exigindo que as garrafas de álcool fossem rotuladas com advertências de saúde, enquanto o Canadá revisou suas diretrizes de saúde que recomendavam evitar o consumo de mais de duas doses por semana.
Embora se acredite há muito tempo que o vinho tinto faz bem ao coração se consumido com moderação, isso não é necessariamente verdade, pois algumas pesquisas descobriram que o oposto é verdadeiro.
“Ser capaz de beber é um sinal de que você ainda está saudável, não a causa de estar com boa saúde. Há muitas maneiras pelas quais esses estudos dão resultados falsos que são mal interpretados, como se o álcool fosse bom para você”, disse Stockwell.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, associou a presença dos aldeídos (composto químico no qual o álcool é transformado pelo fígado) no DNA com o envelhecimento precoce. Publicada na revista científica Nature Cell Biology, a pesquisa indica que os aldeídos são prejudiciais por serem altamente reativos ao DNA e proteínas.
Segundo os pesquisadores, eles bloqueiam enzimas importantes nos processos de manter e criar novas células no corpo, e por consequência, aceleram o processo de envelhecimento.
Os pesquisadores chegaram à hipótese de que poderia haver uma ligação entre os aldeídos e o envelhecimento, pois pessoas com distúrbios de envelhecimento prematuro, como a síndrome AMeD, têm atividade inadequada de enzimas como a ALDH2, que decompõe os aldeídos.
No caso dos indivíduos saudáveis, o ALDH2 também apresenta um papel indispensável na resposta à ingestão de álcool. Quando alguém bebe cerveja ou vinho, o fígado metaboliza o álcool em aldeídos para que ele possa ser facilmente eliminado pelo corpo. A atividade do ALDH2 é essencial para converter os aldeídos em uma substância não tóxica.
“Nossa pesquisa abre novos caminhos para a compreensão dos mecanismos subjacentes às doenças do envelhecimento prematuro”, afirma Yasuyoshi Oka, um dos autores do estudo, em comunicado.