JOSÉ MARQUES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os réus sob acusação de assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) indicaram 67 testemunhas para serem ouvidas na ação penal que respondem no STF (Supremo Tribunal Federal). A lista inclui políticos como o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
As relações de testemunhas foram apresentadas pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do crime, e também pelo delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, acusado de auxiliar no planejamento do crime.
Eles enviaram os pedidos ao Supremo em defesas prévias apresentadas nos últimos dias. Domingos Brazão indicou 30 testemunhas e Chiquinho 29, enquanto Rivaldo mencionou 17. Algumas delas, porém, estão repetidas.
Domingos, que é conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio de Janeiro, relaciona Cunha e também o deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ).
Já Chiquinho, que é deputado federal pelo Rio e está sem partido, menciona Eduardo Paes e os deputados Reimont (PT-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ).
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, definirá quais testemunhas de fato serão ouvidas no caso.
Nesta quarta (3), Moraes manteve a prisão preventiva dos Brazão e de Rivaldo e negou um pedido de Domingos para ser transferido a uma prisão especial ou sala de estado-maior.
No último dia 18, a Primeira Turma do Supremo decidiu tornar os três réus, assim como os policiais militares Robson Claixto, o Peixe, e Ronald Pereira -esses dois também sob acusação de auxiliarem no planejamento do crime.
Os cinco se tornaram réus sob acusação de homicídio de Marielle e seu motorista Anderson Gomes e a tentativa de assassinato contra a assessora que estava no carro e sobreviveu.
Eles também respondem pela suposta constituição de organização criminosa para a grilagem de terras com o apoio de milícias -Rivaldo não é acusado por este último crime.
O voto de Alexandre de Moraes, relator do caso, foi acompanhado por todos os demais quatro componentes do colegiado.
Moraes foi o responsável por homologar o acordo de colaboração firmada de Ronnie Lessa, executor confesso do crime. A delação premiada do ex-PM é a base para a acusação feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Segundo a Procuradoria, os irmãos Brazão decidiram matar a vereadora para impedir que ela continuasse a prejudicar os interesses da família em práticas de grilagem de terras. O crime seria, segundo a denúncia, o ápice das desavenças entre a família e integrantes do PSOL.