Velhos conhecidos da “Sessão da Tarde” estão de volta em “Um Tira da Pesada 4”. FOTO: divulgação
Em 1984, “Um Tira da Pesada”, do diretor Martin Brest (um estreante que havia sido roteirista do “Saturday Night Live” e dirigido apenas um longa anteriormente), foi um sucesso de público, tanto no cinema quanto posteriormente na televisão (sendo muito reprisado na “Sessão da Tarde”, da Globo), por várias razões: era um filme de comédia divertido, com cenas de ação, tinha uma trilha sonora arrebatadora, além, claro, do carisma de Eddie Murphy, um astro ainda em ascensão em Hollywood.
Se não era necessariamente original, a trama funcionava galgada no personagem de Murphy, o policial malandro e inconsequente Axel Foley e o estranhamento social dele, vindo de uma cidade mais violenta, Detroit, para investigar um crime no ambiente de riquezas e futilidades de Beverly Hills. Mesmo sendo “um estranho no ninho”, Foey conseguia avançar na investigação com carisma e inteligência, em um período em que personagem negros tinham pouco protagonismo no cinema.
Depois de duas continuações bem inferiores, eis que a Netflix resolveu bancar um revival com “Um Tira da Pesada 4 – Axel Foley”, recuperando Murphy, a música original e até o casaco de colegial. É uma pena que o filme sofra por ser quase uma cópia do original, incluindo apenas alguns personagens novos (Joseph Gordon-Levitt, precisando muito recuperar a carreira) e sem muitas novidades.
É claro que o carisma de Murphy ajuda, mas é uma pena que o personagem principal seja o mesmo de 40 anos, sem nuances e evoluções, mesmo que seja incluída uma relação com a filha, que não avança em seu objetivo dramático, graças à pouca química dele com Taylour Page. Felizmente, é legal acompanhar como a cidade mudou nessas décadas, em estrutura e relações sociais.
A parte da ação, aqui, deixa evidente a falta de experiência do diretor Mark Molloy. São pouco inventivas e a montagem não favorece. As cenas são tão picotadas que confundem a atenção. Em vários momentos, é quase impossível entender o que ocorre em cena. Mesmo assim, não deixa de ser divertido para quem procura uma diversão mais descompromissada, num sábado à noite com pipoca e refrigerante. Mas nada além disso…
Nesse clima de revisitar filmes cults da década de 1980, pelo menos “Um Tira da Pesada 4” se sai melhor e tem mais qualidades que, por exemplo, “Um Príncipe em Nova York 2”, que também tem o ator, mas é ruim do início ao fim. O que já é alguma coisa.