Pará

Pará celebra reconhecimento mundial do seu chocolate

A feira do chocolate e das flores estará aberta ao público a partir das 15h do dia 26 (quinta-feira), e nos demais dias das 14h às 22h Foto: Divulgação
A feira do chocolate e das flores estará aberta ao público a partir das 15h do dia 26 (quinta-feira), e nos demais dias das 14h às 22h Foto: Divulgação

Carol Menezes

Maior produtor de cacau do Brasil, o Pará é responsável por 51,80% da produção nacional. Para 2024, a estimativa é colocar no mercado mais de 152 mil toneladas. Portanto, neste Dia Mundial do Chocolate, 7 de julho, o estado tem muito a celebrar e segue acumulando premiações e reconhecimento inclusive internacional relacionada a qualidade da amêndoa cultivada em solo paraense. São pelo menos 31,5 mil produtores atuando em diversos municípios em diferentes regiões.

Neste ano a amêndoa de cacau produzida no município de Medicilândia, na região de influência da Transamazônica, oeste paraense, foi reconhecida entre as melhores do planeta, durante a premiação Cocoa of Excellence Awards (Cacau de Excelência), realizada em fevereiro, na Holanda. O casal de produtores paraenses Mirian Fredericci e Leomar Vieira participaram da programação com o apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), do governo estadual.

Eles participam ainda do projeto Sustenta e Inova desde o fim de 2023, sendo uma das 250 famílias beneficiadas pela iniciativa, que tem como objetivo desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras.

O plantio do cacau é tradição na família de Mirian, os pais dela, sendo o pai já falecido, cultivaram juntos por muitos anos e até hoje a mãe segue na ativa. Por se encaixarem no perfil da agricultura familiar, ela e o marido contam apenas com apoio de diaristas para dar conta de tanto trabalho.

Ela conta que começou a participar do concurso nacional de melhor amêndoa ainda em 2022, quando ganhou o segundo lugar na categoria varietal com uma amostra do Alvorada 1. “Valia vaga para a disputa internacional e recebemos agora em 2024 a medalha de ouro este ano em Amsterdam (Holanda), e em 2023 novamente no nacional ficamos com a prata, só que com outra amostra também do tipo varietal, o Alvorada 3”, orgulha-se Mirian.

Para ela, o reconhecimento reafirma o amor que ela e sua família possuem pelo trabalho com a cultura do cacau. “É preciso muito amor e dedicação para obter o melhor fruto”, garante a produtora, que relata contar com apoio de profissionais da Agronomia enviados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap). “Temos ainda um acompanhamento com equipe da Nestlé, que vem aqui uma vez por mês e orientam o que precisa mudar, melhorar”, revela.

Mirian reforça que o chocolate só pode vir de uma amêndoa de qualidade, e ainda que Medicilândia já está se tornando uma referência neste aspecto. “Com tudo isso o produto final acaba sendo de grande qualidade, que acaba conquistando o público. A gente tem um tipo, que é o intenso, que é até mais preferido do que os outros mais doces. O Pará, Medicilândia ainda vão nos surpreender, não só com a melhor amêndoa, acho que teremos em breve o melhor chocolate”, antecipa ela.

Já o chocolatier Fabio Sicília trabalha com o cacau produzido no Pará desde 2004. “Me rebelei ao tomar consciência de que o cacau é autóctone da Amazônia, ou seja é nosso, e ninguém estava produzindo chocolate na Amazônia brasileira. Foi quando decidi que faríamos os melhores chocolates finos para nos representar no mundo”, conta.

E vem dando certo. Só este ano o chocolate branco de cupuaçu da Gaudens, marca criada por Sicília, levou o selo bronze da Academy of Chocolate de Londres, das mais importantes do ramo de chocolates finos.

Ele defende o cacau amazônico como mais rico devido a complexidade, riqueza e diversidade de nossa floresta, além de uma biodiversidade que lhe permite colocar toda sua potência criativa em prática. Seus fornecedores são principalmente de Medicilandia, Uruará, Brasil Novo, Castanhal, Barcarena e Moju, dentre outros.

“Produtos bons e ruins existem em todos os lugares, mas no Pará predomina o cacau de excelente qualidade, devido a solo, clima, genética das plantas e a habilidade de nossos produtores – o famoso terroir. Tem identidade. Temos uma diversidade de microrregiões que nos garante produzir chocolate como europeus produzem vinhos: cada área gera uma identidade única a cada chocolate produzido. E temos a possibilidade de especializar nosso cacau com mais diversidade, só no Pará, que a Europa com seus vinhos”, finaliza o chocolatier.