Aline Rodrigues
Crime, caos, golpes e confusões acontecem em qualquer lugar no mundo, mas só no Brasil eles costumam ter aquela pitada de humor. E alguns deles serão recontados semanalmente no podcast “Só no Brasil”, apresentado por Pedro Duarte – jornalista, apresentador do podcast “This is Brazil” e escritor de livros como “Gastaria Tudo com Pizza” – e Victor Camejo – conhecido pelo seu trabalho no programa “A Culpa é do Cabral” e no grupo de stand up Em Pé Na Rede. A estreia ocorre hoje, 10, com dois episódios, em todos os serviços de streaming de áudio e no canal da Wondery Brasil no YouTube.
“Resolvemos pegar casos que só poderiam acontecer com o ‘jeitinho brasileiro’ de fazer as coisas, de conseguir arrumar soluções criativas. E temos os criminosos mais criativos e divertidos do Brasil nessas histórias”, comentou Victor Camejo, que ao lado do parceiro de podcast concedeu uma entrevista por videochamada exclusiva para o Você.
No primeiro episódio é contado o caso do Museu da Chácara do Céu, na cidade do Rio de Janeiro, quando as obras “Marine”, de Monet, “Dois Balcões”, de Dalí, “Jardim de Luxemburgo”, de Matisse, e “A Dança”, de Picasso, foram roubadas. O crime aconteceu em 2006, em pleno carnaval carioca, e nunca foi solucionado.
Uma das curiosidades foi o cuidado dos ladrões com uma louça antiga. “Eles tiveram o cuidado de tirar a louça de cima dos móveis de 1800 e tantos, aí subiram no móvel para pegar os quadros, e depois recolocaram a louça no lugar. Tipo assim: ‘a gente vai roubar, mas isso aqui a gente cuida’. Isso não faz sentido nenhum! Você está roubando Picasso, Monet – não desmerecendo a louça, mas a galera não tem pressa alguma (risos). Os absurdos se repetem em quase todos os casos”, falou Pedro Duarte.
Já no segundo episódio, os dois apresentadores trazem o caso do assalto a um banco que aconteceu em 2011, em plena Avenida Paulista. Nele, os criminosos invadiram a agência se passando por funcionários do prédio e conseguiram levar entre R$ 250 e R$ 500 milhões. Por não ter declarado os bens roubados à Receita, parte das vítimas não prestou queixa à polícia, fazendo com que o crime fosse revelado apenas oito dias depois do ocorrido.
Em cada episódio, Victor Camejo e Pedro Duarte vão divertir muito o público, mas sem esquecer a informação. “Temos uma equipe de pesquisa porque, como são casos reais, temos uma responsabilidade e um cuidado muito grande com dados e fatos, para a gente não falar nenhuma inverdade. Tentamos pegar, inclusive, casos que já foram julgados pela Justiça, que realmente ficou sem solução e tenta trazer, além da comédia, informações sobre o caso, como tal pessoa conseguiu dar aquele jeito, que erro ela cometeu e se ela cometeu, como seria o certo, como foi que aconteceu”, disse Camejo.
Pedro Duarte, que também é jornalista de formação, diz ser difícil fugir da realidade, até mesmo na hora de fazer humor. “É até um problema, eu acho. Fico calcado no real e não consigo ir para o absurdo. Para mim foi bem natural, eu e o Victor nos completamos como um time e a equipe faz um roteiro e tem um pessoal de pesquisa muito bacana, tem uma apuração bem forte. Então, vamos gravar muito tranquilos e na hora estamos livres e despreocupados com as informações que têm ali porque já sabe que foi tudo muito bem checado”, destacou.
O podcast também traz convidados. “Trazemos especialistas, professores de universidade para falar, profissionais para dar um respaldo em cima do caso que a gente está vendo. Apesar de ser engraçado, precisa solução para aquilo ali, explicar como deveria ser – ou a polícia errou ou alguém fez alguma coisa que não devia”, acrescentou Camejo.