Decisivo, Ronald pede passagem
Ronald foi o melhor atacante do Remo na sequência dos quatro clássicos com o PSC antes do Campeonato Brasileiro. Chegou a fazer gol na decisão do Parazão. Talvez tenha sido barrado justamente por esse motivo – vá entender a cabeça dos técnicos de futebol. Gustavo Morínigo, o comandante à época, ignorou o bom momento do ponta-esquerda e deixou ele de fora dos primeiros jogos do Remo na Série C.
Até o incrível Cachoeira teve direito à titularidade, enquanto Ronald era esquecido jogo após jogo. Morínigo saiu de cena após três derrotas nas primeiras rodadas do Brasileiro, mas a chegada de Rodrigo Santana não significou de imediato a ascensão de Ronald.
Muitos foram testados, mesmo entrando no 2º tempo, mas o ágil e velocista ponteiro continuou sem chances. Entrou duas vezes apenas, a 15 minutos do final das partidas. Para sorte do Remo, no jogo com o Caxias, segunda-feira à noite, na Serra Gaúcha, Ronald entrou a 22 minutos do fim.
Acostumado ao tempo escasso para mostrar utilidade, Ronald entrou e participou do lance do terceiro gol, com uma assistência perfeita para Jaderson. Nos instantes finais, quando era intensa a pressão do Caxias em busca do empate, ele teve o desprendimento de pressionar o goleiro Zé Carlos, roubar a bola e marcar o quarto gol azulino.
Sem dúvida, uma participação decisiva na partida que reabriu as esperanças do Remo quanto à chance de classificação – time foi a 16 pontos e ficou a dois apenas do último colocado do G8.
Ronald, mesmo seguidamente preterido pelos técnicos forasteiros, continua a ser um dos melhores atacantes do elenco, merecedor há tempos de uma oportunidade real de ser titular. No time que Rodrigo Santana vem utilizando, no 3-4-3, talvez fosse interessante experimentar Ronald na vaga de Marco Antônio, cujo desempenho está abaixo do esperado.
Argentino aumenta a cota de estrangeiros no Papão
Depois da ousadia de trazer o meia equatoriano Juan Cazares, apresentado na semana passada, o PSC anunciou mais uma negociação internacional. O alvo agora é o atacante argentino Benjamín Borasi, de 26 anos. Sua aquisição foi formalizada ontem, após negociação rápida.
Borasi já está em Belém e fez todos os exames de praxe no estádio da Curuzu. Não joga futebol desde março, mas os vídeos sobre os melhores momentos da carreira dele são empolgantes. Para quem já conta com o arisco Eslí García, a chegada de Borasi é um tempero ofensivo a mais.
Na entrevista ao site oficial do clube, ele não poupou entusiasmo. Lembrou, inclusive, a vitória do Papão sobre o Boca Juniors na Bombonera, em 2003. Seu acordo contratual vai até o fim da temporada.
Benjamín Borasi, que ultimamente defendia o São Luiz (RS) terá o nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF nos próximos dias. Depois disso, ficará à disposição da comissão técnica do clube.
Um garoto espanhol com pinta de super craque
Enquanto a Copa América se arrasta com jogos desinteressantes, incluindo aquele pavoroso Brasil x Uruguai, a Eurocopa confirma que é o principal torneio de seleções do mundo, superior à própria Copa do Mundo repleta de times zebrados do 4º mundo do futebol.
Ontem, a Espanha ratificou as boas atuações anteriores e derrotou a França, de virada, com direito ao brilho especial de um moleque de 16 anos: Lamine Yamal (Barcelona). O 1º tempo foi eletrizante. A França abriu o placar, mas os espanhóis viraram para 2 a 1, cravando lugar na final.
O gol de Kolo Muani logo aos 9 minutos não intimidou a Espanha. Yamal driblou Rabiot e mandou um chute de fora da área na gaveta, aos 21’. Olmo, outro jovem talento, marcou o segundo gol. Foi o suficiente para chegar à final, domingo, contra Holanda ou Inglaterra, que duelam hoje.
Yamal impressiona pela maturidade nas tomadas de decisão e o fino futebol que exibe em campo. Há um outro aspecto a considerar em torno do brilho dele: talvez com um ídolo negro, a fatia racista das torcidas espanholas aprenda a conter a fúria fascista e discriminatória.
Fator Textor inspira defesa de fair play financeiro
A hipocrisia dá o tom nas discussões sobre fair play financeiro, defendido por dirigentes de Flamengo e Palmeiras nas últimas semanas, motivados pelas ousadias de John Textor à frente do Botafogo. A contratação de Thiago Almada, meia-atacante campeão do mundo com a Argentina em 2022, é a maior já realizada por um clube brasileiro.
O negócio saiu por R$ 137 milhões e, desde então, irrompem na mídia esportiva os defensores do limite de gastos, supostamente preocupados com a desvantagem dos clubes menos endinheirados no momento de reforçar seus times. Preocupação que nunca existiu de verdade.
Tudo seria coerente se, nos últimos anos, Flamengo e Palmeiras não tivessem adquirido atletas caros no futebol internacional. Como o gringo louco do Botafogo entrou no mercado, os gastadores de antes agora recomendam contenção e correm para criar leis que imponham freios a Textor.
Parece piada, mas é apenas a ópera bufa do futebol no Brasil.