Luiza Mello
O deputado federal Éder Mauro (PL-PA) indicou no orçamento da União emendas parlamentares individuais que somam cerca de R$ 5 milhões para o município de Bujaru, no nordeste do Pará. Na região, o parlamentar adquiriu em 2020, a Fazenda Bênção Divinal, alvo de processo de investigação aberto pela Polícia Civil paraense. A PC apura os detalhes da transação imobiliária, como o “aumento” no tamanho atual da área, que, após aquisição por parte do parlamentar passou a ter 335 hectares, ou 56% a mais de seu tamanho original, que era de 214 hectares.
Chamou a atenção na reportagem divulgada pela Folha de São Paulo, a proximidade da fazenda de Éder Mauro, cuja entrada está localizada na rodovia PA-140, distante cerca de seis quilômetros do local de início das obras a serem executadas, com os valores das emendas parlamentares indicadas por ele.
Voltada especificamente para a recuperação de 26 quilômetros de estradas vicinais, a obra de melhoria de acesso fica no entorno do Projeto de Assentamento Itapeva, que fica bem próximo à fazenda de Éder Mauro. Para esse trecho, o deputado indicou o valor de R$ 1 milhão para execução da obra para a Prefeitura de Bujaru.
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Com população registrada em 2020 pelo IBGE de 29.427 habitantes, o município está dentro de uma área de 990,399 km² e se caracteriza pela agricultura familiar. No município há pelo menos seis outros grandes assentamentos.
A Fazenda Bênção Divinal, de propriedade de Éder Mauro, que também é pré-candidato pelo PL a prefeito de Belém, teve seu registro original em nome Francisca Zulmira e foi “comprada” em 2018 pelo empresário Cléber Ferreira que, posteriormente, repassou o imóvel para uma contadora, que, por sua vez, havia adquirido a área numa transação com a mulher de Cléber. A investigação sobre a transação de compra e venda da fazenda apura como pode o empresário Cléber adquirir um imóvel anos após o registro em cartório do falecimento de Zulmira, que aconteceu em 2003.
Avaliada em R$ 2,8 milhões, a transação imobiliária entre Mauro e Cléber foi reduzida para a cifra de R$ 330 mil. A Polícia Civil averigua uma possível falsificação de documentos na negociação, já que inclui a assinatura de uma pessoa falecida anos antes do fechamento do negócio.
Éder Mauro ainda não é investigado. A Fazenda Bênção Divinal só apareceu em seu nome em 2020. A polícia apontou que houve falsificação da procuração, apresentada no cartório em nome de Zulmira, para realizar o negócio. O neto da mulher disse que a avó nunca teve terras na região. Pela suspeita de fraude, Cléber Ferreira chegou a ser preso temporariamente, em 2021, mas já está em liberdade. Todo o processo corre em segredo de justiça. A Folha de S.Paulo procurou o deputado Éder Mauro e sua assessoria de comunicação. Nenhuma delas se pronunciou sobre o assunto.
