André Barcinski
FOLHAPRESS/PARATY, RJ
A banda CPM 22 entra em seu trigésimo ano de existência com um disco novo, “Enfrente”, o primeiro desde “Suor e Sacrifício”, de 2017, e faz um show de lançamento em São Paulo na Audio, em 13 de julho, Dia Mundial do Rock. “É um disco muito importante para a gente”, diz o vocalista Badauí, 48 anos.
“Começamos a pensar nesse disco lá atrás, em 2019, mas aí veio a pandemia e paramos tudo. Em 2022 começamos a compor para valer. A ideia central do disco surgiu durante a pandemia, mas 70% do disco foi composto depois”. Além de Badauí, a formação atual da banda tem os guitarristas Luciano Garcia e Phil Fargnoli, o baixista Ali Zaher e o baterista Daniel Siqueira.
O CPM 22 surgiu em Barueri, em 1995, fazendo um punk rock com influência de bandas californianas como Bad Religion, Offspring e Adolescents, e desde então vem ganhando fãs que se identificam com as letras pessoais e as mensagens da banda.
“Nós escrevemos sobre coisas que acontecem na nossa vida”, diz o vocalista, “Mas as letras podem servir para qualquer pessoa. É incrível como uma experiência pessoal sua pode refletir na vida de outras pessoas. Às vezes, alguém pode estar ouvindo uma letra que escrevi 15 ou 20 anos atrás, mas a pessoa está passando por algo naquele momento e se identifica com ela”.
“Enfrente” é um disco marcado pela pandemia. “Acho que a pandemia acabou, mas ela ainda não saiu de dentro de nós”, afirma Badauí, “Ainda estamos lidando com as consequências dela, com as marcas que ela deixou”.
A banda gravou a canção “O Ano em que a Terra Parou”, que diz: “Treze de abril / Saí de casa e não vi ninguém / A cidade estava mais cinza que o normal / Nem precisamos mais riscar os ‘x’ no calendário”. “Esse disco fala sobre coisas pesadas e marcantes, mas também traz bastante esperança de que a gente possa aprender com o que aconteceu”, diz o cantor.
Outro tema bastante presente no novo trabalho é a influência das redes sociais no comportamento da sociedade. “Covarde Digital” é uma paulada de 80 segundos feita por Badauí em parceria com Luciano Garcia. A canção é um recado para aqueles que se escondem atrás das redes sociais para propagar o ódio: “Acorda com raiva do mundo / Disposto a jogar gasolina no fogo”.
Badauí diz que o CPM tem a mesma idade da internet no Brasil. “É inegável que hoje as coisas mudaram, e a indústria da música também. Não ganhamos quase nada com execução, as plataformas digitais pagam muito pouco. O que nos mantém é o público, que ainda lota nossos shows.”
O que a internet também causou, segundo ele, foi uma mudança nos hábitos dos fãs de música: “Sinto que a galera mais jovem consome música aos pedaços. É muito raro ver uma molecada que ouve discos inteiros, o pessoal costuma ouvir singles, ou só uns trechos de algumas músicas.”
Mesmo assim, o CPM 22 continua lançando discos não apenas em CD, mas também em vinil. “E só não lançamos em fita cassete porque é muito caro!”, brinca Badauí. “Quando eu morrer, o que vai ficar é o disco inteiro, não o single. Penso no que é legal para o nosso legado. Temos uma história e lançamos muitos discos bons, temos um público grande que já sustenta a banda na estrada. Isso é motivo de muito orgulho.”